Alice Braga estreia “Entre Idas e Vindas” e comenta sobre o seriado “A Rainha do Sul”: “Esse mundo das drogas é extremamente masculino e dominado pelos homens”


A atriz, que acabou de voltar de viagem do norte do Brasil, onde conheceu o povo indígena munduruku que está lutando contra a construção de uma hidrelétrica na região, ressaltou a importância de dar voz aos nativos: “É uma causa muito importante porque a área que será alagada, caso essa obra se realize, é do tamanho da cidade de Nova York

Quatro mulheres dividindo um motorhome pelas estradas brasileiras. Esse é o novo papel de Alice Braga no filme “Entre Idas e Vindas”, que estreia dia 21 de julho nos cinemas. A atriz interpreta Sandra, uma das amigas do grupo que ainda tem Amanda (Ingrid Guimarães), Krissie (Rosanne Mulholland) e Cillie (Caroline Abras). Na pré-estreia do longa que o HT acompanhou, Alice contou que a maior dificuldade desta aventura foi conseguir falar no meio da mulherada. “Quando você junta mais três mulheres dentro de um carro é quase impossível conseguir a fala. Tem que ir na luta mesmo. Mas foi muito legal, a gente ficou bastante amigas de fato”, brincou. Descontração à parte, a comédia romântica com um toque de drama dirigida por José Eduardo Belmonte, ainda aborda assuntos importantes destacados por Alice Braga. “É um filme que fala muito sobre amor, carinho, perda e perdão e que pode tocar as pessoas em diferentes pontos dependendo do momento que ela esteja vivendo. Eu acho que é um trabalho muito humano”, contou a atriz que recebeu o convite e está trabalhando no longa há, pelo menos, seis anos.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Opa, porém, tem mais trabalhos de Alice na área. Na televisão, como já havíamos te adiando, caro leitor, a atriz está presente na série “A Rainha do Sul” como a protagonista Tereza Mendonza, chefe do tráfico de drogas mexicano. O enredo, que já foi abordado em seriados como “Narcos”, estrelado por Wagner Mouraque estreia a segunda temporada em setembro, e o americano “Breaking Bad”, desta vez, coloca a mulher como figura central da trama. “Eu acho muito interessante e sinto falta de ter protagonistas mulheres nesses tipos de trabalho. Eu acho que temos que escrever mais personagens que sejam para o universo feminino. E, ter a chance de interpretar essa mulher foi muito especial. Eu li o livro – La Reina del Sur’, de Arturo Pérez-Reverte, que serviu de inspiração para a série – há oito anos e me apaixonei pela personagem. Esse mundo das drogas é extremamente masculino e dominado pelos homens. Então, ter a chance de trazer o poder feminino sem virar algo simplesmente ligado às mulheres e, sim, à força da mulher é muito legal”, comentou.

E a produção americana “A Rainha do Sul”, que no Brasil é transmitida pelo canal Space, tem recebido bons elogios em diversos países. Por aqui, Alice Braga contou que ainda não acompanhou muitas críticas sobre o trabalho, já que o primeiro episódio foi exibido na última quinta-feira, 7. Mas, mundo afora, o reconhecimento tem sido positivo. “Eu fiquei muito feliz com o investimento do canal Space para trazer bastante público. Lá fora, a gente recebeu críticas bastante positivas e fiquei feliz porque falaram do meu trabalho de uma forma muito carinhosa. É um novo desafio que eu estou enfrentando e está sendo muito gostoso e especial”, afirmou.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Porém, Alice Braga também brilha longe das câmeras. Desta vez, não como atriz, mas como cidadã brasileira preocupada com a natureza do nosso país. O HT esclarece: a convite do Greenpeace Brasil, a atriz passou uma semana com o povo indígena munduruku, próximo ao rio Tapajós, no norte do Brasil, para acompanhar a luta dos nativos contra as obras de barragens para a construção de uma hidrelétrica no local. Ainda com as tatuagens feitas por lá estampadas nos braços, Alice Braga nos contou sobre a experiência com os 12 mil índios mundurukus que vivem na região. “É uma causa muito importante porque a área que será alagada, caso essa obra se realize, é do tamanho da cidade de Nova York. Depois de ter ido lá e acompanhado a causa de perto, eu vi como é super necessário esse discurso. A gente não pode ter um novo Belo Monte porque essa hidrelétrica foi um grande erro para o nosso país. Nós não podemos repetir essa falha. E, se isso acontecer no rio Tapajós será um grande equívoco, assim como foi no rio São Francisco”, argumentou.

Alice Braga na pré-estreia de "Entre Idas e Vindas" com as tatuagens dos mundurukus nos braços (Foto: Reprodução)

Alice Braga na pré-estreia de “Entre Idas e Vindas” com as tatuagens dos mundurukus nos braços (Foto: Juliana Rezende)

Além da causa indígena, a atriz, que também é engajada em outros assuntos sociais, ressaltou a importância da visibilidade que pessoas públicas, como ela, podem dar a essas histórias. “Na minha opinião, a gente tem que dar voz. Quando eu fui convidada pelo Greenpeace, eu fui super de coração aberto para saber o que estava acontecendo na região. E, o máximo que eu puder auxiliar com a minha visibilidade eu vou fazer. Eu acho importante a gente falar de assuntos em que a gente acredita e ajudar pessoas e temas que são realmente necessários para o nosso país. Esses índios estão querendo reconhecimento para a batalha deles. A gente está discutindo sobre os direitos humanos. O povo munduruku existe nessa região há muitos anos e a construção dessa barragem é, além de uma agressão a eles e à história do grupo, uma destruição da natureza do nosso país. Nós estamos falando de um estrago ambiental. E, conhecendo esses índios e vendo a causa de perto, eu acho que nós temos que lutar contra. Não é uma opção”, declarou a atriz Alice Braga.

"Eu acho importante a gente falar de assuntos em que a gente acredita e ajudar pessoas e temas que são realmente necessários para o nosso país" (Foto: Reprodução)

“Eu acho importante a gente falar de assuntos em que a gente acredita e ajudar pessoas e temas que são realmente necessários para o nosso país” (Foto: Reprodução)