*Por Karina Kuperman
“Ter um espaço de curadoria de cultura nesse momento é um ato revolucionário de de amor”, analisa Maytê Piragibe sobre o Canal Like, que nasceu, em 2018, sob o lema ‘a gente recomenda, você curte’ e com a proposta de promover conteúdos da TV e do cinema e falar com o público apaixonado por cultura pop nas suas mais variadas formas: filmes, músicas, séries, documentários, esportes, gastronomia, animação e estilo de vida. Dividindo a apresentação com Hugo Bonemer, Maytê já está no projeto desde que o canal era um embrião.
“Saí da Record há dois anos e já estava envolvida com o piloto do canal Like, eu e Hugo ajudamos a formatar todo o canal. Um ano antes de ele ir ao ar tivemos muitas reuniões, pilotos, correndo atrás de patrocínio, viabilizando o projeto. Fico honrada de colher os frutos, ele está crescendo muito, graças a Deus, mas foram quatro anos de muita dedicação. Antes disso, eu fiquei 12 anos na Record, participei do ‘Dancing Brasil’, ganhei a competição, e foi tudo orgânico para essa transformação e retomada como apresentadora”, diz ela, que também já integrou a equipe de apresentadores da Rede Globo e chegou a apresentar, por dois anos, o TV Globinho.
O Like surgiu com a ideia de ser uma fonte de consulta para tudo o que acontece no mercado audiovisual e do entretenimento. A curadoria reúne filmes em cartaz ou disponíveis na programação da TV e nos serviços on demand, séries recém-lançadas, premiações mais aguardadas e comentadas do mundo até os festivais alternativos e conteúdo infantil. É uma espécie da agenda da programação, mas também tem seu próprio conteúdo, com direito a bastidores do universo do entretenimento, visitas a sets e muito mais. “Eu tenho o melhor emprego do mundo, porque sou obrigada a assistir tudo: o máximo de conteúdo que eu puder. E há uma cumplicidade total com Hugo e com o espectador. A forma de viabilizar a apresentação de um canal inteiro foi através de pequenos programas, curtos, de 2 a 5 minutos, dez no máximo”, explica.
“É um canal inclusivo e investigativo para, de fato, levar o melhor do que está acontecendo em festivais, premiações, filmografias de cineastas e atores, o que está em cartaz e o que vai entrar, eventos de todos os tipos. É um serviço à cultura e uma forma de honrar a minha raiz, que é a arte, com a qual eu trabalho desde os quatro anos de idade. O Like compartilha a relevância da cultura com pluralidade”, define ela, que é só elogios ao parceiro de canal: “Eu aprendo demais com o Hugo. Desde o início do projeto nós dois tivemos muita sintonia e isso faz toda diferença para a química na tela. Nos divertimos, estudamos, brincamos e falamos sério. Ele é extremamente inteligente, rápido, audacioso, eu o admiro e ele me inspira. Viramos amigos!”, conta.
Mesmo com tanta dedicação à nova função, ela não deixou a atuação de lado. “Fico muito feliz porque o Like dá essa flexibilidade”, comenta. Maytê, aliás, está na segunda temporada de “Homens?”, primeira série brasileira da Amazon. “Fiz a primeira temporada e, agora, a minha personagem, Raquel, cresceu. Foi bem legal, porque rodamos a série no meio da viagem para o Emmy, que o Porta dos Fundos ganhou. Além disso, a comédia é um gênero novo para mim”, comemora.
Sua personagem é, como a própria intérprete define, “a junção de todas as mulheres escrotas do mundo”. “A Raquel é machista, preconceituosa, gordofóbica, racista, tem um pensamento muito grosseiro. Ela fala atrocidades e é um desafio viver uma personagem que é completamente meu oposto”, analisa Maytê. “Não é um lugar fácil… a Raquel é intensa. Mas foi incrível. Vi o (Fábio) Porchat rindo durante as gravações, essa foi a medida do termômetro: fazer e ver a equipe rindo junto”, conta.
De fato, “Homens?” aborda a visão masculina em uma era de feminismo aflorado. “A série aprofunda esse universo masculino, mas embrenhados nessa nova fase – graças a Deus – da potencialidade feminina. E como eles têm de se adequar, lidar, aprender e reaprender a se colocar, porque estamos falando de valores machistas de uma sociedade ainda muito presentes. A relação do machismo e patriarcado nessa linha estrutural agressiva contra as mulheres tem muitas nuances, violência, histórias, objetificação e aprisionamento da mulher”, comenta Maytê. Ela acredita que toda mulher nasce feminista. “Se você vota, quer ter liberdade de expressão, autonomia de ir e vir, você é feminista. É um ser que acredita na equidade entre homens e mulheres. Mas acredito em um caminho neutro, sem bandeiras, com diálogo, respeito, harmonização e paz. É óbvio que em determinados momentos temos que nos posicionar com lugar de fala, e cada um vai ter uma forma de expressar isso. Honro a trajetória de cada mulher, respeito a militância de todas, mas a minha ideologia é um caminho de amor, carinho, afeto, respeito. É falar de projetos, soluções, cultura, o que importa verdadeiramente”, define.
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