Grande sucesso da temporada teatral carioca 2018, ‘O Frenético Dancin´Days’ já foi visto por mais de 50 mil pessoas e retornou, no último sábado (05/01), para celebrar o verão 2019, no Teatro Bradesco Rio. Com direção de Deborah Colker, o musical retoma a aura mítica em torno da famosa discoteca Frenetic Dancin Days, que fez história nos anos 70 no Rio. O site HT conseguiu conversar com uma das grandes atrizes que formam o elenco da peça, Stella Miranda. No papo exclusivo, ela contou mais sobre o espetáculo e seus 40 anos de carreira.
Há quem não saiba, mas o musical “O Frenético Dancin’ Days” carrega muito mais realidade do que ficção. Isso porque o espetáculo retrata a história de vida dos amigos Nelson Motta, Scarlet Moon, Leonardo Netto, Dom Pepe e Djalma, que criaram juntos a famosa discoteca no verão de 1976. Para trazer ainda mais veracidade, o texto foi assinado pelo próprio Nelson Motta, em parceria com Patrícia Andrade. Para Stella, a presença de um dos fundadores na produção traz mais responsabilidade a todos os envolvidos: “É muito interessante contar essa história com esse formato e tê-lo por perto torna a experiência ainda mais incrível. Além do que, isso faz com que o público se conecte mais com esses personagens reais, sabe? É uma honra”.
A superprodução conta com 17 atores e sete bailarinos escolhidos através de audições, à exceção de Érico Brás, que interpreta Dom Pepe, e Stella Miranda. Quando questionada sobre como foi convidada, a atriz não escondeu a amizade de anos com a diretora Deborah Colker. “A Debinha me telefonou e insistiu que eu fizesse parte do projeto. Então, eles criaram a personagem da Dona Dayse para mim, que apesar de ser um personagem fictício, traz um peso à trama, pois eu vivi tudo isso. O elenco é todo muito jovem e tem eu, que vivi o período do Dancin Days, configurando uma realidade maior”, explicou. Além da gratidão à companheira pelo convite, Stella demonstrou muito orgulho do trabalho desempenhado por Deborah que, apesar da extensa carreira como bailarina e coreógrafa, está estreando na direção teatral. “Ela é brilhante, né? E se encaixou como uma luva nesse projeto, que é nada mais nada menos do que um grande espetáculo de dança, que tem atuação. A gente enxerga esse musical como a peça da diretora coreógrafa”, reforçou.
Assim, rodeada de amigos e contando uma história real, Stella comemorou os seus 40 anos de carreira. Apesar de vir de uma família sem vínculos com a arte, o seu nome já parecia apontar para o caminho a seguir. “Stella Miranda significa estrela para ser mirada. Tem tudo a ver com a profissão, né?”, comentou. E prosseguiu falando mais sobre a trajetória: “Eu me inspiro na arte como um todo e em todas as suas vertentes, por isso tenho a pretensão de estar conectada a tudo que é artístico e é disso que eu me alimento”. Ainda que atualmente esteja vivendo a Dona Dayse nos palcos, uma senhora que implica com os jovens da boate Dancin’ Days, Stella já interpretou dezenas de personagens nesses 40 anos de carreira, mas negou preferência pelo passado. “O foco é sempre no trabalho atual e no próximo. E sobre os formatos é difícil preferir algum. É tudo um fogo. Pode ser um fogo de fósforo, uma brasa, um incêndio ou uma lareira, mas pra mim é tudo fogo igual. Onde o meu prisma ilumina é para lá que eu vou”, informou sobre a variedade de projetos na TV, no cinema e nos palcos.
Caminhando com toda essa dedicação e amor e visando chegar aos 80 anos com a vitalidade e experiência de Fernanda Montenegro, a atriz lamentou que após tantos anos de profissão, ainda precise lutar por coisas básicas: “Em um governo que acabou com o ministério da cultura e do trabalho e queriam tirar o nosso registro de artista, que temos há 40 anos, a gente se assusta. A coisa está feia! Temos que ter força para encarar essa massa e nos posicionarmos, apelando para a liberdade, porque o que está acontecendo é um retrocesso absurdo. Eu gostaria de estar mais descansada a essa altura do campeonato, mas tudo bem, vamos recomeçar a luta toda mais uma vez”. Para ela, porém, o maior enfretamento será feito pelos jovens artistas, que ainda estão se estabelecendo na profissão: “Eu fui muito sortuda e privilegiada, mas me dá até dor no coração ao pensar em quem está começando nesse contexto. Só fica quem tem estofo, não adianta ter só cabelo agora”.
Dessa forma, consciente das dificuldades que virão e muito apaixonada pelo o que faz, Stella não demonstrou nenhum cansaço. Pelo contrário, a palavra escolhida pela artista é realização. “Apesar das barreiras, eu não me sinto bem se eu não estiver nesse meio, faz parte do meu ser. É um impulso natural. Eu amo estar em movimento e continuo como se fosse início de carreira. Isso é a minha vida”, admitiu. E finalizou, dando a todos mais um ótimo motivo para assistir ao musical “O Frenético Dancin’ Days”: “A boate era uma ilha de liberdade, na época ainda ditatorial. Nesse momento atual de repressão, é bom pensarmos que ainda existem ilhas de liberdade para nós e é na arte e na cultura que encontramos elas”. Em 2019, ela estará envolvida com algumas séries e novos espetáculos no teatro, que ainda não podem ser comentados. Ainda assim, uma coisa é certa: continuaremos a ver a querida Stella brilhar por aí.
SERVIÇO:
Estreia: 05 de janeiro
Temporada: até 24 de fevereiro
Horários
Sextas: 21h
Sábados: 18h e 21h
Domingos: 19h
Local: Teatro Bradesco Rio (Avenida das Américas, 3900 – loja 160 do Shopping VillageMall – Barra da Tijuca)
www.teatrobradescorio.com.br
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