*Por Brunna Condini
O Brasil ama Amaury Lorenzo. Com o sucesso do personagem Ramiro na novela ‘Terra e Paixão’, que está em sua reta final, junto com o carinho do público por seu personagem e pelo amor que vive com Kelvin (Diego Martins) no folhetim, vem também a exposição, que o ator parece estar tirando de letra, mantendo o foco no trabalho, longe da vida pessoal. Praticamente vivendo nos sets para encerrar o trabalho que mudou sua vida após 25 anos de carreira, Amaury conseguiu uma brecha para responder algumas perguntas do site. Extremamente feliz com o momento profissional, ele não comenta a notícia divulgada estes dias, de que teria encerrado o ciclo de um casamento com o documentarista Sergio Lobato junto do término do ciclo da novela. E embora já tenha dito em entrevista anterior que se reconhecia dentro da população LGBTQIAP+, ele parece só querer manter diante dos holofotes sua arte e o que ela tem a dizer. “É através da minha arte que sigo lutando por dignidade, cidadania e afeto”, diz.
Com tanta coisa acontecendo agora, como cuida da sua saúde física e mental? “Rezo. Rezo muito. E peço a Deus que me afaste de todo o mal. E que mantenha meus pés no chão, mantenha minha simplicidade, mantenha minha saúde e mantenha o amor no meu coração”, divide Amaury. O ator também revela o que mudou na vida após todo reconhecimento que o Ramiro trouxe:
Materialmente, tenho dignidade financeira de viver do meu ofício. Consigo colocar comida na mesa, pagar meu aluguel, ajudar meus pais e amigos. E desejo que todas e todos os artistas neste país tenham a mesma dignidade – Amaury Lorenzo
O artista de 39 anos quase chegou a desistir do papel na trama de Walcyr Carrasco no início, depois de um dia difícil de gravação – é sua primeira novela – mas hoje celebra a perseverança e a resiliência que nunca o deixaram na mão, desde que abraçou a carreira. “Vou confessar uma coisa: teve um dia que as coisas estavam muito difíceis, e eu falei: ‘Será mesmo que eu tenho que fazer o Ramiro?’. A Tati Muniz (preparadora de elenco) ficou dentro do estacionamento dos Estúdios Globo comigo, dentro do meu carro, durante uma hora, de mãos dadas comigo chorando, e dizendo: ‘Você vai fazer! Você tá extraordinário! Não desista'”, contou na ocasião sobre as inseguranças que pintaram, em entrevista.
Amaury também admite, que apesar do ritmo intenso de fazer um produto de destaque em uma trama das 21h na maior emissora do país , ele já sente saudades do personagem tão complexo e tão representativo. “Ramiro me fez ter certeza que o amor salva. Eu doei a ele todo meu corpo, toda minha alma. Todos os dias têm sido emocionantes. Cada dia que vamos caminhando para o fim do trabalho, o coração aperta. Foi uma jornada linda e vai deixar saudade”.
A paixão pela arte começou ainda em sua cidade de origem, Congonhas, Minas Gerais, aos 8 anos. Primeiro Amaury abraçou a dança e logo depois o teatro. Com mais de 40 espetáculos em sua trajetória – no momento inclusive, segue pelo país com o monólogo ‘A Luta’, baseado em ‘Os Sertões’, de Euclides da Cunha – ele também é roteirista, produtor e professor de teatro, exercendo funções múltiplas, como um bom operário do ofício. “O que salta destes 25 anos de carreira é a luta. A luta para ter dignidade no meu ofício sagrado que é atuar”, divide Amaury, que se mudou para o Rio de Janeiro aos 15 anos, onde se formou em Dança na Royal Academy Dance Brasil, e depois em Artes Cênicas pela UNIRIO.
Ser ator, para mim, não foi uma escolha. Foi uma necessidade da minha alma. Atuar é o que move a minha vida – Amaury Lorenzo
Fato é, a maré está para Amaury Lorenzo. Se Ramiro é pop, Amaury também se tornou. Com reconhecimento nacional, levando com isso o cobiçado troféu de Ator Revelação no prêmio Melhores do Ano, promovido pela Globo, o trabalho do artista também tem a aclamação dos fãs do amor de Kelmiro, que pedem, explicitamente, que a história deles não termine com ‘Terra e Paixão’ nesta sexta-feira (19). Durante a novela o casal mais popular da trama angariou admiradores até fora do Brasil. Tanto que esses mesmos fãs – com contribuição até de gente que mora na Suíça – se uniram para mandarem fazer dois outdoors: um nos arredores do Estúdios Globo e outro em Nova Iguaçu, pedindo a continuação da história de amor dos personagens. Nos painéis ficava um QR code que dava acesso ao abaixo-assinado encmainhado à direção da emissora. Que tal essa iniciativa inédita? “Fico extremamente feliz com o desejo do público, que de forma tão carinhosa e respeitosa, pede uma continuação da história do casal Kelvin e Ramiro. Eu estou à disposição, sempre”, diz, com modéstia, sobre a estrondosa repercussão dos personagens, que fizeram muita gente Brasil afora se sentir representada, incluída e respeitada. Viva a naturalização de qualquer forma de amor!
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