“Cultura de ódio na internet não está com nada. É preciso pensar antes de escrever”, diz Paolla Oliveira


No ar na reprise de ‘A Força do Querer’ como a policial Jeiza, que carrega a potência da mulher brasileira, a atriz fala com exclusividade ao site sobre o papel no folhetim que lhe rendeu prêmio e o coração do público. Ela também comenta sobre a quarentena, seu ativismo animal, a relação com os fãs e seguidores. Além disso, fala da sua paixão pela profissão e da exposição que vem no ‘pacote’ dela: “Ter a vida pessoal longe dos holofotes não é uma tarefa fácil. Eu acho que existe o bônus e o ônus de ser conhecida, reconhecida e de ter o carinho do público, inclusive em outros países. Ter que cuidar para não ter sua vida exposta demais é o ônus, mas vale a pena”

*Por Brunna Condini

Se existe uma coisa comum a todo ser humano é que temos sonhos, quereres. E é esse mote que ‘A Força do Querer’, tem trazido de volta ao horário nobre da TV Globo, em edição especial. Um tema que faz refletir sobre as nossas escolhas, principalmente em um momento como o que vivemos, atravessando uma pandemia e uma crise mundial. Dentro da trama de Glória Perez os personagens são desafiados pelos caminhos que escolhem e precisam lidar com as consequências disso. É neste contexto que Paolla Oliveira vive a policial Jeiza, profissional do Batalhão de Ações com Cães, que sonha em se tornar lutadora de MMA e vem mostrando que as mulheres podem fazer e chegar onde quiserem.

A atriz falou ao site sobre a novela, a quarentena, seu ativismo em prol dos direitos e acolhimento dos animais, e também da relação com seguidores nas redes. Tem se visto na reprise da novela? O que tem sentido? “Sim, estou acompanhando. Está sendo muito divertido poder assistir, poder ver a repercussão, as pessoas comentando novamente e curtindo a Jeiza mais uma vez. Foi tão delicioso de fazer essa personagem, foi muito desafiador no início, mas ver as mulheres se identificando com ela foi muito gratificante. Eu estou gostando bastante, esse trabalho foi muito importante e marcante na minha carreira”.

“Foi tão delicioso de fazer essa personagem, foi muito desafiador no início, mas ver as mulheres se identificando com ela foi muito gratificante” (Divulgação/ Globo)

Paolla levou a premiação de melhor atriz por sua atuação como Jeiza no Troféu Melhores do Ano do Domingão do Faustão, disputando com Juliana Paes por sua memorável Bibi Perigosa. O resultado gerou polêmica nas redes na época, mas Paolla não alimenta esse tipo de coisa. Simpática e elegante, ela publicou uma mensagem em resposta a um post de Juliana, que havia assumido, que humanamente, se decepcionou quando não levou o prêmio por sua Bibi:  “Amamos você e a Bibi Perigosa. Sem vocês não teria a Jeiza e a Força do ‘Nosso’ Querer seria menos brilhante. Prêmio é legal sim, mas você tem toda a razão, tudo é pouco diante do amor que temos uns pelos outros e da força que criamos juntos nesse trabalho tão especial. Diante disso, é tudo nosso!!! Sou sua fã. Beijos”, escreveu no Instagram.

Além de premiada, você foi muito elogiada pela Jeiza, por que acha que o público se identificou tanto? “Essa mulher, na verdade, está muito mais presente do que a gente imagina. Por isso, acho que o público teve essa identificação forte. Ela é livre para fazer o que quiser. Para mim, essa personagem continua representando a mulher brasileira, aquela que queremos ter como amiga, familiar, de bom caráter e profissional. A questão do poder dela vem da liberdade de escolha que está sendo falada mais ainda neste momento. Muito gratificante ser chamada até hoje como major Jeiza”.

“Para mim, essa personagem continua representando a mulher brasileira, aquela que queremos ter como amiga, familiar, de bom caráter e profissional” (Divulgação/Globo)

Ela está cotada para assumir a protagonista em ‘Cara e Coragem’, título divulgado para a trama que Claudia Souto escreve para o horário das 19h, na TV Globo. E segundo já publicado, Paolla será uma dublê de cenas de ação e fará par romântico com Marcelo Serrado, que terá a mesma profissão. Além disso, a atriz também deve assumir como apresentadora o programa ‘Curti Seu Look’, com a missão de conseguir, para anônimos, looks usados por famosos e que chamaram atenção. Mas como os projetos ficaram todos para 2021 por conta da pandemia do coronavírus, Paolla prefere não comentar sobre eles, já que ainda não existe previsão de estreia. “Tive alguns planos profissionais adiados por conta da pandemia. As férias também. Mas nada disso é mais importante do que a tranquilidade de ir vir, sem ter planos mesmo”, avalia. “Esse período me trouxe para perto das coisas que eu gosto de fazer, da calma que eu gosto de ter. Ficar perto de amigos, da minha família”.

“Esse período me trouxe para perto das coisas que eu gosto de fazer, da calma que eu gosto de ter. Ficar perto de amigos, da minha família” (Reprodução)

Movida por escolhas conscientes

Com quase 29 milhões de seguidores, ela tem compartilhado momentos do seu isolamento social nas redes. Nas imagens, a atriz mostra que tem priorizado cuidar da saúde e do seu bem-estar, ficar em contato com a natureza, e também com seus animais. Paolla é militante da causa animal e faz questão de sempre demostrar seu amor pelos bichos.

Durante a pandemia, inicialmente as adoções de pets aumentaram, mas também, paradoxalmente e paralelamente, o abandono também cresceu (segundo informações do Centro de Zoonoses do Distrito Federal). Você, que é engajada na causa animal, faria que tipo de apelo às pessoas? “É uma causa importante e urgente. É preciso educar, conscientizar, e agora a última conquista foi aumentar a punição para maus tratos. Meu apelo é sempre para as pessoas adotarem mais. Adotar é um ato lindo, importante e grandioso. Um carinho incondicional! Companheirismo, histórias para contar, aprender a dividir e cuidar, além de muitos outros benefícios”, garante.

“É uma causa importante e urgente. É preciso educar, conscientizar, e agora a última conquista foi aumentar a punição para maus tratos” (Reprodução Instagram)

Ela apoia e é madrinha de ONGs como a Paraíso dos Focinhos, no Rio de Janeiro, e o abrigo Au Family, em Belém, para onde foi recentemente em visita. Quantos bichos têm com você hoje? “Alguns da Paraíso dos Focinhos que sou madrinha, e o restante da rua mesmo. Somos em uns 12 agora entre gatos e cachorros”.

Uma atriz de sucesso e com trajetória ascendente, consciente e antenada com as causas de seu tempo, Paolla é requisitada constantemente para entrevistas, as pessoas querem saber o que ela faz e o que ela pensa. E apesar de toda a exposição que a carreira por si só já proporciona, ela procura deixar seu universo particular longe dos holofotes. E não parece querer abrir mão disso. Tanto que mesmo em entrevista recente à uma colega de profissão, Giovanna Ewbank para o seu canal, não falou sobre a vida amorosa e o suposto relacionamento com o coach Douglas Maluf, e disse com bom humor: “Essa eu não respondo. Deixa o Google falar”.

A curiosidade sobre a sua vida pessoal incomoda? Não falar sobre alguns temas, como relacionamento, por exemplo, é uma forma de dizer: “A atriz é pública, mas a Paolla, não”? “Ter a vida pessoal longe dos holofotes não é uma tarefa fácil. Eu acho que existe o bônus e o ônus de ser conhecida, reconhecida e de ter o carinho do público, inclusive em outros países. Ter que cuidar para não ter sua vida exposta demais é o ônus, mas vale a pena”.

“Ter a vida pessoal longe dos holofotes não é uma tarefa fácil. Eu acho que existe o bônus e o ônus de ser conhecida, reconhecida e de ter o carinho do público” (Reprodução Instagram)

Durante a pandemia, a inteiração de muitos artistas com seu público aumentou. Como foi para você? “Continuei mantendo minhas redes, mas não mudei nada. Respeito muito meus seguidores e procuro atendê-los de maneira confortável também. Nosso canal direto continua e é muito importante ter essa relação saudável”.

Recentemente repercutiu um episódio em que um seguidor foi indelicado comentando sobre sua boca – A atriz deu uma resposta na rdes sociais depois que um homem insinuou que ela teria feito preenchimento labial e não teria ficado bom – O que acha importante que as pessoas saibam sobre esse tipo de atitude? “A cultura de ódio na internet não está com nada. Imagina se você faz um comentário desses numa foto de alguém que fez algum tipo de intervenção e se arrependeu ou que não está satisfeito com o resultado? Apesar do impacto que um comentário ofensivo pode ter, esse foi pouco até diante do quanto essa cultura tem que ser combatida. Quando a percebemos que as ações têm reações, fica mais claro o porquê é preciso pensar antes de agir ou escrever um “ simples” comentário desagradável”.

“Quando a percebemos que as ações têm reações, fica mais claro o porquê é preciso pensar antes de agir ou escrever um “ simples” comentário desagradável” (Reprodução Instagram)

Paolla aproveita para avaliar sua caminhada e o amadurecimento adquirido até aqui: “Hoje aos 38 anos, eu faço um balanço muito positivo da minha vida. Com muitas conquistas, muitos desejos, ainda mais, sem dúvida, me sinto muito melhor hoje do que há alguns anos. Estamos numa eterna busca. A maturidade que a idade traz nos dá o conforto de ser apenas quem a gente é. Vivendo mais à vontade e satisfeita. O guia dos meus 38 é ser mais feliz do que suscetível às pressões ou imposições externas. Até porque a vida passa rápido demais”.