Há nove anos afastadas dos palcos, Vera Fischer fez seu retorno triunfal aos teatros cariocas na noite de ontem, com a estreia da peça “Relações aparentes”. Após passar por capitais brasileiras como São Paulo e Belo Horizonte, e se tornar um sucesso durante curta temporada em Angola, a história escrita por Alan Ayckbourn na década de 1960 chega ao Teatro Leblon, com a atriz interpretando Sheila, uma esposa que, após décadas de casamento, ainda desperta ondas de ciúmes no marido (Tato Gabus Mendes), principalmente após uma série de mal entendidos durante o espetáculo, no qual ela, ele, a amante e seu pretendente acabam passando uma tarde juntos. “Quando eu li, pensei que ela tinha um bom humor inerente à pessoa, com isso de querer o marido a qualquer custo”, conta a estrela, com exclusividade para HT.
Sua última peça a entrar em cartaz no Rio foi ‘Porcelana fina’, de George Feydeau, exatamente nesse teatro. Mas, ao contrário do drama denso interpretado durante 2006, em “Relações aparentes”, Vera Fischer faz uma rara investida na comédia romântica, aparecendo descontraída, leve e saltitante no palco. “Tenho um carinho muito especial por esse espetáculo, porque fui meio que ‘catada’ para ele. Eu estava pretendendo fazer uma peça mais séria, como sempre, e então me chamaram para fazer essa comédia. Achei que, no começo, eu não fosse dar conta, porque não sou comediante. Mas, de repente, durante os ensaios, eu consegui tirar de mim todas as minhas meninas e crianças, com suas coisas infantis. É tudo muito feliz, e acho esse personagem muito bacana, porque não importa o que aconteça, ela quer o marido”, analisa Vera.
Perguntada se, na posição de sua personagem, ela faria o mesmo – uma série de artimanhas para dispensar a amante do marido e tê-la para si mesma, sem franzir a testa ou pensar duas vezes sobre se queria ou não desistir da relação aós a descoberta da traição -, Vera solta uma gargalhada e responde: “Hoje em dia, com certeza sim. Porque ela conseguiu despachar os outros dois e ficar com o marido. Ela até fica chateada pela traição, mas vai contornando, sacaneando e juntando os outros dois casais. É um jogo de inteligência, porque quem quer manter a pessoa que ama, faz todos esses meandros”, explica, acrescentando que “cismou” que a sua personagem é “feliz o tempo todo”.
Depois de passar por tantas cidades antes de chegar à capital fluminense, Vera Fischer comenta que a peça se adaptou ao novo panorama da audiência, o que, bem, integra mais um ótimo motivo para assistir à musa ao vivo. “Está diferente, até porque o público carioca também é assim. Demos uma diversificada. Claro, à medida que você vai fazendo uma peça, ela vai amadurecendo e crescendo, mas nem sempre para o mesmo lugar. Assim você consegue dinamizar a apresentação, sem fugir do principal”, analisa, com sua experiência de décadas nos palcos.
Além dos quase 10 anos longe dos teatros cariocas, Vera também tem se mantido afastada da TV desde 2012, quando viveu a vilã Irina em “Salve Jorge”, trama escrita por Glória Perez. Entretanto, isso mudará em breve, e com gostinho de nostalgia: a atriz volta a encarnar sua versão da Helena de Manoel Carlos, interpretada em 2000, em “Laços de família”. O revival faz parte de uma homenagem ao autor e o arquétipo feminino criado por ele, e será exibido no “Tá no ar”, humorístico protagonizado por Marcelo Adnet, ainda neste semestre. “É uma coisa pequena, uma homenagem às Helenas”, explica a atriz.
Ainda assim, com “Relações aparentes” em cartaz e o comeback na TV já programado, a estrela não mostra qualquer sinal de desacelerar o ritmo de trabalho. “Tenho um projeto próprio para o teatro, que devo executar no segundo semestre. Se a Globo resolver fazer algo para mim, nós teremos que sentar e conversar para ver o que será melhor fazer primeiro”, conta sobre o misterioso roteiro que foi comprado por ela duas vezes, mas, agora, já conta com patrocínio. De uma forma ou de outra, Vera Fischer não pretende abandonar os holofotes tão cedo – e quem agradece é o público.
Veja abaixo quem mais compareceu à estreia carioca de “Relações aparentes” no Teatro Leblon:
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