*por Vítor Antunes
Mariana Santos esteve por anos em sua carreira, linkada à dramaturgia de humor na TV. A atriz participou de programas como o “Zorra Total“, e mais tarde, no “Zorra” , outra versão do mesmo programa. A primeira novela foi em 2017, quando viveu a vilã cômica Maria Pia de “Pega Pega“. De lá para cá, ela engatou vários trabalhos no segmento e, agora, vem como a protagonista de “Elas por Elas“, vivendo aquela que talvez seja a mais complexa das personagens da trama: a de uma mulher que amargurou-se em face da morte, em condições suspeitas, do irmão, Bruno (Luan Argollo). “A dramaturgia me proporcionou isso, né? Trabalhar com as duas opções, nesse limite do drama e da comédia. É uma dramédia. Então, a personagem, ela tem momentos muito dramáticos. É um papel bem profundo, bem complexo”.
Na novela escrita por Alessandro Marson e Thereza Falcão, Natália convive com o luto, ante a partida de Bruno. Segundo fala a professora Ângela Seger, da Escola de Ciências da Saúde e da Vida do Núcleo de Apoio Psicossocial da PUC-RS, “o luto se manifesta por meio de uma série de reações que envolvem respostas emocionais (sentimentos de tristeza, culpa, raiva, autocensura, ansiedade, saudade), cognitivas (pensamentos de descrença, confusão, preocupação) e comportamentais (distúrbios do sono, do apetite, isolamento social, agitação, choro, evitação de lembranças). Essas manifestações são reações naturais e esperadas, e esse processo precisa ser vivido para que as transformações necessárias sejam efetivadas”.
Ainda segundo ela, como forma de amenizar o luto, “o sofrimento desencadeado pode levar ao uso de respostas não adaptativas e à busca de estratégias pouco saudáveis. A identificação e realização de atividades que gerem bem-estar e satisfação podem ser utilizadas e incrementadas conforme o interesse do enlutado”. Natália, por sua vez não convive bem com a perda do irmão, mesmo 20 anos após sua partida e atribui a morte dele a uma das amigas.
“Elas por Elas” estreou nesta semana e teve uma boa receptividade junto ao público. A despeito da abertura da trama que não foi bem avaliada – já que a original é tida como uma das mais inventivas da história da TV. Porém, louva-se o esforço da Globo em colocar na equipe criativa da vinheta, apenas mulheres. Aliás, “Elas por Elas” é uma das tramas da emissora que mais tem mulheres trabalhando em suas frentes.
NOVOS/NOVAS
Uma nova atriz, um novo estilo, uma nova novela. Assim seria possível resumir a aparição de Mariana Santos na trama das 18h. Ela, que não estava previamente escalada, faz o papel que caberia à Monica Iozzi, que deixou a novela por motivos de saúde. E ela dá vida à Natália – papel equivalente ao de Joanna Fomm, na primeira versão. A personagem é mais sombria, tóxica, ainda que tenha alguma graça. “Tá sendo maravilhoso vivê-la, também pelo fato de ela ter uma perspectiva de humor, um humor pessoal. Da tragédia a gente pode tirar um pouco de humor. E o humor também é trágico, então pra mim está tudo o meio que conectado”.
Eu acho que essa personagem transita em vários mundos, na luz e na sombra, quando fala de assuntos muito difíceis, de saúde mental, de coisas bem complicadas, e tem um pouco de loucura também. Nessa profissão qualquer personagem é um desafio – Mariana Santos
Ainda que esteja fazendo um remake, as diferenças entre as obras podem ter sido cruciais para Mariana optar por não ver a obra original. “Tenho lembrança da música, de algumas coisas, da minha família assistindo na sala. Mas eu não assisti agora, justamente para não influenciar nada, para a gente partir de uma nova história”. Uma novela que tem mulher no título, uma autora, uma diretora, sete protagonistas e uma equipe majoritariamente feminina. Qual a importância dessa representatividade? “Esse multiprotagonismo é incrível. São mulheres, atrizes maravilhosas, e das quais eu tenho muito orgulho. É muito emocionante estar contracenando com elas, e vivendo esse momento. Muitas já são minhas amigas há muitos anos. Esse é um momento muito especial. É isso que me dá muita emoção”.
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