Nada de choro, abraços emocionados ou demonstrações de afeto. O primeiro encontro entre Candinho (Sérgio Guizé) e o pai, Ernani (Leopoldo Pacheco), em “Êta mundo bom”, será pura confusão. Estivemos, nessa quinta-feira, 23, nos Estúdios Globo, onde os atores gravaram a cena, prevista para ir ao ar no próximo dia 7, e conferimos de perto quando o protagonista finalmente conhece seu pai, depois de pedir ajuda a Anastácia (Eliane Giardini) para encontrá-lo. Acontece que, quando Ernani aparece em sua frente, o caipira não acredita nas boas intenções do homem. “Eu não ouvi direito não, o senhor disse ‘pai’?”, pergunta Candinho, surpreso. “Vim procurá-lo porque sabia que estava aqui vendendo pipocas. Sou seu pai. Só de vê-lo pela primeira vez já sinto uma enorme alegria, você nem sabe quanta”, responde Ernani. O encontro, na praça onde Candinho vende pipocas ao lado do amigo Pirulito (JP Rufino), termina em confusão. Tudo porque, aconselhado por Pirulito, o caipira acredita estar sendo vítima de um golpe e chama a polícia.
Conversamos com os atores logo após a cena e Leopoldo Pacheco, que chegou à trama para uma participação especial de uma semana, contou que foi uma sequência desafiadora. “Eu sinto uma certa dificuldade, porque o personagem do Guizé é muito curioso e o meu chega da Inglaterra nesse universo, tentando lidar com a ingenuidade dele, de forma tão distante. Os dois não conseguem falar a mesma língua, acho isso interessante em cena. É emocionante para o Ernani descobrir que tem um filho de uma mulher que ele amou tanto. A cena é curiosa, bonita, bem construída”, disse ele, que estava superconcentrado antes de gravar. “Estudei muito, acho que até pelo fato de não estar no aquecimento, no andamento da trama. Me preparei demais para não me perder nesse lugar, manter e compreender esse Candinho, que eu não conhecia ainda e que tem um universo tão diferente do meu personagem”, explicou.
O protagonista também analisou a gravação: “Conheço o ator Leopoldo há bastante tempo e sabia que sairiam coisas boas dali. É difícil. A cena passa por vários momentos. Fiquei me concentrando para passar a surpresa de alguém que recebe uma notícia de que o outro é seu pai, depois do pensamento de que é um golpe, ao mesmo tempo da emoção da possibilidade de ter um pai, mas também de achar que o mundo é cruel”, listou Sérgio Guizé, que foi além: “Como personagem, eu pensava que nem seria possível encontrar o meu pai, mas a minha mãe, por amor ao filho, foi atrás desse homem. Agora, fazendo a cena, eu penso: ‘nossa como era bom ter um pai’, e olho para o Pirulito que não tem pai nem mãe, fico mal de reclamar de barriga cheia”, confessou ele, assim, em primeira pessoa. É que Guizé está tão entregue ao papel que chega a sonhar com seu personagem: “Falo ‘eu’ falando do Candinho. Tento deixá-lo de lado, mas não consigo. É difícil desconectar porque eu empresto meus sentimentos para ele. Procuro fazer de verdade, então as emoções são verdadeiras. Sonhei com ele essa noite, no encontro com esse pai. Esse Candinho que eu sonho é outra pessoa, não sou eu. Quando gravo, eu sou ele”, explicou. O sucesso é a resposta.
Artigos relacionados