*Por Brunna Condini
A pandemia do novo Coronavírus trouxe muitas privações. Entre elas, as de ordem de saúde e econômicas, e também as de distanciamento social. De longe ou de perto, com as medidas de proteção tomadas, ter amigos faz muito bem à saúde. E disso, os atores e amigos, Bruno Fagundes e Felipe Hintze sabem bem. Tanto, que criaram “Amigo É Bom, Mas Dura Muito”, pelo selo da dupla, a Best Friends Produções. O projeto foi lançado como um canal do YouTube, ou melhor, um “anticanal”, já que a dupla quer fugir dos clichês encontrados na plataforma. “Não estamos preocupados com visualizações e curtidas, estamos preocupados com a qualidade do conteúdo, queremos entregar um bom material, que as pessoas gostem. E fazer algo com a linguagem do Youtube, mas queríamos que tivesse a nossa cara”, explica Bruno.
A dupla define o projeto como: “um canal de humor sobre dois amigos que têm tanta intimidade, que se colocam em situações constrangedoras, evidenciando que se conhecem demais, expondo assim suas fragilidades, humor, provocações e os percalços da profissão que têm em comum”. A ideia deles é ter mais independência na criação.
“Percebemos que o nosso engajamento triplicava quando postávamos conteúdo juntos. As pessoas respondiam pedindo mais vídeos nossos”, afirma Bruno, que passou a maior parte da quarentena com Felipe. “Produzimos muito durante o isolamento. A primeira temporada que está no ar tem oito episódios, que foram gravados antes da pandemia. Todos eles têm participações especiais, desde as nossas mães, até Camila Queiroz e Klebber Toledo. Claro que com a pandemia do coronavírus tivemos que mudar os planos. Pegamos o material que já tínhamos e desmembramos, para termos fôlego. O canal tem um mês de vida, é recém-nascido, estamos felizes com o resultado. Aquilo que se vê lá, somos nós. É autodepreciativo mesmo. Não nos levamos muito a sério. Queremos fazer o nosso, com o coração, e que as pessoas conheçam o nosso trabalho”. E acrescenta: “Estamos pensando em como fazer o canal remotamente. No momento estamos separados, porque ele teve um problema familiar. Mas já estamos trabalhando nisso”.
E Felipe completa: “O projeto é muito pessoal, mas pode, futuramente, se desmembrar para outros projetos como uma série, peça ou alguma outra expressão artística que a gente decida criar’’.
Entre as muitas inspirações dos dois, as principais foram os programas de comédia “Saturday Night Live” e o “Tá no ar”. A meta é produzir sempre vídeos que abordem a amizade da dupla de um jeito leve e cômico, mas com informação. ‘’Falar sobre amizade, parceria, sobre a nossa profissão através do humor é um alívio necessário nesse momento”, comenta Felipe, que está no ar na edição especial de “Malhação: Viva a diferença”. “A nossa intenção é levar um conteúdo de qualidade e divertido para as pessoas. Se uma pessoa ficar feliz vendo nossos vídeos, eu já me sinto realizado. Não gosto dessa competitividade das redes ou de fazer de tudo por likes. Eu prefiro qualidade, aprofundamento e troca! Sempre”. Bruno faz coro e acrescenta: “Partimos do pressuposto: finja até ser. Claro que fizemos para as pessoas gostarem, então também estamos preparados para o sucesso”.
Família na comédia
Dos 31 anos de Bruno, 16 já foram dedicados à arte. Filho de Antonio Fagundes e de Mara Carvalho, o ator já levou a mãe, atriz e roteirista, para um dos episódios do projeto, e revela que o pai tem vibrado com o conteúdo. “Meu pai gostou de verdade. Me ligou e disse que se divertiu assistindo. Acho que porque eu e ele sempre conversamos muito sobre a profissão, inclusive sobre as suas mazelas. Então, quando viu isso no canal, adorou”, conta.
“Ao contrário do que muitos pensam, vendo meu pai como um cara muito sério, ele é extremamente bem-humorado. Ninguém sabe o quanto ele é leve e adora humor. Além disso, curte o tipo que fazemos, nada muito escrachado. É uma mistura de um humor mais refinado, com algo mais patético, vamos dizer. Acho que o humor é uma forma de aproximação com qualquer pessoa”.
Bruno diz que em casa o papo sempre foi transparente sobre as alegrias da carreira e as dificuldades no trajeto. O ator sempre fez questão de trilhar um caminho próprio também. “Tomei a decisão de ser ator muito cedo. E meu pai sempre conversou comigo sobre tudo, oportunidades, a história ingrata de sempre esperar ser chamado para um trabalho. Aguardar lembrarem de você, desejarem você para aquele projeto. E o fato que esse contexto todo gera uma angústia muito grande. Então, meus pés sempre estiveram no chão”, observa. “Sou muito chamado para fazer palestras nas escolas de teatro, e tenho falado muito sobre a saúde mental dos atores. A única saída para tudo isso, é se produzir”.
Ele está nas séries “3%” e “Sense8” da Netflix, e fala mais sobre a busca por autonomia na profissão: “Isso sempre norteou a minha carreira. Nunca deitei e esperei por ser filho de um dos maiores atores do Brasil. Fui fazer meu caminho, até para me sentir potente. Além disso, se autoproduzir é um caminho feliz”.
E o Fagundes-pai vai participar do canal? “Vai! Estamos estudando como faremos essa participação. Mas vai ser logo. Quero mostrar esse lado dele também, que sabe tirar sarro. Mas queremos fazer da melhor maneira possível, por conta desta pandemia. Aliás, sinto muita saudade de estar junto fisicamente, com ele, minha mãe, meus irmãos. Mas é preciso, para tudo passar bem”.
O site convidou Bruno e Felipe para falarem da amizade dos dois.
Com a palavra…Felipe sobre Bruno
“O Bruno é o meu mais novo amigo de infância. A gente se conhece há quatro anos, mas desde que a gente se conheceu, não nos desgrudamos mais. O teatro me proporcionou mais essa alegria”
O que mais curte no Bruno? E o que é obrigado (risos) a conviver? “O que eu mais curto no Bruno é a pessoa que ele é como um todo. Quando crio um vínculo de amizade, acabo gostando da pessoa por completo independente das suas qualidades ou defeitos. Mas se tivesse que escolher uma qualidade dele seria a honestidade e o que eu sou obrigado a conviver é com a teimosia dele. Ô menino teimoso!”
Vocês brincam no canal, esclarecendo que não são um casal. Mas a amizade também é uma espécie de casamento. Quais os prós e contras desse “casamento- amigo”? “Antes da pandemia, um dos porteiros do prédio do Bruno achava que eu me chamava Bruno e que eu que morava lá. (risos). A gente se apoia, estamos juntos tanto no Rock In Rio ou sendo acompanhante no pronto socorro quando dá algum problema. Toda a relação tem sua dinâmica. A nossa amizade tem tanta convivência e profundidade que algumas pessoas associam a dupla como um casal, nós brincamos com essa situação e a gente vê isso como um elogio, existe química nessa parceria a ponto de transformamos isso em um canal no YouTube. A gente brinca muito um com o outro nos vídeos, mas na vida temos muito respeito e admiração um pelo outro. A gente se apoia nos momentos delicados e se aproveita nos momentos felizes. Agora que moramos praticamente juntos na época de quarentena, respeitamos ainda mais a individualidade de cada um. E obviamente tem alguma irritabilidade ou outra coisa como mau humor matinal ou deixar a louça bagunçada. Mas passar por tudo isso com um amigo, foi a minha melhor escolha”.
E Bruno sobre Felipe…
“Tenho no Felipe tudo o que espero de um amigo. Não falta assunto, falamos sobre tudo e sobre nada. A gente pode só existir perto um do outro. E além de tudo, nossa amizade é produtiva, resulta. Então é muito bom, migrou para um lugar de realização, é muito gratificante”.
Como é essa amizade? “Toda relação quando você se propõe uma troca profunda, vira uma união sólida, temos essa irmandade. E também temos acordos, nos damos muito bem, é fácil ser amigo dele”.
O que mais admira no Felipe? “O coração dele. Ele pensa mais no outro, antes dele. E uma virtude que pode até ser uma questão também. Mas é como ele é, um cara de uma compaixão imensa. E atento, torce por você. Sou geminiano gosto de falar, ele é leonino, também curte, então o encaixe bom”.
Amizade solidária
Além do canal, a dupla tem outros projetos, inclusive um beneficente, onde artistas como Paolla Oliveira e Reynaldo Gianecchini já participaram. O Artistas na Causa é uma ação coletiva entre a Best Friends Produções e a Atados, ONG mãe que beneficia entidades de causa humanitária, que por meio do desafio #recitarumamusica tem como propósito mobilizar pessoas ajudando diretamente diversas organizações empenhadas em diminuir o impacto da Covid-19 na sociedade.
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