O canal Fox exibe nesta próxima terça-feira (29/4), às 2315h (parece horário de partida de trem na Victoria Station, em Londres) o episódio final da primeira temporada de “Sleepy Hollow”, a série sobrenatural que transporta a lenda do Cavaleiro Sem Cabeça para os dias atuais. Na atração, o clássico personagem da novela de Washington Irving ressuscita dois séculos e meio depois, assim como seu antagonista, o mocinho Ichabod Crane, interpretado por um misto de Jesus Cristo Superstar com astro de rock new romantic, com levada de Duran Duran – o ator Tom Mison, de “Amor Impossível”. Bonitão, mas meio estranho, com cara de quem sofre de TOC, ainda mais porque mantém o figurino do Século XVIII em meio ao mundo contemporâneo, o que leva a uma pergunta: por que, diabos, uma criatura que desperta 250 anos depois do seu tempo vai fazer questão de não se inserir na sociedade na qual despertou, mantendo um visual retrô? Antissocial? Saudade? Mison, inglês de 32 anos, também é escritor e começou a carreira há relativamente pouco tempo, em 2004, no teatro.
Sucesso do canal – que já encomendou a segunda temporada, garantindo a continuidade da série –, o programa teve a melhor estréia dramática da emissora em uma fall season (entre setembro e outubro) desde 2006, provando que os telespectadores estão mesmo a fim de perder a cabeça. Só não precisava ser na base da foice ou espada. Produzido por Alex Kurtzman (Hawaii Five-0) e Roberto Orci (Fringe), a mesma dupla responsável por renovar a franquia “Star Trek” no cinemão (junto com J. J. Abrams), o seriado segue a levada da fantasia sobrenatural que tanto faz sucesso na tevê atual, desde “Arquivo X” e “Buffy, a caça-vampiros” nos anos 1990. Mas, claro, como ninguém é de ferro, mistura as estações no sentido de cativar platéias. Além do famigerado assassino descabeçado e de bruxas, surgem associações com os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, maçonaria, figuras do além e regressões no tempo, provando que a cidadezinha de Sleepy Hollow é tão agitada quanto a Brasília das maracutaias-fantasma.
Mas, apesar da salada de frutas, a série pegou, tanto que terá a segunda temporada. Afinal, os executivos das emissoras norte-americanas são mais implacáveis do que Jason ou Freddy Kruger, quanto mais o vilão de “Sleepy Hollow” e, se os números não colaborarem, são eles quem pega a foice e corta a cabeça de todos os envolvidos, mandando sem pudor algum todos para a cova rasa. Mas, nesse caso, com o capítulo-piloto sendo assistido, nos EUA, por 10,1 milhões de telespectadores, a Fox não vai deixar tão cedo ninguém voltar para o além.
Mas, apesar de todo o sucesso, a comparação do protagonista com a caracterização criada por Johnny Depp para o mesmo personagem em “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça” (Sleepy Hollow, de Tim Burton, Paramount, 1999) é inevitável. A todo o momento, tem-se a sensação que as expressões caricatas do tipo imortalizado por Depp em Hollywood vão surgir nas feições de Mison, constante motivo de distração para certo contingente de fãs.
A nova temporada estreia nos Estados Unidos em setembro e terá 13 episódios, assim como a primeira. Confira o capítulo final desta nesta terça-feira, às 2315h, na Fox.
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