“Acredito em relacionamentos entre duas pessoas muito diferentes”, diz Alice Braga


Em live da Globo Filmes sobre o longa “Eduardo e Mônica”, cuja estreia foi adiada por causa da Covid-19, sem previsão de nova data, atriz confessa que se apaixonou por Brasília durante as filmagens. “Fiz o teste uns dois anos antes e fiquei muito triste quando achei que não daria para estar no elenco, porque já tinha outros compromissos. Mas adiaram tanto que consegui encaixar esse trabalho e passar um tempo em Brasília. É uma cidade extremamente cinematográfica, não só pelo Niemeyer, mas pela luz natural, que é impressionante”, diz

*Por Simone Gondim

Assim como nas histórias de amor em que duas pessoas estão no lugar certo e na hora certa para se conhecerem, a entrada de Alice Braga como uma das protagonistas de “Eduardo e Mônica”, adaptação para o cinema do sucesso da banda Legião Urbana, foi no momento em que deveria acontecer. O filme, que era para estar em cartaz desde 11 de junho, teve a estreia adiada por tempo indeterminado em função da Covid-19, e demorou a ser feito por questões orçamentárias.

Os atrasos no começo das filmagens quase forçaram Alice a abandonar o projeto. “Fiz o teste uns dois anos antes e fiquei muito triste quando achei que não daria para estar no elenco, porque já tinha outros compromissos. Mas adiaram tanto que consegui encaixar esse trabalho e passar um tempo em Brasília”, conta. “Lembro de abraçar o René (Sampaio, diretor) e o Gabriel (Leone, que vive Eduardo) e falar: o filme era nosso, era para a gente fazer, acho que é destino”, acrescenta.

Gabriel Leone e Alice Braga vivem Eduardo e Mônica (Foto: Reprodução Instagram)

A letra de Renato Russo, morto em 1996, conta a história de um casal improvável: Mônica, uma jovem e decidida estudante de medicina, amante de literatura, cinema e artes plásticas, e Eduardo, um adolescente tímido que ainda não terminou o Ensino Médio e dá os primeiros passos na direção da vida adulta. “Acredito em relacionamentos entre duas pessoas muito diferentes”, afirma Alice. “Eduardo é lindo, sou apaixonada por ele. Quem assistir ao filme vai descobrir por que a Mônica se apaixonou também”, revela.

Além de se encantar com o casal de protagonistas, Alice foi conquistada por Brasília. A capital brasileira acaba sendo personagem do filme, pois tanto Eduardo quanto Mônica têm uma ligação muito forte com ela. “Antes do filme, havia passado rapidamente por Brasília. Foi lindo poder viver ali durante uns dias, caminhar, olhar e sentir o lugar. É uma cidade extremamente cinematográfica, não só pelo Niemeyer, mas pela luz natural, que é impressionante”, diz.

“Eduardo é lindo, sou apaixonada por ele. Quem assistir ao filme vai descobrir por que a Mônica se apaixonou também”, conta Alice (Foto: Reprodução Instagram)

Andar a pé entre as quadras não foi a única novidade na vida de Alice durante a temporada no Distrito Federal. Por causa de Mônica, ela precisou aprender a andar de moto. “Foi muito legal. Minha moto no filme é a coisa mais linda do mundo e virou um alicerce da personagem. Lembro que fiquei emocionada da primeira vez que a vi, porque ela é mais rústica, mas não tem aquela coisa vintage, é meio motocross”, observa. “Vou pedir para quem for assistir ao filme fazer um abaixo-assinado para a produção me dar a moto”, brinca.

Segundo a atriz, pilotar o veículo pelas ruas de Brasília foi um desafio. “Estava muito focada em aprender. Queria ficar confortável, sem demonstrar nervosismo em cima da moto – precisava ser quase uma parte do meu corpo, como é para a Mônica”, explica. “O Gabriel não só é mais alto como é bem mais pesado do que eu. Levá-lo na minha garupa não era uma tarefa muito fácil. Morria de medo de machucá-lo”, confessa. “Lembro direitinho o dia em que comecei a me sentir segura e pensei: cara, a Mônica está vindo”, completa.

” Minha moto no filme é a coisa mais linda do mundo e virou um alicerce da personagem”, diz Alice (Foto: Reprodução Instagram)

Alice destaca o cuidado em recriar a Brasília dos anos 1980, obra das equipes de arte e figurino, bem como a preparação para que o elenco mergulhasse nos personagens, feita por Sergio Penna. “Na preparação final, nos reunimos com vários atores locais incríveis e ensaiamos a festa estranha com gente esquisita que é falada na música, mas sem filmar. Todo mundo caracterizado, foi lindo”, descreve. “As locações também foram emocionantes. O dia em que entrei na casa da Mônica, quase tive um infarto. Lembro de abraçar o Tiago (Marques, diretor de arte) e falar ‘obrigada por esse presente’. Não por ser minha personagem, mas porque eu sabia que para o filme ia fazer muito sentido”, recorda.

Sobre o Eduardo e a Mônica da vida real, a atriz frisa que, embora os personagens da música sejam uma homenagem a um casal de amigos de Renato Russo, eles guardam muito das características do líder da Legião Urbana. “Está muito misturado. Dizem que ele tinha esses dois lados, o do menino, esse garoto família, essa coisa do futebol de botão, mas também o dela, de ser politizado, meter a cara, ter esse desejo de vida, de expansão, de viver intensamente. Acho que Eduardo e Mônica são Renato”, acredita Alice.

Apesar de o longa-metragem ser baseado na música de mesmo nome, a atriz garante que a letra em si, diferentemente de “Faroeste caboclo”, por exemplo, está mais para a poesia. “O filme fala muito da música e dessas características, mas a gente teve que criar uma espinha dorsal de quem eram os seres humanos. Fico muito feliz com nosso trabalho porque a gente se desafiou muito. Não vamos cair no óbvio, vamos buscar outro caminho. Acho que essa parceria foi muito inspiradora. A gente se jogou muito de corpo e alma”, conclui.