Mal estreou, ‘Além do horizonte’ já começa a dar indícios daquilo que se pode esperar desta nova trama das sete, na Tv Globo: mistérios sobrenaturais capazes de fazer a Bruxa de Blair se candidatar a um papel no elenco, confusões adolescentes para manter o público jovem sentado na poltrona, triângulo amoroso com belezuras da vez e problemas familiares para complicar a vida dos personagens. Se o objetivo inicial era ousar em um tema que não havia sido explorado anteriormente – seres sobrenaturais fantásticos inseridos no enredo -, o folhetim cumpre seu papel, trazendo um primeiro capítulo cheio de novidades com boas interrogações na cabeça do telespectador. Porém, de acordo com a pontuação no ibope, a temática parece não ter agradado tanto assim aos telespectadores. Com apenas 24 pontos na estreia, o folhetim garantiu o pior índice do horário das 19h da história da emissora. Enquanto isso, suas antecessoras ‘Sangue bom’ e ‘Guerra dos sexos’ (2012) cravaram com suas unhas longas 28 pontos nas costas do ibope. E olha que o remake do antigo sucesso de Silvio de Abreu nem estava com essa bola toda, já que os embates de Charlô e Bimbo haviam se tornado marmita requentada de ovo com bertalha.
Com elenco majoritariamente jovem e vários rostinhos novatos e imberbes no elenco – o que é bem característico do diretor de núcleo, Ricardo Waddington – o tom misterioso da trama nos faz lembrar aquelas aventuras trazidas nas últimas temporadas de Malhação em uma adaptação menos teen, pronta para ser mastigada no horário das sete. A inovação é positiva, mas a responsabilidade de não perder o caminho da prosa fica a cargo de dois autores ainda sem muita projeção, Marcos Bernstein e Carlos Gregório , o que pode levar à um ciclo de poucas possibilidades.
Enquanto o primeiro capítulo era exibido nesta noite de segunda feira, internautas de todo Brasil comentavam nas redes sociais sobre a semelhança do enredo com a série ‘Lost’, em que os personagens se perdem na selva e passam a conviver em uma comunidade meio udigrudi. Até o tom de mistério contribui para a semelhança. Entretanto, em ‘Além do horizonte’, o que levou os mocinhos a se perder não foi a queda de um avião, mas a busca pela felicidade, que parece ser o foco dos conflitos. O que é isso?!? Será que o mote segura uma trama de seis ou sete meses? ‘Horizonte perdido’ em plena selva tropical?
Quanto à atuação, o diretor optou por atores mais novos para conduzir a história. Juliana Paiva, que nem é tão novata assim na telinha, mostrou que tem carisma suficiente para segurar o papel principal, enquanto seu par romântico, interpretado por outro conhecido,Thiago Rodrigues, em seu primeiro papel de protagonista, não chega a apresentar nenhuma novidade que diferencie este trabalho de outros personagens da carreira, carregando na testa franzida de seu rosto bonitinho de galã de shopping, meio sujinho, com barbinha meio largada. Afinal, se este biotipo costuma funcionar na vida real, cativando as lolitas em baladinhas noturnas ou mesmo no ambiente descolado da Lapa, por que não funcionaria na ficção? Mas será que é suficiente para o tempo de duração da novela? Cedo para saber. Mas, pelo jeito, as brigas do futuro casal Lili e Wiliam já prometem boas cenas de romance, repetindo fórmula que costuma dar certo.
Enquanto isso, Rodrigo Simas e Christiana Ubach, que no primeiro dia já embarcam em uma viagem sem volta à selva tropical, revelam algum amadurecimento profissional e capacidade de conquistar boa projeção de mídia, o que deve lhes render, possivelmente, um aumento no valor do cachê para fazer presença em eventos corporativos e inaugurações de lojas. Seus empresários agradecem. Ainda é muito cedo para julgar se o folhetim decolará com sucesso ou, como o boeing de ‘Lost’, vai acabar fazendo uma aterrissagem forçada e se espatifando na praia. Mas, desde já, a curiosidade já está no ar.
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