* Por Carlos Lima Costa
Após se destacar como a vilã Zayla, na primeira fase da novela Nos Tempos do Imperador, Alana Cabral estreia no cinema com o drama Meninas Não Choram, que promete emocionar e levar o público às lagrimas ao abordar sinais e sintomas da leucemia em crianças. Na história, sua personagem, também Alana, é a melhor amiga da protagonista Pipa (Leticia Braga), que enfrenta a doença. “O tempo inteiro o filme mostra essa questão: ‘Será que ela morre?’ As crianças vão ficar nessa dúvida. Então, vai prepará-las para não ter mais esse tabu e saber que existem crianças que ficam dodói, outras mais saudáveis e têm que saber ter esperança”, enfatiza sobre o longa de Vivianne Jundi, remake do holandês Jogo da Vida, baseado em livro do dramaturgo Jacques Vriens.
Além do mesmo nome, a atriz, que ao mesmo tempo gravou a série Eleita, da Amazon, e em seguida, Área de Serviço, da HBO, frisa que a personagem é muito parecida com ela. “É superamiga, fiel, leal, conselheira, topa tudo. Eu sou assim. Mesmo sendo parecida comigo, não foi fácil interpretá-la. É um filme que aborda uma doença muito séria, mas a Vivi, com a mágica dela, tornou a trama emocionante, pra cima”, pontua sobre o longa que estreia em junho.
No processo de preparação, Alana assistiu filmes e vídeos sobre o tema. E lembrou de uma história triste vivida por uma amiga de sua mãe, que tinha gêmeos, e perdeu um menino para a leucemia, aos cinco anos. Na época, Alana estava com 12. “Ela não parou de lutar um segundo, fazia aniversário do filho no hospital. Eu a conheci antes deles nascerem. Ela é de São Paulo. Mesmo de longe, foi bem triste pra gente também, senti um pouquinho da dor dela. Minha personagem é superforte também e fica com a amiga em várias situações”, explica ela que, pequenininha, perdeu parentes como uma bisavó e ao se preparar para o filme procurou saber também sobre a questão da morte sob a ótica de uma criança.
Alana já está com outros dois projetos para gravar e na contagem regressiva para celebrar seus 15 anos no próximo dia dois de julho. E revela que na festa vai dançar a tradicional valsa com o pai, Ayrton. “Não faço ideia de como dança, mas vou treinar. Vai ser superdivertido, já sei cor de vestido, quase tudo e estou muito animada. Mas vou mudar vários detalhes. Não vai ter príncipe, sapatinho, aquela coisa chata. A festa vai ser mais atual”, ressalta.
A atriz teen Alana discorre tranquilamente sobre pautas relevantes. Em setembro do ano passado, por exemplo, para este site, falou sobre as perspectivas que enxerga para que o preconceito racial regrida. “O racismo é estrutural no mundo. Mas as crianças não nascem sendo racistas e preconceituosas. Elas aprendem isso com alguém, então, acho que a minha geração e a dos meus filhos, netos e bisnetos, já vão ter uma mente mais aberta e com mais respeito. Eu e minhas amigas falamos abertamente sobre o tema na escola e a gente se respeita muito”, frisou à época.
Nas redes sociais, por exemplo, procura seguir influencers que comentam sobre sua profissão ou assuntos como racismo e feminismo. Mas sem horas excessivas na web. “Minha mãe sempre me policiou, me colocou horário, até porque eu era uma criança. Agora, já está mais aberta. Mas eu estou me determinando tempos e acho que meus amigos têm que começar a fazer mais isso para ter uma visão melhor sobre o mundo real”, aponta.
Muitas vezes, na internet, por exemplo, jovens como ela passam por assédio, através de comentários indevidos. Alana não se intimida com nenhum tema. E exalta a criação que recebe dos pais. “Isso nunca foi tabu, nem um bicho de sete cabeças aqui em casa. A gente sempre falou muito sobre essas pautas sociais. Graças a Deus, vejo o machismo de longe. Na minha casa não temos isso. Minha mãe sempre me preparou muito para o mundo. Mas existem pessoas sem noção e não só na internet. Eu, já com aparência de mulher, fui assediada na rua verbalmente. Por isso, é importante falar para a criança e para o adolescente desde cedo sobre isso para que saibam se defender e saibam o que é certo ou errado. Uma vez, um senhor grisalho parou um pouquinho mais à frente da minha mãe, e falou: ‘E aí gatinha’. Disse para ela que ele tinha acabado de me assediar. Quando voltamos com meu pai, ele havia sumido e aí ninguém mexeu mais, eles sabem que não podem. Mas quando estou sozinha é outra coisa, enfim, é triste. Mas vamos desconstruir isso aos poucos”, relata esperançosa.
E está sempre atenta ao tema. “Agora, estou mais esperta, já sei me defender quando tem uma situação perto de mim. Por exemplo, tenho vários amigos homens, meninos. Às vezes, eles falam umas frases machistas e eu digo ‘Espera, deixa eu arrumar isso, está errado’. É algo que vamos desconstruindo aos poucos. Aqui em casa meu pai, que tem 40 anos, não é um cara machista, me respeita super. Meu irmão também”, conta.
Pela sua rede de amigos e conhecidos, acredita que a questão vem melhorando em sua geração. “Está vindo muito menos machista que a anterior. Quem ainda crescer com esse pensamento machista infelizmente ou felizmente vai sofrer futuramente. O machismo, o racismo, não são pautas novas. Todo mundo sabe como deve se tratar alguém, todo mundo quer ser respeitado. Por exemplo, a Lina (Linn da Quebrada), que participou do BBB, é uma mulher trans e se reconhece pelo pronome ‘ela’. Todas as características são de mulher e mesmo que as características fossem masculinizadas, teria que respeitar. As pessoas têm que começar a se ligar e a respeitar, senão vão ter que arcar com as consequências”, observa Alana, que, se pudesse, teria tirado seu título de eleitor para participar da eleição presidencial em outubro.
“Queria muito votar. Se pudesse votar, eu tiraria o Bolsonaro, porque ele fez muita besteira. A gente estava esperando alguma novidade e não aconteceu. Não sou de defender nenhum político até porque eu acho que infelizmente a política é tóxica, se tornou uma roubalheira, uma coisa louca e ninguém está certo ali, sabe, a gente tem que votar no menos pior”, dispara.
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