*Por Brunna Condini
Allan Souza Lima fez uma participação especialíssima em ‘Mania de Você’, e despede-se da trama nesta quarta-feira (18), quando seu personagem morre na história. Na novela das 21h, o ator é o malandro Guga, que dirige lanchas e é instrutor de esqui aquático e amante de Isis, vivida por Mariana Ximenes. Com o folhetim, Allan repete a parceria com João Emanuel Carneiro já que também esteve em ‘A Regra do Jogo’ (2015). “Mas acabei de me dar conta que minha parceria com o João é mais antiga do que eu pensava. A primeira participação que fiz em uma novela foi em ‘Avenida Brasil‘ (2012). Era uma diária só, uma cena com o Marcello Novaes e eu era o marinheiro de um barco. Um personagem bem parecido com o Guga”, recorda ele, que no momento grava a segunda temporada da série ‘Cangaço Novo‘, para Amazon Prime Video.
Em sua passagem meteórica pela novela, Allan causou burburinho nas redes por conta das cenas quentes com Mariana Ximenes. “Isso é uma grata repercussão do trabalho. Esse era o objetivo. Eu e Mari estabelecemos uma briga de ‘gato e rato’, literalmente, dentro dessa relação deles. Nestas cenas existe todo um cuidado, hoje existe a figura do diretor de intimidade, e eu, particularmente, gosto muito de conversar direto com a atriz para entender o que é permitido, porque precisamos mostrar intimidade. então, crio uma ‘palavra-chave’ de segurança, que só a gente saiba, que é um sinal para limites Porque a principal troca é entre nós”.
Sou um obsessivo dentro do ofício, por isso trabalho tanto. Sou um apaixonado. Ouvi do meu terapeuta que tenho uma relação super abusiva com a arte, no meu ofício como ator. Me dilacero por completo, e ao mesmo tempo, amo sentir isso. Por isso sinto necessidade de me arriscar em outras áreas – Allan Souza Lima
Segunda temporada de ‘Cangaço Novo’
O ator grava a segunda temporada da série ‘Cangaço Novo‘, que mostrará a luta pelo poder em Cratará, cidade fictícia da trama, e promete trazer Ubaldo, seu personagem e protagonista da produção, ‘em modo guerra’. “Estamos gravando em um presídio, em Campina Grande, na Paraíba. É uma energia bem tensa. Acredito muito na vivência real dentro dos meus processos de trabalho. Então, busco mesmo a energia dos lugares. No caso deste presídio, existe um cuidado de se fazer um trabalho de ressocialização dos detentos. Eles fazem cursos lá dentro, desde eletrônica a chefe de cozinha, por conta disso, muita gente consegue voltar para a vida depois. Vi de perto o quanto é necessário esse processo de reintegração”, diz.
“Esse é um presídio relativamente mais tranquilo, porque nem todas as celas estão ativadas, e eles também podem ir pra casa e voltar. Mas é o contato com uma outra realidade, te coloca em outro prisma”. E observa: “E importante não olhar para a vida dessas pessoas e julgar. Tenho exercitado o não julgamento. É interessante perceber como somos hipócritas por natureza. É preciso aprender a não julgar o próximo. Sei que é uma coisa meio utópica, mas ao invés de ficar construindo concretos em cima de concretos, seria interessante pensar em construir uma escola, uma área de estudo, em que os presos pudessem aprender. Porque em grande parte dos presídios, eles são tratados como animais, daí acabam se reinserindo na sociedade com mais ira…existe um outro lado que precisa ser olhado”.
Parceria
Sempre dando destaque para a sua vida profissional e não a pessoal, Allan comenta sobre a exposição que veio junto do namoro com Rafa Kalimann, com quem está há alguns meses. “Não me incomoda. Somos muito parceiros e isso já era esperado. Entendo a sua vida e ela entende a minha. Rafa trabalha com isso, então é normal a exposição. Mas eu mesmo, quase nem boto a minha cara no Instagram”.
Voltando a refletir sobre os tempos intolerantes em que vivemos, ele analisa:
A gente vive em um império de ódio, de intolerância. Precisamos mudar. Nós, artistas, por exemplo, usamos nossa arte como fonte de transformação. A arte está sempre caminhando à frente, mas muitos de nós acabam por cometer a intolerância que deve ser combatida. Muitas vezes nos encobrimos em nome da arte para falar de algo que não somos. Vou dar um exemplo pontual do que estou falando. A Rafa é muito bombardeada nas redes sociais. Só que há mais de 12 anos ela banca ONGs e não fala para ninguém. Na África, o Instituto Rocinha…e as pessoas ainda a julgam. Vivemos uma hipocrisia grande”, analisa. “Me dói essa hipocrisia do meio artístico…a nossa classe é a que mais ‘cancela’ as pessoas – Allan Souza Lima
Vivemos um movimento em que ‘o dedo’ está apontado para os outros o tempo todo. Se nós, artistas, que nos achamos sensíveis, somos intolerantes, imagina o resto das pessoas? – Allan Souza Lima
Carreira internacional
Com 35 prêmios ao longo de 21 anos de carreira, Allan se prepara para lançar em 2025 um documentário. “Misturo depoimentos de vidas reais com o universo da palhaçaria. Propus os participantes que criassem uma máscara de clown de dentro das suas dores, enquanto eles falam de si de forma muito íntima, e tiram essas máscaras. Está muito verdadeiro. Posso dizer que tem uma levada do documentário ‘Jogo de Cena‘ (2007) do Eduardo Coutinho (1933-2014), que adoro. Também estou produzindo meu novo longa como diretor. Minha demanda como ator é tão grande, que faz tempo que não dirijo e tenho sentido falta”. E revela:
No próximo ano vou arriscar ir para fora do Brasil, quero me expandir no mercado como ator. Me sinto seguro pra isso. Estou planejando a carreira internacional. Todo mundo sonha trabalhar em Hollywood, que é a Meca do Cinema. Sempre gostei do cinema latino, então penso em ir para o México. Devo ficar entre idas e vindas de lá pra cá. Sinto que tenho que fazer isso, sou movido à intuição. Hoje estou preparado para voos maiores, vou em busca disso agora – Allan Souza Lima
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