O ano de 2017 será bastante agitado para Antônio Calloni. O ator, que acaba de completar 55 anos e instigou o público com seu Antenor, na série “Justiça”, volta à telinha da Globo com mais um personagem forte. Desta vez, ele embarca nas emoções do esquentado e ao mesmo tempo amoroso Halim, de “Dois Irmãos”. O folhetim se trata de um drama familiar inspirado na obra homônima de Milton Hatoum, adaptada por Maria Camargo e com direção de Luiz Fernando Carvalho. Na trama dividida em três fases, Calloni será um homem completamente apaixonado por Zana (Gabriella Mustafá/ Juliana Paes/ Eliane Giardini), sua mulher, que, no entanto, começa a perder o equilíbrio após a chegada dos gêmeos Omar (Enrico Rocha/ Matheus Abreu/ Cauã Reymond) e Yaqub (Lorenzo Rocha/ Matheus Abreu/ Cauã Reymond). Com pinta de vilão, o personagem promete levantar questionamentos sobre a linha tênue entre o amor de marido e mulher com a interferência dos filhos.
“É um homem apaixonado e apaixonante. Ele vive basicamente para amar essa mulher. O problema é que ele nunca teve o desejo de ter filhos, porque ele acha que eles atrapalham, e, de fato, isso vai gerar um conflito. Ele é extremamente amoroso, mas pode ser de uma violência brutal, como mostram algumas cenas com os filhos. O tom dele é de mar calmo, mas tem algumas cenas que são de extrema violência. O público vai ficar um pouco impactado. Na preparação, deu para sentir o calor dessa família, é uma família quente e isso passa na série”, adiantou ele.
Antônio viverá um relacionamento tórrido com a personagem de Juliana Paes. Casados na trama, os atores estarão juntos na segunda fase da história, que se passa na década de 20, quando a efervescência dos portos de Manaus construíam os alicerces da cultura local. Em cena, os dois se casam, dando início a uma relação intensa e bastante sexual. “A Juliana é uma companheira absolutamente fantástica. Fez uma Zana com um talento maravilhoso. Foi um prazer gigantesco trabalhar com ela e tivemos disponibilidade total”, vibrou Calloni sobre a colega de trabalho, por quem será absolutamente apaixonado na ficção. “Halim faz tudo pelo prazer, para ter uma vida prazerosa com os amigos e com a mulher dele. Quer ter uma vida simples, nunca se preocupou em enriquecer, por exemplo”, explicou o ator sobre seu personagem.
Porém, se o amor fica evidente nas cenas entre marido e mulher, o mesmo não será visto na relação de pai e filhos – com os gêmeos Omar e Yaqub e Rânia (Raphaela Miguel/ Letícia Almeida/ Bruna Caram). “Ele é um personagem que não segue uma linha. Então, ao mesmo tempo que ele é extremamente agressivo e rejeita esses filhos, existe um amor profundo. Apesar de nunca ter sonhado em ter filhos, Halim vibra com as conquistas e também oferece alento para essas crianças. Ele é mais chegado à Rânia, porque com os gêmeos existe aquela sensação de perda de território”, ponderou, que divide o personagem com Bruno Anacleto e Antonio Fagundes. “É engraçado, porque eu não consigo ver o personagem fragmentado em três. Eu não consigo observar o ator, não tem como separar. Eu vi o trabalho do Bruno e do Fagundes, que fizeram brilhantemente as suas fases. Evidente que é a mesma atmosfera, porém, a cada fase ele é um homem diferente. Comigo é o período que o bicho pega mais”, frisou ele.
Curioso é que será a segunda vez que Calloni mergulha cultura árabe. Em “O Clone”, o ator também deu vida ao carismático comerciante Mohamed. “Decorar texto em árabe não é fácil. Teve toda uma preparação sobre os costumes do Líbano, a dança, as tradições e sotaque. Ele tem uma musicalidade muito leve sobre o sotaque. Engraçado é que no ‘O Clone’ eu também tive esse contato, mas eles são bem diferentes. É um outro tom. Recuperei algumas coisas da época e mergulhei em outros estudos para compor este cara”, disse.
Agora, além da ótima série “Dois Irmãos”, Antônio Calloni já começou a gravar como aquele que talvez seja o seu maior personagem no cinema. O ator será um dos principais investigadores, e o narrador, do filme sobre a Operação Lava Jato previsto para 2017, intitulado “Polícia Federal – A Lei É para Todos”. No entanto, em meio ao furacão que passa por Brasília, ele descartou qualquer possibilidade de endeusar os personagens dessa drama da vida real. “Não vejo heróis nessa história. Fizemos a cena de uma coletiva de imprensa com os investigadores, uma conversa entre os delegados e a apreensão das coisas que os advogados levavam para os presos da Lava Jato, coisas absurdas como água importada e presunto de Parma”, adiantou ele.
No entanto, apesar de Marcelo Serrado já ter sido confirmado para viver o juiz Sergio Moro na película, Calloni adiantou que nenhum dos atores que estão na pele de policiais fazem um delegado específico. “Eu faço um delegado inspirado no Igor Romário de Paula, mas não será ele, são vários delegados juntos. Porque o longa pretende estimular o debate, mostrar todos os lados, e não favorecer um lado ou outro”, contou o ator, que também se encontrou com o delegado que inspira o seu personagem. “Uma pessoa fantástica, disponível e gentil, com uma competência e uma seriedade raras.” Sobre Moro, que não conheceu, disse ser uma “figura fundamental, mas não um herói nacional”.
Atento aos movimentos políticos no país, o ator comentou que não é a favor de nenhuma diretriz partidária e que o Brasil necessita urgentemente de uma reforma em suas bases. “Temos que ficar atentos, ligados às instituições, nos manifestando e cobrando dessa forma que estamos fazendo. Muita coisa precisa ser mudada. Não adianta a gente ficar polarizando sobre direita e esquerda, isso é bobagem. A questão é muito mais grave. Tem que haver uma reforma política séria e profunda”, disse ele, que ainda comentou a importância das artes para a formação do cidadão. “A gente tem que falar o tempo inteiro de cultura. Não tem como separá-la da educação. Elas precisam caminhar juntas. A educação é o principio básico para o desenvolvimento de qualquer país”, completou.
E os trabalhos não param por aí. O ator, que estava fora das novelas desde 2012, quando esteve em “Salve Jorge”, de Glória Perez, voltará ao gênero também em 2017. Calloni segue escalado para atuar em “Os Dias Eram Assim”, novo título da próxima trama das 23h, escrita por Ângela Chaves e Alessandra Poggi, fazendo uma participação de 20 capítulos. Na história da dupla, ele será um empresário bilionário do ramo da construção e que apoia a ditadura militar, sendo o grande vilão. E, nas telonas, o ator volta com um personagem mais ameno no longa de comédia “Minha Família Perfeita”, ao lado de Rafael Infante, Isabelle Drummond e Zezé Polessa.
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