Adriane Galisteu fala sobre A Fazenda, seu docu-reality, polêmicas, carreira e revela: “Quero programa aos domingos”


Prestes a estrear A Fazenda 15 em 19 de setembro, a apresentadora diz como se prepara para não se desestabilizar frente à terceira edição sob seu comando. E também sobre spoilers, especulações de valores do seu contrato com a Record, valorização da experiência e da maturidade, orgulho da trajetória, arrependimentos, sororidade e empatia – “Não dá pra viver essa mentira coletiva, achando que estamos cuidando uma das outras. Estamos apontando umas para as outras. Estamos mais do que nunca criticando umas às outras” – E também do seu docu-reality produzido pelo Canal E!, ‘Barras Invisíveis’, em fase de finalização. Além de revelar sobre sonhos e planos: “Ainda quero um programa aos domingos. Mesmo continuando com A Fazenda. Os domingos estão ficando cada vez mais femininos, um dia ocupado historicamente por homens. Quero entrar nessa guerra dos domingos e desejo ser líder de audiência”

*Por Brunna Condini

Prestes a comandar A Fazenda 15, que tem estreia oficial marcada para 19 de setembro na Record TV, Adriane Galisteu conversou com o site no meio da agenda agitada de lançamento da atração. Algum spoiler sobre os participantes? “Eu não faço ideia, juro. Todo ano é assim. Acho ótimo, porque quando vazam algo, não sou uma possível cagueta (risos), fonte. Mas fico nervosa, queria ter os nomes, claro. A Record nunca me libera. Mas esse ano eles vão fazer uma estratégia um pouco diferente, vão liberar nomes antes”, reforça, mencionando a pré-estreia do programa que terá 22 participantes, e vai ao ar dia 18.

No terceiro comando do polêmico reality, Galisteu avalia o que não consegue mais desestabilizá-la. “Depois da última edição, que não foi fácil, estou mais preparada para não cair em nenhuma armadilha de peão. Estou zero boazinha, bem firme. Venho para essa com uma ‘casca’ a mais, sabe? Já botei a Debora, a psicóloga que fica lá 24 horas por dia, debaixo do braço. Ela é a pessoa que mais trabalha na Fazenda, e também estou com a psiquiatra pendurada em mim. Vambora! (risos). Esse é um programa que mexe com o Brasil do meio do ano até o Natal. Até quem não assiste, acaba sendo impactado pelas redes sociais. As polêmicas, os acontecimentos no confinamento viram assunto, são repercutidos, viram conteúdo para reflexão muitas vezes. Para mim, é sempre desafiador. Gosto”.

Adriane Galisteu fala, em entrevista exclusiva, sobre A Fazenda 15 e também aborda seu docu-reality (Foto: Danilo Borges)

Adriane Galisteu fala, em entrevista exclusiva, sobre A Fazenda 15 e também aborda seu docu-reality (Foto: Danilo Borges)

Sobre as escolhas de interferência ou não nos conflitos do confinamento, ela observa ainda. “Tem uma coisa sobre esse assunto, que sempre gosto de repetir. É bom deixar cada vez mais claro, que a minha relação é 100% com o público, com as regras do programa e com as marcas que fazem a atração acontecer. Então, temos uma linha divisória, sobre o que acontece dentro da sede, o tipo de relações que eles têm entre eles, a vida, com o que apresentamos para o espectador e com as regras que nos comprometemos. Aprendemos sempre com essas regras, não mexemos, e quando acontece uma polêmica muito grande, novas surgem também. Reforço que a minha fidelidade é com quem assiste o programa, regras e marcas. Aí, quem conta essa história, sendo do jeito que gostaríamos ou não, são os participantes, as estrelas do formato”, diz.

Estou em A Fazenda só para amarrar essa narrativa. Mas tenho que amarrá-la com chicote na mão (risos) – Adriane Galisteu

Galisteu em foto exclusiva: no terceiro comando de A Fazenda (Foto: Danilo Borges)

Galisteu em foto exclusiva: no terceiro comando de A Fazenda (Foto: Danilo Borges)

“Desrespeitoso”

Após saber que o valor de seu contrato e ganhos com a atração da Record foram especulados em um site, e repercutidos na imprensa, a apresentadora lamenta. “Não vi isso. Me incomoda, porque geralmente não são informações verdadeiras e só atrapalham. É a mesma coisa que eu pegar o holerite de um jornalista e estampar no jornal. Ele vai gostar? Não. A pessoa que faz isso está muito sem assunto. Precisa causar. Posso garantir que nunca vai ter acesso real ao meu contrato com a emissora, porque depois que eu assino, ele fica trancado na Record, então informações com números sobre isso não podem ser verdadeiras. É sempre especulação. Além de ser uma invasão de privacidade, deselegante, desrespeitoso”.

Na informação divulgada, os ganhos dela com a atração chegariam a R$ 2 milhões. “Estamos falando de um tema delicado, em um país em que o maior ‘calcanhar de Aquiles’ é a diferença social. Não tenho problema nenhum em falar de dinheiro, até porque nunca tive, tudo o que ganhei é fruto exclusivo do meu trabalho. Tenho o maior orgulho. Mas isso não quer dizer que eu valide essa invasão, acho falta de educação”.

Valorização da experiência

Aos 50 anos, Adriane fala sobre os comentários preconceituosos e etaristas de que elas e outras mulheres são vítimas nas redes sociais. “Tenho agora um canal direto para responder esse tipo de manifestação, que chamo de ‘Dona do meu nariz’, dei esse nome já que pegam tanto no meu pé por conta do meu nariz, implicam mesmo. Ali falo sobre qualquer assunto, qualquer resposta que quero dar nas redes, por exemplo. Mais do que nunca, fico surpresa e um pouco decepcionada, que a grande maioria esmagadora dos apontamentos, sobre qualquer questão física, cronológica, vem de mulheres. Estamos anos-luz daquela história que falamos tanto na pandemia, sobre sororidade, empatia. Não dá pra viver essa mentira coletiva, achando que estamos cuidando uma das outras. Estamos apontando umas para as outras. Estamos mais do que nunca criticando umas às outras”, analisa.

Nós, mulheres, não estamos entendendo as diferenças entre nós, está faltando calçarmos mais os sapatos umas das outras – Adriane Galisteu

"Fico surpresa e um pouco decepcionada, que a grande maioria esmagadora dos apontamentos, sobre qualquer questão física, cronológica, vem de mulheres" (Foto: Reprodução/ Instagram)

“Fico surpresa e um pouco decepcionada, que a grande maioria esmagadora dos apontamentos, sobre qualquer questão física, cronológica, vem de mulheres” (Foto: Reprodução/ Instagram)

“Ainda ganhamos menos que os homens, embora estejamos conquistando os nossos espaços. Toda vez que vou a uma reunião de trabalho, fico muito feliz quando vejo a maioria feminina. Isso não quer dizer que o homem não tenha que ter o seu lugar, só que já é provado que o número de mulheres trabalhando é maior, mas não em cargos importantes. Ainda estamos longe de liderar. Estamos a caminho disso. Por isso é tão importante que essa união aconteça de fato”, pontua Galisteu.

Vida documentada

No docu-reality ‘Barras Invisíveis’, em fase de finalização pelo Canal E! Adriane Galisteu mostra a intimidade da sua vida e evidencia o quanto  as mulheres podem ser fortes e resilientes. “As pessoas vão acompanhar os bastidores da minha vida, meus maiores defeitos, qualidades. São oito episódios na primeira temporada e já temos uma segunda sendo preparada. Conto minhas experiências, aprendizados, mostro como cheguei até aqui. Falo de autoestima, no sentido de como consegui dar essas ‘voltas por cima’. De não ficar estacionada na dor que todo mundo vive, sente, dores que não são únicas. Na verdade, eu abro meu coração verdadeiramente, para mostrar como a minha vida foi e está. Me orgulho de ter chegado onde cheguei. Tinha tudo para dar errado. Era uma história difícil, em especial por não ter condições financeiras, não ser filha ‘de’, irmã ‘de’. Essas relações podem abrir muitos caminhos. A pessoa que me fez ser conhecida pro Brasil inteiro tinha morrido, então era uma referência difícil de conseguir lidar. Vejo minha trajetória com satisfação, também por ter conseguido proporcionar para quem eu amo estabilidade, vida boa. Por ter meu filho, ter construído minha família, dos meus sonhos estarem se realizando”.

"No docu-reality, as pessoas vão acompanhar os bastidores da minha vida, meus maiores defeitos, qualidades, minha intimidade" (Foto: Reprodução/ Instagram)

“No docu-reality, as pessoas vão acompanhar os bastidores da minha vida, meus maiores defeitos, qualidades, minha intimidade” (Foto: Reprodução/ Instagram)

“Falo um pouco das minhas barras, e entre elas, estão também, as questões do passar do tempo, em relação à vida, ao meu trabalho. Não escondo nenhum tipo de conflito. É como se estivesse experimentando a vivência de um confinamento, porque o microfone estava em mim o tempo todo. Então, tenho até medo desse resultado (risos). Muitas vezes esquecia que tudo estava sendo documentado. As pessoas vão poder me ver realmente na intimidade. Estou gravando desde o Carnaval, então tem muita coisa nesse doc que nem me lembro mais. Nada foi programado, está real, natural. Estou curiosa”.

Minha história é carregada de polêmicas, mas não criadas por mim. Tem gente que acha uma coisa, gente que acha outra. Todas as histórias têm muito lados lados, mas a minha vem carregada, desde lá de trás, de ‘dedos apontados’, perseguições. Fui conquistando meu espaço na unha. Nunca nada foi fácil pra mim. E continua não sendo – Adriane Galisteu

Sobre o conteúdo do programa, ela destrincha ainda. “Não é porque construí uma trajetória, sou apresentadora, tive meu espaço aberto na TV há 20 anos, que não tenho que lutar para ter as minhas coisas. Mas também sou uma mulher que não deixo pra lá, chego junto. Além disso, nesta série também conto das minhas perdas, coisa que me incomodou muito, principalmente quando a lei natural da vida saiu de ordem. É muito duro. E olho para o meu trabalho, com a importância que ele tem hoje e penso: será que eu ainda preciso provar tanta coisa? Cada vez mais tenho certeza que nasci para fazer o que faço. Mas existe uma tendencia de julgar, questionar. Acho que isso é para quem tem tempo sobrando, porque na minha vida não tenho tempo pra nada, e o que sobra quero ficar com a minha família, me divertir. A vida passa muito rápido”.

"Não é porque construí uma trajetória, sou apresentadora, tive meu espaço aberto na TV há 20 anos, que não tenho que lutar para ter as minhas coisas" (Foto: Reprodução/ Instagram)

“Não é porque construí uma trajetória, sou apresentadora, tive meu espaço aberto na TV há 20 anos, que não tenho que lutar para ter as minhas coisas” (Foto: Reprodução/ Instagram)

Balanço e futuro

“Tenho orgulho das minhas conquistas e exalto isso sempre, mas também tenho arrependimentos como qualquer pessoa. Já tomei atitudes erradas, muitas vezes sou uma pessoa que me atrapalho em função da impulsividade. Achei que com o tempo, a maturidade, eu fosse começar a ter mais calma para lidar com as coisas, e percebi que muitas vezes, não. Como dizia um amado amigo meu, Sérgio D’Antino, que já não está mais entre nós, mas foi muito importante na minha vida e carreira: “Envelhecer é aprimorar os defeitos”. Achava que ele estava errado, mas agora dou toda a razão (risos). Só que me cobro cometer novos erros e não repetir os velhos, sabe? Já fui muito impetuosa, briguei com quem não devia, assinei contratos que não precisava, já escolhi alternativas que hoje talvez não escolhesse, mas avalio e pauto a minha vida em não repetir o que julguei ser equívoco”.

Queria ter a cabeça de hoje, com ‘trintinha’, já estava ótimo. Mas está tudo bem, não me preocupo com a chegada da idade, porque a alternativa é péssima. Envelhecer é muito melhor – Adriane Galisteu

E revela sobre planos futuros: “Profissionalmente ainda quero um programa aos domingos. Mesmo continuando com A Fazenda. Os domingos estão ficando cada vez mais femininos, um dia ocupado historicamente por homens. Quero entrar nessa guerra dos domingos e desejo ser líder de audiência. Também pretendo voltar aos palcos. Estava lendo um texto com o Jô (Jô Soares) um pouco antes dele falecer. Estou lendo outros. Quem sabe volto ao teatro no primeiro semestre do ano que vem? Estou pronta para os convites”.

Adriane Galisteu fala, em entrevista exclusiva, sobre A Fazenda 15 e também aborda sua série documental