“E disse-lhes Jesus: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15). Os ensinamentos de Jesus, tal como a própria Palavra por si, são os instrumentos de vida e trabalho de Amanda Jenkins, escritora, mãe de quatro jovens, head de criação de todos os projetos literários linkados a “The Chosen: Os Escolhidos”, um dos maiores fenômenos do audiovisual nos últimos tempos. Ela é casada com Dallas Jenkins, o idealizador, roteirista e diretor da série que já atingiu a incrível marca de 500 milhões de visualizações de seus episódios e 110 milhões de espectadores em 175 dos 196 países do mundo, mostrando Jesus através do olhar das pessoas cujas vidas Ele transformou com suas palavras, amor e obras. Ainda que seja uma mulher discreta, o talento e o doar-se ao próximo estão em sinergia aos de seu marido, Dallas Jenkins. Ou melhor, os olhares que eles têm sobre a fé são os primeiros a chegar. São olhos – e família – tocados por Deus. Amanda desempenha um papel fundamental na construção da narrativa enriquecedora de tudo o que envolve a série – autora e colaboradora na criação dos devocionais, estudos bíblicos e livros infantis. Tal como a comparação que afirma que, numa aliança com Deus, o homem é a proteção e a mulher, a base, Amanda coloca-se como a um pilar: sustenta e propaga os ensinamentos do Cristo. E imprime a sua chancela, com a licença poética, em todo o projeto, seja acompanhando a autoria, a realização e a produção de uma linda empreitada.
Amanda acompanhou o marido na visita ao Brasil, no fim de semana passado, que também contou com a presença do filho do casal Sam, 22 anos – outro apaixonado pelo audiovisual. Foram dias de contato fraterno com o público que compõe a segunda maior base de fãs fora dos Estados Unidos e que colaborou para que a série fosse uma das mais vistas no nosso país. E mais: foram realizadas, em São Paulo e no Rio, as pré-estreias dos episódios 1 e 2 da terceira temporada, dublados, e que entram em exibição na Rede Cinemark em todo o país. E no meio de tantos compromissos, ela falou com exclusividade ao site Heloisa Tolipan. Pela primeira vez no país, Amanda no conta como descobriu a Jesus e se relaciona com o sagrado – especialmente tratando sobre a passagem bíblica que mais diz a si, e de sua dedicação à escrita. Enfatiza também sobre ser apaixonada por comunicar a verdade de uma forma culturalmente relevante e bem-humorada – bom humor presente inclusive nesta entrevista.
A palavra de Deus diz em Provérbios 14:1 que “A mulher sábia edifica a sua casa“. E esta parecer ser a prerrogativa de vida de Amanda Jenkins. Desde 1998 é casada com Dallas, diretor do projeto. Este enlace, instituído por Deus e cujo propósito é espelhar e espalhar a imagem Dele à sua Glória, neste 2023 completa 25 anos. Em vez de marcarem uma lauta comemoração para celebrar as Bodas de Prata, farão esta festa germinando a palavra de Jesus. Tanto “The Chosen”, a série, como as obras derivadas produzidas pelos Jenkins, ocuparam-lhes tanto o tempo que o casamento não será festejado com uma viagem extensa ou extravagante. Os dois celebrarão a data em Fort Worth, Texas, em casa. Os Jenkins têm quatro filhos: Sam, Maya, 20 anos, Elle, 18 anos, e Max, 16 anos. O primogênito está se formando em cinema e trabalhava na série “The Chosen” quando tinha tempo livre dos estudos. Seu sonho é um projeto audiovisual que conte a história de Noé.
Tenho muito orgulho dos meus quatro filhos, pois criá-los é o que fiz nos últimos 20 anos. Eu escrevia ao mesmo tempo [em que os criava]. Escrevi alguns livros antes de “The Chosen” ser publicado e me saí bem. E, quando “The Chosen” decolou, eu era professora, escritora e mãe. Essas coisas convergiram e eu me tornei a criadora de todo o resto. Agora sou escritora 24 horas por dia. É, basicamente, o que eu faço, uma vez que os filhos estão crescidos. Tenho muito orgulho deles – Amanda Jenkins
A história de amor entre Amanda e Dallas começou na faculdade, em Minnesota. Aqui o arado da fé espera que o aremos para que chegue a semeadura. E os dois são muito sintonizados, mesmo sendo opostos. Ambos gostam de jantar fora e caminhar. Amanda revela em alguns programas no Youtube que Dallas gosta de steak house e ela adora ir a restaurantes de comida mexicana ou japonesa. Ama sushi. Oura paixão é “receber fotos de meus filhos quando eles também estão juntos em um restaurante, por exemplo”. Acrescenta que se pudesse olhar para a Amanda do passado, diria a ela para não cobrar tanto dos outros, que segue tendo suas próprias regras e princípios e que assim está ‘ok’. E diria mais: “acalme-se”. Agora, com “The Chosen” na vida do casal, ela reforça a importância de ter justamente este olhar mais suave para a vida. “Estou mais tranquila. Assim como o movimento das águas, eu aprendi a navegar”.
Desde sempre calcada nas palavras de Jesus, Amanda diz como e quando Deus revelou-se a ela e a passagem bíblica que mais a emociona. “Quando eu tinha cerca de 19 anos e estava na faculdade, precisei decidir o que realmente pensava sobre as coisas que me haviam ensinado. Ainda que tenha sido criada numa igreja, foi a partir desta idade que busquei Jesus sozinha, e por vontade própria. Eu diria que meu versículo favorito é Romanos 4:17, que diz “Deus dá vida aos mortos e chama à existência coisas que não existem”. Além do reconhecimento pela série que está profundamente envolvida, Amanda consta no guia dos autores cristãos pelo menos desde 2017. Em inglês, como autora solo, lançou o livro “A Bíblia diz…: Respostas baseadas nas escrituras para tópicos espirituais e mundanos comuns“, além de ser co-autora de todos os estudos devocionais baseados na série “The Chosen“, nos quais divide a escrita com seu marido Dallas e a autora Kristen Hendricks.
A MULHER VIRTUOSA
Uma esposa exemplar; feliz quem a encontrar! É muito mais valiosa que os rubis. Seu marido tem plena confiança nela e nunca lhe falta coisa alguma. Ela só lhe faz o bem, e nunca o mal, todos os dias da sua vida – Provérbios 31:10-12
As mulheres da Bíblia tem fundamental importância no cristianismo. Elas têm definitivas mudanças de trajetória e umas das mais transformadas pelo Senhor. Algo que não é diferente com Amanda. Ela, ex-vendedora de produtos varejistas para o público cristão, transitou por outras profissões e também teve como ofício a comunicação visual e a publicidade, até que viu-se motivada a escrever. Inicialmente, não sobre temas cristãos, mas sobre os problemas ligados ao perfeccionismo e à beleza. Foi quando escreveu “Confessions of a Raging Perfectionist: Learning to Be Free“. Depois que o marido, o cineasta Dallas Jenkins direcionou sua vocação profissional aos ensinamentos de Jesus, Amanda, que já havia frequentado o Northwestern Bible College formando-se em Estudos Bíblicos e Comunicações, aprofundou-se decididamente na literatura.
Tem mais de 10 livros com a sua assinatura, em coautoria com seu marido, como em “Andando com Jesus“; nos estudos devocionais inspirados na série, “Estudos Bíblicos baseados em The Chosen“. Além destes, os com a também autora e ilustradora Kristen Hendricks, como “Jesus ama as Criancinhas” e “O Pequeno Pastor e a Luz de Belém“. Todos publicados em vários idiomas. Os devocionais são editados em português pela Editora CPAD. E este segmento literário gira em torno da pergunta: “O que significa seguir Jesus de verdade?”. Ao final de cada um dos 40 dias dos quais se propõe um dos livros, o devocional “Seguindo em Frente”, volta-se a dedicar momentos para oração e reflexão acerca da leitura.
Nora de Jerry B. Jenkins, autor do best-seller e da série de livros “Left Behind“, clássico gospel, Amanda é a prova da vocação da família para este segmento literário e audiovisual, que propõe uma relação profunda com Jesus. Co-autor, com Tim LaHaye, da série de livros “Left Behind“, Jerry B. Jenkins escreveu mais de 150 livros, incluindo romances, policiais e aventuras para crianças, além de literatura não ficcional. Os seus personagens são, em geral, cristãos evangélicos. Em 2005, Jenkins e LaHaye ficaram posicionados em nono lugar na lista de autores que mais venderam no site Amazon.com, desde a sua abertura, em 16 de julho de 1995.
Como ressaltamos, a família Jenkins, além da congregação e do audiovisual, tem quatro filhos. Os mais velhos têm uma relação de profunda parceria e estão no processo de entrar para a faculdade. Orgulha-se a mãe não apenas do fato de eles estarem ingressando na vida universitária, mas por darem-se bem. Esse clima de amor é o que ela vislumbra para daqui a 10 anos, por exemplo. “Meu objetivo é ter uma casa para onde meus filhos queiram voltar, pacífica, repousante e divertida”. Talvez algo que dialogue com o Salmo 91: “Aquele que habita no abrigo do Altíssimo, descansa à sombra do Todo-poderoso. Tu és [Jesus], o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio”.
Mãe devotada, diz vivenciar a maternidade “em todos os momentos da minha vida casada com o Dallas. E nós respiramos — inspiramos e expiramos — nossos filhos e “The Chosen“, e isso é bastante coisa. É o que fazemos. Dallas é uma eterna máquina de absorver informação. A mesa de cabeceira dele tem pilhas de livros. E ele não lê apenas a Bíblia, ele lê sobre como desenvolver negócios, sobre como ser um leitor melhor, sobre o cérebro que se transforma. Ele lê tudo que possa trazer novas ideias para o que escreve. Eu sou mais estruturada, a que faz check lists. Eu pago as contas. É preciso ter um alguém assim em casa. Dallas é o cara que pensa “fora da caixa”, o visionário, e ele não segue regras”.
Naturalmente, a fé em Cristo desde cedo, sempre e tanto. Levaram a máxima presente em Mateus – “Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos Céus pertence aos que são semelhantes a elas”. Tanto seus filhos se apoiam na palavra de Deus como retratam essa passagem em um dos episódios da primeira temporada da série. Amanda também já escreveu livros infantis. Como vivencia a maternidade? “Meus filhos são muito, muito diferentes entre si e, quando digo isso é muito útil porque eles estão na minha mente o tempo todo. Estou tentando tornar as coisas o mais legíveis e compreensíveis possível para os jovens. Temos um filho autista, um adotivo e um com doença crônica. Há uma série de lutas e desafios em nossa casa. Quando escrevo, digo grandes coisas sobre as quais conversamos um pouco”. Que futuro prospecta para as novas gerações? “Vejo as pessoas com os olhos do coração. Compreendo-as como pessoas doces que quero apresentar a Jesus. É assim que vejo o mundo”, diz ela.
A seu ver, as mulheres que lhe impactaram a vida foram a mãe e a irmã. Costuma dizer que que são maravilhosas, sempre foram e continuam assim. Mas ressalta que também diversas mulheres que conhece há décadas. Ela valoriza a qualidade acima da quantidade. Entre seus gostos pessoais, em bate-papo no Gospel Spice Podcast, revelou adorar beber ice tea durante todo o dia, preferir o calor à neve e que ela é quem comanda o “show” do dia a dia em casa. Sobre sua personalidade, costuma dizer que, com o tempo, aprendeu muito a fazer uma grande reflexão antes de emitir opiniões durante uma conversa. Ela e o marido gostam de curtir momentos a dois durante idas a restaurantes e caminhadas. “Deus nos concedeu estes prazeres cotidianos”, frisa.
Fala-nos sobre a série “The Chosen“, reforçando que ainda que a montagem tenha uma abordagem doutrinária, ela não objetiva ser proselitista. Quer apenas revelar Jesus como sendo “um cara legal, mas não apenas isto”. Reconhece a capacidade e a potência de “The Chosen” de através de uma narrativa amigável e gentil mostrar as Escrituras para as pessoas e evidencia a prerrogativa que norteia o posicionamento filosófico do casal: “The Chosen é uma série. À Bíblia cabe pregar”. Prova de uma visão plural da série, ela conta com três consultores: um rabino messiânico, um padre católico e um teólogo evangélico e professor universitário.
Sobre a série, Amanda, bem-humorada diz que “o discípulo Simão Pedro é um turbilhão e eu adoro ele. Eu me sinto parecida com ele”. À medida que eram feitas as gravações, “André “emergiu para mim como alguém de que eu sempre quis saber. Mas, na realidade, eu amo todos eles”. Do nascer ao pôr-do-sol, “The Chosen” tomou as vidas de Dallas e Amanda e um time gigante. Tudo é feito pelas e para as Escrituras chegarem ao maior número de pessoas possível e proporcionando uma imersão profunda na psique dos personagens bíblicos. “É divertido sempre ser criativo, mas seguindo o contexto bíblico”, pontua Amanda.
Diante de uma trajetória plena em vitórias e batalhas, perguntamos o que Amanda destacaria, ou se orgulha por haver construído? Quem é Amanda Jenkins como empresária, escritora e mulher? Além de seus filhos e de uma trajetória vitoriosa como autora, inspira-se em “Dallas. Ele é uma abelha-operária que continua a fazer da família a sua prioridade. Já entre os personagens bíblicos, Pedro, o apóstolo, é um ponto de advertência. Adoro a ousadia dele, que também e que nos proporciona também a reflexão sobre coisas que não deveríamos fazer”.
“THE CHOSEN”
Entre os temas importantes do Evangelho de Marcos, conta-se, que está a compreensão sobre quem era Jesus e sobre como se estabelece a sua santidade. Inclusive, Marcos dedica-se a contar a parábola da semente: “O Reino de Deus é semelhante a um homem que lança a semente sobre a terra. Noite e dia, estando ele dormindo ou acordado, a semente germina e cresce que cresceu sozinha. As palavras do Evangelista, sobretudo, traduzem Jesus. É sob esse espírito que pousa-se “The Chosen”: Em traduzir Jesus e não apenas apresentá-lo. Série que propõe visões, perspectivas sobre o Nazareno. Atualmente está sendo produzida a quarta temporada.
A série ajuda as pessoas a abrirem suas Bíblias. “Esse é cem por cento o nosso objetivo. Seja porque as pessoas nunca tenham ouvido as histórias – ou se perguntem se isso está na Bíblia – ou porque leram mais de cem vezes e agora parece diferente porque estão vendo com novos olhos. De qualquer forma, nosso objetivo é reunir gente em torno da Palavra. Estamos fazendo o melhor que podemos mas, no final das contas, a mensagem é “Leia a Bíblia”, observa Amanda sempre quando perguntada sobre este ponto.
O fenômeno “The Chosen” ganhou o mundo inteiro. O projeto nasceu de um financiamento coletivo que ultrapassou, surpreendentemente, a meta estabelecida. Desde sua campanha inovadora de crowdfounding, que arrecadou mais de US$ 10 milhões provenientes de 16 mil doadores/investidores. Em face do sucesso, só no Brasil “The Chosen” está concorridíssima pela exibição entre as maiores emissoras do país. Os episódios 1 e 2 da terceira temporada estão nos cinemas de 45 cidades brasileiras. Como Amanda própria diz, “Deus faz a matemática do impossível“. A primeira temporada está disponível nos
principais serviços de streaming pelo mundo, como Amazon Prime, Netflix, Globoplay
e Apple TV+, e todas as suas temporadas são gratuitas nos aplicativos de celular e TV
The Chosen.
O sucesso da série é tamanho que ela possui, inclusive, um app próprio para a transmissão dos episódios e que, só no Brasil já teve mais de 1 milhão de downloads. Já houve espectadores inclusive na China, país cuja população de cristãos é muito diminuta. A bem-aventurança da série não se deve apenas às palavras de Cristo que norteiam a obra, mas à direção segura de Dallas Jenkins e à colaboração zelosa e afetiva de Amanda de todos os conteúdos bônus, pois que ela também redige livros e estudos bíblicos. A intenção dos produtores é que sejam sete as temporadas, perfazendo mais de 50 episódios.
“Por mais fortuito que possa ser conhecer e relacionar-se com certos personagens da Bíblia, não chega nem perto de entender até que ponto Jesus relaciona-se conosco para que possamos conhecê-lo. Este é o propósito da história de cada pessoa na Bíblia: ajudar na revelação sobrenatural de Jesus Cristo” – Amanda Jenkins, em “The Chosen – 40 dias com Jesus”
“The Chosen: Os Escolhidos” já era um sucesso na TV e no streaming. Para Amanda, o que motivou o interesse em levar o projeto para as telonas foi justamente o seu mérito. “A série é legal. Alguns episódios ficam realmente incríveis na tela grande. Isso é muito divertido de se ver. Nosso diretor de fotografia é incrível, as imagens que ele está capturando são realmente lindas e merecem ser vistas em grande escala”. Para ela, a consagração de “The Chosen” é algo intenso e superlativo: “A audiência foi extraordinária e se espalhou como fogo selvagem. Ficamos sabendo de pessoas que viam antes mesmo de ser traduzido”.
“A BÍBLIA PREGA”: AMANDA REVELA A FRASE QUE É A ‘ALMA’ DE “THE CHOSEN”
“Nosso “coração” (centro) é a Bíblia. Quando você for radicalmente transformado pela Bíblia você quer que as pessoas tenham Bíblia. A Bíblia é suficiente. Nós queríamos que o programa trouxesse Jesus para as pessoas, mas o programa não é a Bíblia. Nosso objetivo é que o programa leve as pessoas de volta às Escrituras. Acreditamos que está acontecendo, mas há um intervalo grande entre as temporadas em que as pessoas estão “com fome” de mais orientações. Aí entra o conteúdo extra”, explica.
Amanda prossegue: “O conteúdo extra é baseado na Bíblia. Temos experts nos orientando sobre o que é e o que não é plausível. Não queremos nos afastar do que é plausível baseado nas Escrituras. O programa é, por vezes, uma complementação para o que estamos fazendo com o conteúdo extra, mas a Bíblia não é um complemento para o programa. A prioridade para nós é “A Bíblia prega”. No final das contas é com isso que nos importamos”, afirma.
No canal “The Chosen Brasil“, no Youtube, há um vídeo no qual Amanda Jenkins relembra uma história ouvida de um missionário que joga luz sobre a essência da produção voltada totalmente para as Escrituras. “Aconteceu há uns 20 anos, quando eu e Dallas éramos recém-casados. O rapaz estava em um país do Oriente Médio onde Bíblias são ilegais e você poderia ser preso por distribuí-las. Então, eles saíram no meio da noite para entregar as Bíblias e tinham livros escondidos em um compartimento do carro. Eles estavam indo pela estrada. Não sei onde, mas em algum lugar iriam deixá-las. De repente, as rodas travaram e viraram forte para a direita. Foi o que aconteceu: travou e virou para a direita. E eles foram parar debaixo de uma iluminação pública onde havia apenas um rapaz parado em pé. Eles saíram do carro, olharam ao redor e o rapaz foi até eles. Falando num inglês fraco, disseram: “Vocês têm Bíblia”. E os missionários pensaram que o rapaz fosse policial. Eles titubearam e o rapaz foi enfático: ‘Vocês têm Bíblia!. Deus me disse para sair da minha aldeia, vir até aqui. Vocês têm Bíblia’. E os missionários, então, admitiram que estavam carregando Bíblias”.
E a escritora acrescenta: “Eles pegaram um saco repleto de Bíblias e entregaram ao rapaz, que o colocou em suas costas e lhes entregou uma quantia de dinheiro. E disse: ‘Isso é tudo que a minha aldeia tinha’. E era exatamente o custo das Bíblias. E ele começa a andar rumo à escuridão. Os missionários perguntaram onde poderiam ir pregar e sugeriram seguir até a aldeia onde ele morava. E ele, já de costas, responde: “Não. Bíblia prega”. E seguiu seu rumo. “Bíblia prega” tornou-se uma frase que Dallas e eu dizemos um para o outro. Essa é a alma do programa. Eu amo o programa, amo esse homem. “Bíblia prega”, reiterou.
AS PRIMÍCIAS E A GLÓRIA
O marido de Amanda Jenkins já era um diretor de cinema com potencial quando o casal chegou em Chicago, depois de morar em Los Angeles. Dallas iria trabalhar como diretor executivo de mídia na Harvest Bible Chapel. A mudança para este cidade, cercada de esperanças, começou com ele fazendo um curta-metragem para celebrar o Natal na sua congregação, “The Ride“. O curta chegou nas mãos de um diretor de Hollywood. E aí, a história de um filme ganha um contorno quase dramatúrgico: O filme “A Ressurreição de Gavin Stone” (2017). Os números, que eram decepcionantes ganharam uma nova leitura através das palavras de Amanda Jenkins: “Deus faz a matemática do impossível”. Foi durante a montagem de um novo curta para a comunidade interna da igreja que o casal Jenkins frequentava, que surge a ideia de fazer uma série sobre a vida de Jesus. Com mais um de seus mistérios, este curta, também parou na mão de uma produtora de Hollywood que se interessou não apenas por ele mas pelo projeto seriado sobre o filho de Deus. Dallas, o diretor, achou que a história malsucedida se repetiria, especialmente por que a montagem dependeria de um financiamento coletivo. Mas Deus age no silêncio. O que nenhum dos Jenkins esperava era que o crowdfounding teria um alcance mundial e, a partir daquele curta feito para a igreja, eles conseguiriam arrecadar U$S 10 milhões. Tratou-se do maior financiamento coletivo de projeto de mídia da história, superando inclusive sucessos seculares como “Veronica Mars” (2004) . O Senhor das matemáticas impossíveis é um Deus de maravilhas!
Tu és o meu Filho amado em quem me comprazo (Mateus 3:16)
No início deste ano, 2023, “The Chosen” assinalou, em fevereiro, um incontestável sucesso de bilheteria, segundo o site americano The Numbers. Já externo às plataformas de streaming, chegou inclusive a estar à frente do clássico “Avatar”, nas telonas. A penetração da série no mundo é tamanha que, conta-nos Amanda, “nós, os idealizadores, ficamos sabendo de pessoas que viam a série antes mesmo de ser traduzida. Inclusive em países como a China. Deste país chegou-nos a informação que uma mulher que disse ser a série a ‘coisa mais incrível. E que aguardava com ansiedade pelo próximo episódio’. Ou seja, as parcerias estão se globalizando e estou entendendo isso aos poucos. E eu diria que compreendo cada vez mais”.
Em conversa com Carol McLeod, à frente do programa “Significant Women“, no Youtube, Amanda ressalta que ouvir as histórias e sentir as reações das pessoas faz parecer que não existem fronteiras no mundo. “Tem sido extraordinário. Não sei porque isso nos surpreende, já que as histórias de Jesus não têm limites. Tem sido ‘cool’ receber o feedback das mais diversas culturas, gerações e povos. Isso é que nos faz prosseguir. É muito encorajador e nos mantém motivados. Mesmo nos momentos em que estamos cansadíssimos, é impossível não ter imediatamente um incentivo ao tomar conhecimento das histórias de espectadores”.
E ela prossegue: “A noção de que Jesus está buscando pessoas implacavelmente. O sentido do programa ficou claro para Dallas depois do milagre dos peixes, quando os peixes estão, basicamente, pulando para dentro do barco. Logo depois ele começou a falar de uma parábola sobre quando se pesca, dispensam-se os peixes ruins e mantêm-se os bons.
Muita gente de lugares diferentes com origens, backgrounds e interpretações diferentes adoram o programa. Nosso trabalho é apenas espalhar essa linda mensagem do Evangelho – Amanda Jenkins
No Brasil, a acolhida do público brasileiro se estende, também, à obra derivada (livros e afins) escrita por Amanda. A escritora acompanha o processo de tradução/adaptação do conteúdo para o português ou há alguma relação mais próxima na tutela deste produto, voltado ao público brasileiro? “Tenho junto a mim pessoas muito talentosas. Muita gente está participando da série, que é grande demais para nós. Em viagens como essa, quando conseguimos ver as pessoas, conhecê-las e sentir o que está acontecendo, é maravilhoso por que na maioria das vezes estamos trabalhando de cabeça baixa escrevendo. Mas, temos parceiros realmente excelentes”.
A PALAVRA
“Deixados para Trás” (“Left Behind”) é um clássico gospel escrito pelo seu sogro de Amanda Jenkins, Jerry Jenkins. E “The Chosen” mantém a tradição familiar sobre montagens que tem como diretriz os ensinamentos de Cristo. Qual seria o maior desafio? Dialogar com cristãos ou não cristãos? Teria a série tanto como sua obra derivada, caráter doutrinário? Amanda diz que sim. “Tem porque é criada por pessoas que têm opiniões sobre as Escrituras. Todo mundo tem, aliás. Às vezes é difícil dialogar com algumas pessoas, pois elas têm reservas com algumas escolhas que fazemos, o que é algo incrível já que não nos importamos em ouvir ideias. Porém, Dallas é genuinamente humilde. Ele pega os roteiros, procura a nossa consultoria bíblica e, se há algum problema doutrinário, ele simplesmente lida com a questão. Em última análise, nós o consultamos para decidir. Existe uma posição específica assumida em nossa leitura das Escrituras”.
Os créditos de abertura do primeiro episódio incluem a seguinte informação: “The Chosen” é baseada nas histórias verdadeiras dos evangelhos de Jesus Cristo. Alguns locais, cronologias e eventos foram combinados ou condensados. Histórias de fundo e alguns personagens ou diálogos foram acrescentados. No entanto, todo contexto bíblico e histórico e qualquer imaginação artística são concebidos para apoiar a verdade e a intenção das Escrituras”. Ou seja, os espectadores são encorajados a ler os Evangelhos.
A série americana tem como ideia principal trazer uma proposta de contar a história de Jesus através da perspectiva de quem o conheceu. Não é uma adaptação ipsis litteris da Bíblia. Esta escolha confere aos autores, tanto da série como da obra derivada, mais liberdade dramatúrgica ou não? “Para as pessoas que querem se aprofundar, oferecemos, através dos estudos, ferramentas para eles irem mais fundo na Bíblia. O show é divertido, mostra as Escrituras para as pessoas, é com isso que nos importamos. Mas as Escrituras são o que queremos que as pessoas consumam e com que passem tempo com Jesus. A melhor coisa que fazemos é tornar o acesso a Ele mais fácil.” É possível, então, atualizar e/ou adaptar a vida de Cristo de modo que uma história clássica seja moderna ou fazer do Evangelho algo “pop”? “Esse é um aspecto curioso. A história de Cristo é atemporal. As pessoas estavam lidando com o que lidamos. Elas não tinham a mesma tecnologia, mas os problemas eram os mesmos, as pessoas eram as mesmas e a forma como se conectavam com Jesus também”.
Organizadora e autora de livros sobre os estudos bíblicos baseados na série, Amanda diz que Jesus revelou-se a ela em sua escrita: “Uma das coisas pelas quais passei quando estava escrevendo foi que Jesus disse que as pessoas são escolhidas. Quando Ele diz “Siga-me”, uma resposta é exigida. Há quem não responda, há quem responda. Quem Ele diz que é, é por que é mesmo. Muitas pessoas gostam de falar sobre Jesus como se ele fosse um cara legal, e ele era, mas não era só isso”.
Especialmente depois da pandemia, o índice de pessoas desesperançosas com a vida e o mundo subiu muito. A fé pode ser suporte a essas pessoas? Como elas podem ser afetadas por “The Chosen”? Como elas podem ser afetadas por Jesus? “Acho que passamos por um momento realmente assustador. Acredito que todas as gerações provavelmente pensaram isso também. Não fomos os únicos a ter medo dos tempos. Mas, nas redes sociais, você via apenas depressão, vazio e medo. Acho que foi um grande presente estarmos aqui vivos. Deus não teme os problemas de uma nova geração nem os problemas que criamos. Estamos vendo Ele entrar nesse mundo através desse programa, das redes sociais e marcando Sua presença lá”, frisa Amanda Jenkins.
THE CHOSEN INTERNATIONAL LIVESTREAM
Tendo como cenário a Baía de Guanabara com o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor, Dallas e Amanda Jenkins fizeram uma live para o mundo e o diretor aproveitou para dar boas notícias: além de os fãs brasileiros poderem assistir aos dois episódios da season 3 dublada em português, a procura por um lugar nos cinemas vai de vento em popa. “A pré-venda de ingressos ultrapassou as expectativas da Rede Cinemark. Acho que tivemos mais pré-vendas que ‘Besouro Azul’, foi fantástico”, empolgou-se.
“A viagem tem sido boa, mas é muito curta. As pessoas são cheias de beijos e abraços, algo de que gosto bastante. As histórias que ouvimos mostram Deus interferindo com sua maneira transcendente e cool na vida das pessoas. Isso tem sido muito gratificante para nós, é como combustível”, comparou Amanda Jenkins durante a The Chosen International Livestream.
Não é para menos: o Brasil atende a um número significativo de espectadores do projeto. Há meses em que há mais downloads do app e views no Brasil do que nos Estados Unidos. “O Brasil é nosso grande parceiro, Eu vi isso em primeira mão aqui nesse fim de semana. São pessoas apaixonadas e muito solidárias”, afirmou Dallas, lembrando que tudo começou nos Estados Unidos, mas que o impacto é gigante no Brasil e no mundo. Em seguida, ele pediu a Amanda para ler a tocante carta de uma fã brasileira da série. “Por um bom tempo, eu lutei contra depressão, ansiedade, ataques de pânico e vício em drogas. Depois de assistir a alguns trechos dessa série nas mídias sociais, me interessei por acompanhá-la. Resolvi ver o primeiro episódio e não consegui conter as lágrimas quando Jesus fala com Maria. Naquele momento, Jesus me salvou de mim mesma”, leu Amanda Jenkins, super emocionada.
Casos de amor entre fãs e “The Chosen” nem sempre ficam restritos ao envio de mensagens reconhecendo a importância da série nas vidas dos espectadores. No palco com Dallas está Julie Molina, tão apaixonada pelo projeto audiovisual que passou de fã a trabalhar diretamente com ele, Amanda e equipe. “Ela está conosco há quatro anos. Atualmente, é diretora-regional e é ela quem assegura que ‘The Chosen‘ esteja chegando a toda a América do Sul e a algumas partes da América do Norte também”, revela o criador da série, que exibiu durante a live, com exclusividade uma cena da quarta temporada, que será lançada em 2024.
A satisfação de Dallas por trabalhar com gente tão apaixonada e vibrante é evidente. Por conta de tanta paixão, o diretor criou um evento chamado The Chosen Insiders Conference (www.ChosenCon.com), que é um fim de semana inteiro dedicado à série. Neste ano, a festa acontece nos dias 14 e 15 de outubro, no Hilton Anatole, em Dallas, no Texas. “Temos uma página no Facebook chamada The Chosen Insiders Facebook Page e é muito fácil de encontrar. Nessa página a pessoa encontra o código para um desconto de 13%. Especificamente treze, porque são Jesus e seus discípulos”, explica Dallas. “Os fãs poderão assistir virtualmente, mas vão se sentir como se estivessem no local. Vamos ter painéis virtuais de debates nos quais responderemos a perguntas ao vivo. Eu, Amanda, boa parte do elenco, a equipe, todos estaremos lá. E quem participar vai conhecer histórias do set, das filmagens e depoimentos pessoais sobre como o show impactou o elenco e a equipe, além de poder assistir a uma mesa-redonda sobre a Bíblia com nossos três consultores, entre outras atrações”.
Para encerrar, Dallas lê o depoimento de Jessica, uma brasileira que pensava em tirar a própria vida e deu a volta por cima depois de assistir a “The Chosen“. “Cristo falou comigo. Eu estava lutando contra a depressão e sentia que a única opção era acabar com a própria vida. Vi um anúncio da série e baixei o app sem expectativa. Mas já no primeiro episódio senti um amor que jamais havia sentido na minha vida. Chorei descontroladamente. Senti como se tivesse sido feito para mim. Encontrei Jesus de uma maneira tão alegre, tão amorosa, tão piedosa que me joguei a seus pés”, leu Dallas. “Não há sucesso, quantidade de downloads de app, dinheiro, não interessa quantas entrevistas eu dê ou a quantas pré-estreias eu vá, nada significa mais, nada importa mais do que os depoimentos apaixonados que recebemos de fãs de todas as partes”.
Quando um servo levanta os seus olhos e vê a Jesus, ele crê que só o Cristo pode restaurar-lhe os sonhos.
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