Sabe toda aquela teoria e história sobre a época de ouro do rádio e o aparecimento da televisão no Brasil? De um forma romanceada, esse é o enredo da minissérie da Globo “Nada Será Como Antes”, que estreou no fim do mês passado. Na pele do protagonista Saulo, Murilo Benício disse que este trabalho é uma homenagem a todos os envolvidos no processo televisivo. “A gente tem um carinho enorme por essa minissérie porque é um enredo que fala do que a gente faz. Não é uma série biográfica, o que, para mim, faz dela ainda mais gostosa de interpretar por não termos uma obrigação histórica a seguir. Ela é inspirada nesse universo que existia antes da televisão e tem esse charme de poder reunir diversos personagens, experiências e históricas em apenas um homem, que é o Saulo. Eu acho que é uma homenagem às pessoas que criaram a televisão naquela época e aos que a mantém viva até hoje”, disse.
Na missão de nortear a trama, Murilo Benício nos contou que seu personagem tem o amor e o trabalho como dedicações diárias. “Ele é um visionário que começa a série vendendo aparelhos de rádio pelo Brasil inteiro e depois se torna o fundador da TV Guanabara, a pioneira no Brasil. Em uma dessas cidades pela qual ele passa, ele fica apaixonado por uma voz e vai até a rádio local conhecer a dona dela. Depois que ele descobre quem é a mulher, que é a Verônica (Débora Falabella), ele se apaixona por ela e quer levá-la para o Rio de Janeiro para que se torne atriz de tevê”, revelou sobre o trabalho que terá uma combinação de dramas, humor e histórias reais. “A série não fica só no engraçado. Ela tem um coração pulsante o tempo inteiro e não é rasa. Ao mesmo tempo que tem humor, o enredo é profundo. Nós estamos muito orgulhosos do trabalho que fizemos”, completou.
Se na ficção o par romântico de Murilo é interpretado por Débora Falabella, fora das telinhas o panorama não é diferente. Juntos há quatro anos, o casal volta a contracenar em “Nada Será Como Antes” depois do sucesso de “Avenida Brasil” em 2012. Fã do trabalho da companheira, Murilo Benício disse que a escolha pelo casal para protagonizar a série foi ótima e peça chave para o resultado final da trama. “Foi um acerto incrível do Zé (José Luiz Villamarim). A gente estudou muito juntos e foi ainda melhor porque já existia uma admiração mútua entre mim e ela profissionalmente e pessoalmente. Em casa, nós treinávamos cada frase e chegávamos para gravar com quase tudo pronto. Nós não perdíamos tempo na hora do set, o que foi essencial. Eu acho que, sem o Zé saber, ele fez um grande investimento nesse convite”, argumentou.
Já que na minissérie de Guel Arraes e Jorge Furtado a transição do rádio para televisão é o pano e fundo das histórias e dramas da ficção, continuemos no progresso tecnológico. Hoje, mais de 60 anos depois do surgimento e consagração da telinha, o veículo passa por uma nova etapa. Com o avanço da tecnologia, a popularização da internet e a falta de tempo da sociedade contemporânea, a prática televisiva não é mais a mesma. Em função da correria do dia-a-dia, a parcela da população que para em determinado horário para ficar uma hora acompanhando uma novela, por exemplo, cai a cada dia. Para contornar essa situação e continuar garantindo o entretenimento, as séries e minisséries têm sido uma alternativa. Sobre o atual panorama da televisão brasileiro, Murilo Benício diz que enxerga com naturalidade as mudanças sofridas pelo veículo com o passar dos anos. “Eu acho que a gente vive um outro mundo e que temos que entender qual a nossa realidade deste momento. Hoje, as plataformas de entretenimento são diferentes. O público não precisa mais necessariamente ligar a televisão na hora da novela, existem as séries e o computador. Na minha opinião, a televisão tem que acompanhar esses avanços, assim como a Globo está fazendo. Nossa realidade não é mais aquela hegemonia das novelas, as séries são o futuro. A gente tem que tentar se modernizar e fazer programações diferentes para conseguir acompanhar a vida do espectador”, opinou.
Assim como a televisão passa por um novo momento, a vida de Murilo Benício também. Depois de colecionar personagens de sucesso, o ator disse que, nesta fase da carreira, está preferindo se dedicar a novos desafios e a trabalhos que possam enriquecer a vida pessoal e profissional. “Hoje em dia, eu prefiro escolher participar de um projeto que seja mais importante e tenha mais qualidade para mim e para a minha profissão a estar em um trabalho que será assistido por milhões de pessoas. Para mim, isso significa subir um degrau a mais na minha carreira, em oposição a fazer um trabalho similar a algo que eu tenha feito no passado só porque irá atingir mais gente. Eu acho que nós precisamos alimentar mais a nossa alma. E, se nós não formos para o novo, daqui a pouco ficamos estagnados e correndo o risco de perder a vontade de estar na profissão”, disse o ator Murilo Benício que já está há mais de 20 anos na Globo.
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