*Por Brunna Condini
Ana Flavia Cavalcanti tem muito a celebrar. A atriz estará na próxima novela das 18h da Globo, ‘Garota do Momento’ e tem namorado bastante o cinema. É protagonista de dois longas com previsão de estreia ainda esse ano: ‘Continente’ de Davi Pretto e ‘Criadas‘, de Carol Rodrigues, e ainda sente o reverberar do lançamento de ‘Baby‘, do cineasta Marcelo Caetano, na 63ª Semana da Crítica de Cannes, que também deve chegar às salas de cinema neste segundo semestre. “Faço a Priscila, casada com a Jana (Bruna Linzmeyer). Ela é uma mulher destemida, independente, cheia de fé, gosta de viver e tem orgulho da sua trajetória. Me vejo muito nela”, analisa.
Ana Flávia é multi e encontrou na expressão artística um canal de comunicação poderoso, no qual obra e personagens se alimentam e se misturam, e, assim, ela vai dando seu recado: acabou de estrear o videocast ‘Histórias de Conforto’, projeto que nasceu a partir do espetáculo ‘Conforto‘ que a atriz assina a dramaturgia e direção, e divide a cena com a mãe, Val Cavalcanti, propondo uma reflexão sobre a desigualdade social e trazendo o trabalho doméstico para o centro da cena artística, tema em que é possível fazer um recorte com o racismo. ” Trocamos nossas experiências de conforto, desconforto, família, sonhos e memórias. Minha mãe foi faxineira a vida toda e, agora, é atriz, e eu também fui diarista e babá. Se fala pouco sobre o trabalho doméstico no Brasil. É preciso que paguem melhores salários ou diárias. Todo mundo quer viver bem”, ressalta, sobre a necessidade da valorização dos profissionais da área.
Na minha opinião R$ 350 é um valor justo para um dia de faxina. Mas os acordos são muitos. Pensar na justiça dos valores praticados entre quem contrata e quem é contratado é um bom começo – Ana Flavia Cavalcanti
A atriz comemora a estreia como apresentadora do videocast que tem parceria com Comfort. “A primeira convidada foi minha amada Liniker. Esse episódio é lindissimo, super poético, cheio de beleza e perfume. São oito episódios, ao todo, que lançaremos quinzenalmente, nos canais da marca no YouTube e Spotify. O segundo episódio é com Rafa César e Luke Vidal. Está bonito, um papo leve, sobre família, amor, paternidade”, conta sobre o projeto, que será sempre exibido às quartas-feiras.
Os frutos e o caminho
No elenco da próxima novela das 18h da Globo, ‘Garota do Momento‘, de Alessandra Poggi com direção geral de Jeferson De e direção artística de Natalia Grimberg, prevista para novembro, Ana Flavia dá um pequeno spoiler de sua personagem: “Ela se chama Marlene. É reluzente e conhece seu valor. Começamos a gravar em breve. Estou super feliz e rica, né?”.
Nascida em Eldorado, Diadema, na Grande São Paulo, a artista começou a trabalhar ainda na infância, primeiro como babá, depois com limpeza e mais tarde em salão de cabeleireiro. Já desejava ser atriz desde cedo, mas só foi cursar escola de teatro mais tarde e integrou o grupo teatral de Antunes Filho. Começou a carreira em 2005 nos palcos, e em 2010 foi para o Teatro de Soleil, na França, onde ficou por cinco meses. De lá para cá, foram mais de 25 trabalhos no audiovisual, inclusive as ‘bombadas’ séries ‘Sob Pressão’ e ‘Os Outros’. Pensando no caminho, ela avalia: “Não abro mão da liberdade de poder ser quem sou. Amo minha trajetória, tenho orgulho dos meus ossos e passos até aqui, alguns arrependimentos, lógico. Mas para mim a vida é sempre em frente, na direção da rotação da Terra. Vou, literalmente, na direção dos meus sonhos”.
Juntas na vida e na arte
No espetáculo autoral ‘Conforto‘, ela pôde costurar memórias sua e da mãe, Val Cavalvanti, hoje aposentada como trabalhadora doméstica, mas recomeçando nos palcos. A temporada da peça terminou em junho, mas terá algumas apresentações ainda acontecerão ao longo do mês de agosto em algumas cidades paulistas. Ana fala como a experiência teatral ressignificou a relação entre ela e a mãe. “Minha amiga Helena foi ver o espetáculo e disse que estamos fazendo uma grande constelação familiar, aquela terapia que a gente constela questões da vida em geral. Eu concordo. O mais lindo é que vejo minha mãe atuar. Quando ela se levanta e começa a falar, tudo faz sentido. Tudo. Nada mais importa, só importa ela ali, viva, atuando, rindo, chorando e ao meu lado”.
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