*Por Brunna Condini
No Paredão formado nesta quinta-feira (23) entre Fred Nicácio, Domitila Barros e Gustavo Benedetii. A próxima eliminação acontece neste sábado (25) e o parceiro de Key Alves tem liderado as enquetes que apontam quem vai sair da casa. Em meio à polêmica de intolerância religiosa em relação a Nicácio, nas redes o fazendeiro tem sido relacionado a um ‘jogo sujo’, cheio de intrigas e contradições em sua trajetória. Mas por que Gustavo, que acredita estar ‘abafando’ com sua dupla, não tem agradado? “Enquanto ele era apenas o caipira que formou um par improvável com uma atleta, era considerado uma figura ‘folclórica’ no programa. No momento, contudo, em que se revelou um bom articulador junto com Key, obviamente passou a catalisar a antipatia daqueles que preferem as vítimas aos manipuladores dentro do BBB. Esta é a tendência do BBB: perseguidos têm mais simpatia do que perseguidores”, analisa Maria Rafart, psicóloga e espectadora atenta do reality. Gustavo tem sido apontado como ‘duas caras’ e ‘traíra’ até com alguns aliados, e como nós por aqui, gostamos é de pensar junto sobre os temas que a atração joga na roda, convidamos você, leitor, a refletir mais uma vez: é possível que a lealdade nas relações resista a um jogo deste tipo? O que é considerado traição ali?
Antes de mais nada é preciso lembrar que lealdade, dentro ou fora de um jogo, costuma ser fundamentalmente uma questão de princípios. Portanto, ser leal em um reality pode se aplicar à fidelidade aos acordos e alianças. Até que mudem. Ou não. Mas e quando os pactos não se rompem declaradamente e o aliado em questão começa a falar do jogo e das atitudes do até então parceiro, pelas costas, como isso se chama? “A ‘trairagem’ apontada no BBB e que incomoda tanto o público, é basicamente fingir-se de amigo sem sê-lo. Apesar de boas, as tramas de fofocas e de sementes de mentiras plantadas são mal vistas, pois o reality, antes de tudo, é um jogo de julgamento moral. Décadas de programa foram mudando as expectativas e simpatias do público, e hoje em dia, quem joga mais limpo, de peito aberto, tem mais chances do que os articuladores”.
E opina: “A lealdade de um reality acontece até a página dois, no máximo a página três, pois é um jogo individual e uma hora você tem que dizer: “antes a sua mãe chorar, do que a minha”. Mas até este ponto de impossibilidade de ser parceiro, é possível, sim, ser leal”.
Por um fio
Com atitudes que beiram à infantilidade – como quando disse que “continuaria batendo a porta do quarto” que dorme, porque outros participantes também batiam e o acordavam -, falas problemáticas que deixaram preconceitos no ar e um comportamento de macho alfa cobiçado, que já estimulou uma certa rivalidade feminina no reality, Gustavo também costuma falar mal tanto de oponentes, quanto de aliados, ninguém é poupado.
Aliás, tanto ele, quanto Key: o casal se completa bem no quesito. Será que esqueceram das câmeras? Ou são mesmo do tipo zero autocrítica? O público até perdoa erros, aprecia redenções, mas têm tido baixa resistência para comportamentos pouco empáticos e desleais. Tanto é que Cristian, mesmo com trajetória controversa dentro do jogo e um admitido ‘jogo duplo’, foi considerado menos ‘traidor’ pelos internautas que acompanham de perto o reality, do que Gustavo e Key, que sabiam dos planos de Cristian e o jogaram-no ‘aos lobos’. “O que falta a alguns jogadores desta edição é a ‘quebra da quarta parede’, ou seja, falar com o público para mostrar a sua intenção no momento em que algumas atitudes duvidosas são tomadas. Isto amenizaria muito as impopularidades e inclusive teria salvado Cris de sua saída no Paredão passado. O BBB é um jogo de dois tipos de julgamentos: o dos demais participantes e o do público. Você precisa falar com os dois o tempo inteiro, senão a sua narrativa não cola”, aponta Rafart.
A decisão do Paredão vai mostrar a resposta do público votante no BBB, que ainda acha que vale a pena se engajar em uma edição que tem empolgado pouco. Caso o caubói fique, pelos que as enquetes apontam, será por muito pouco. Mas ele vai continuar por um fio, a não ser que comece a jogar verdadeiramente, encarando abertamente adversários e articulando com aliados, em prol do bom combate, sem a tentação dos comentários maldosos constantes para descredibilizar o oponente. Até por que quando falamos mal dos outros, isso é muito mais sobre nós do que qualquer outra coisa.
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