Sucesso necessário: após quase um ano em cartaz, Armando Babaioff comemora temporadas lotadas de “Tom na Fazenda” e ganha prêmio de Melhor Ator pela peça

“Amar sem temer”. A frase de poucas palavras, mas muito peso nos dias atuais, foi a forma escolhida por Armando Babaioff para encerrar seu discurso no 5º Prêmio Cesgranrio de Teatro, mês passando, quando ele ganhou na categoria Melhor Ator pelo trabalho em “Tom na Fazenda” ao lado do companheiro de elenco Gustavo Vaz. Em um papel, Babaioff levantou a frase que, aliás, também encerra as apresentações da peça. “Todo fim de espetáculo eu levanto isso e hoje não poderia ser diferente”, disse o ator no palco da premiação.

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O posicionamento de Armando Babaioff não é em vão. Em 2017, o ator passou o ano dedicado ao espetáculo “Tom na Fazenda”, do autor canadense Michel Marc Bouchard, que levanta discussões a partir da homofobia. “Pela primeira vez eu fiz um espetáculo que fiquei o ano inteiro em cartaz. Eu não esperei pelo dia da premiação, estava trabalhando o tempo todo. Foram temporadas atrás de temporada e isso é muito raro. Tudo o que está acontecendo com a peça é único”, contou o ator sobre o retorno que recebeu do público. “Nós tínhamos o teatro lotado, o público pedindo para a gente voltar em cartaz e as próprias pessoas que assistiam divulgavam. Se isso não é o maior prêmio para um ator, eu não sei dizer o que é. Não estou fazendo a linha humilde porque estou extremamente feliz de estar em uma cerimônia entre os meus. Mas fazer um espetáculo para gente que nem nunca foi ao teatro não tem preço”, acrescentou.

Armando Babaioff e Gustavo Vaz dividiram o troféu de Melhor Ator no 5º Prêmio Cesgranrio de Teatro (Foto: Eny Miranda)

Aliás, “Tom na Fazenda” tem sido único por diversas razões – e por um bom tempo. Embora tenha afirmado que não goste de destacar um trabalho ao outro, Armando Babaioff comentou a importância da peça para sua carreira. “Todo trabalho que eu faço me modifica como ator e me leva para um novo lugar de reflexão. Só que com o “Tom na Fazenda” isso está demorando bastante tempo. Toda vez que eu subo no palco para fazer a peça, a relação é tão espontânea e presencial que eu não deixo a possibilidade de pensar no que eu poderia estar fazendo. Eu quero viver aquele momento”, disse.

Não só ele. Como o ator comentou, o espetáculo tem sido sucesso de bilheteria por todos esses meses em cartaz. Para Babaioff, este é um exemplo de que o público sentia falta de um texto como o de “Tom na Fazenda”. “A peça levanta questões que são muito pertinentes a nós como seres humanos. Então, eu acho que o público percebeu que existia algo potente por trás disso e se identificou”, analisou o ator que destacou que não podemos acreditar que apenas humor e musical sejam comerciais no teatro. “A gente não pode subestimar o público achando que eles só querem ver um tipo de teatro. O “Tom na Fazenda” é um exemplo disso”, completou.

Armando Babaioff, Gustavo Vaz e Kelzy Ecard na peça “Tom na Fazenda” (Foto: José Limongi)

Por isso, o espetáculo continua vivo na cena artística nacional. “Nós seguimos até não poder mais aqui no Rio de Janeiro e depois vamos viajar com o espetáculo. O meu maior objetivo profissional agora é continuar produzindo essa peça e levando o texto para onde ele conseguir chegar”, disse Armando Babaioff que, com isso, quer potencializar outra questão. Com “Tom na Fazenda”, o ator quer atrair mais e mais pessoas para a sala de teatro e debater questões a partir da arte. “As pessoas precisam entender que o teatro é acessível e não pode ser distanciado. Na verdade, nós precisamos que a população ocupe as salas porque esta é uma arte que pertence a todos nós. Se as pessoas acham que o teatro é algo muito distante, isso me assusta. Porque está é uma arte do povo e feito para o público”, defendeu Armando Babaioff que, para encerrar, disparou: “Tom na Fazenda na veia”.