“Se algum dia Taís quiser me dirigir, é só chamar que eu vou”, garante Lázaro Ramos


O ator estreia hoje mais uma peça como diretor, e fala com exclusividade ao site HT sobre a paixão do ofício com outros atores. Além disso, Lázaro comenta sobre a parceria e admiração pela mulher, Taís Araújo, e, inspirado pelo tema do atual espetáculo, revela situações constrangedoras profissionais que já passou: “Tenho muitas situações de testes como ator. De fazer coisas constrangedoras, contracenar com nada. Mas não posso citar certas situações até por respeito aos envolvidos, mas já passei por muita coisa desconfortável. Não só como ator, como até na minha primeira profissão. Fui técnico em patologia, trabalhava em laboratório, todos os dias, chegava às 6h, batia ponto. E não era o Lázaro de hoje, descontraído, cheio de humor. Não era concursado, então era tratado como agem com estagiário em algumas empresas, sabe? Você não imagina o tipo de experiência que vivenciava, precisava vestir algumas máscaras”

*Por Brunna Condini

Lázaro Ramos fez uma pausa nos ensaios de “O Método Grönholm – Em Busca De Um Emprego”, que estreia hoje, no Teatro Prudential, na Glória, Rio de Janeiro, para falar com exclusividade ao site. O ator dirige seu quinto espetáculo, um texto do catalão Jordi Galcerán, que já virou filme também, falando dos desafios e dificuldades na busca por um bom emprego e o que as pessoas fazem para consegui-lo. E você, o que já fez, Lázaro? “Olha, tenho muitas situações de testes como ator. De fazer coisas constrangedoras, contracenar com nada. Mas não posso citar certas situações até por respeito aos envolvidos, mas já passei por muita coisa desconfortável. Não só como ator, como até na minha primeira profissão”, lembra. “Fui técnico em patologia, trabalhava em laboratório, todos os dias, chegava às 6h, batia ponto. E não era o Lázaro de hoje, descontraído, cheio de humor. Não era concursado, então era tratado como agem com estagiário em algumas empresas, sabe? Você não imagina o tipo de experiência que vivenciava, precisava vestir algumas máscaras”, revela.

“Olha, tenho muitas situações de testes como ator. De fazer coisas constrangedoras, contracenar com nada. Mas não posso citar certas situações até por respeito aos envolvidos” (Foto: Julia Rodrigues)

Orquestrando um elenco que conta Anna Sophia Folch, George Sauma, Luis Lobianco e Raphael Logam, Lázaro se alia à Tatiana Tibúrcio para dirigir a comédia. “É um texto de muita qualidade. E os meninos estão numa alegria, brincando como se fosse o começo da profissão. Tenho um elenco dos sonhos”, diz. “A peça fala sobre métodos diferentes para selecionar um profissional para uma empresa. Só que eles têm formas não tradicionais para ocupar o cargo, pois assim que eles chegam para fazer um teste aparece a informação de que um deles é um funcionário infiltrado na empresa”, adianta o ator.

Com a estreia, ele também resgata sua história com a montagem já que, em 2007, fez o mesmo texto, mas como ator, ao lado da mulher Taís Araújo, de Ângelo Paes Leme e Edmilson Barros. “Foi importante revisitar esse texto dez anos depois. Está diferente. Estamos montando a versão do texto espanhol, que fala de coisas que aconteceram depois. Como falamos de um teste de emprego, os candidatos precisam colocar máscaras para sobreviver a este ambiente, mas, em 2007, não existia o comportamento das redes sociais, por exemplo, que temos hoje. É um mundo mais conectado, com isso, estamos mais expostos às máscaras também. Esse autor foi um visionário”.

Lázaro, ao lado de Tatiana, e com o elenco: “É um mundo mais conectado, com isso, estamos mais expostos as máscaras também. Esse autor foi um visionário”. (Foto: Chico Cerchiaro)

Com 30 peças como ator, aos 41 anos, ele, que começou a fazer teatro aos 10, fala da experiência cada vez maior na direção. Com esse espetáculo, e incluindo direção de documentário, do seu primeiro filme de ficção, o “Medida Provisória”, que tem previsão de estreia este ano, mais videoclipes, foram 11 trabalhos como diretor? “ Você contou? Devem ser (risos). Olha, não conto os trabalhos que faço, senão não rende. É uma superstição minha, de verdade. Peguei com um amigo meu, quando comecei a fazer teatro, em Salvador. Segundo ele, para de render, então não conto para não faltar”.

“Olha, não conto os trabalhos que faço, senão não rende. É uma superstição minha, de verdade. Para não faltar” (Foto: Julia Rodrigues)

E como é o Lázaro diretor? “Hoje em dia acho que tenho uma assinatura maior. Antes era influenciado pelos atores que passavam por mim. Estou mais seguro por conta do “O Topo da Montanha” (peça que dirigiu e atuou ao lado de Taís, em que fez Martin Luther King). Já consigo ver isso mais minhas escolhas”, reflete. “Também não abro mão de escutar os atores. Ao contrário de alguns diretores, meu processo começa pela escuta dos atores, mesmo que eu discorde deles. A concepção é minha responsabilidade, claro, a decisão final sobre as escolhas também, mas escuto verdadeiramente o que eles trazem. Até porque, como ator, me apaixono mais pelos projetos, quando quem está dando a direção, se interessa por mim, pelo o que tenho a dizer. Mas o meu trabalho de diretor se explica muito como paixão”.

“O meu trabalho de diretor se explica muito como paixão” (Foto: Julia Rodrigues)

Mais ocupado ultimamente com a sua versão diretor, Lázaro garante que o ator coexiste com força total. “Ele está sempre aqui. Continuo comprometido com o meu trabalho, sou ator desde criança não tem como deixar de ser, é o que sou antes de tudo. Não poderia ser outra coisa na vida”, garante ele, que estará na segunda temporada da série “Aruanas”, contracenando, mais uma vez, com a mulher, Taís Araújo, com quem é casado há 15 anos, e tem João Vicente, com 8 anos, e Maria Antonia, de 4 anos.

Você já declarou que você e Taís trabalham muito bem juntos, mas como funciona essa parceria? “Nos admiramos neste quesito também. Poderia acontecer de casar, ser ótimo, e não trabalhar junto bem, mas nos afinamos muito. Tenho prazer em contracenar, dirigir Taís, dá certo. Mas não somos perfeitos, como todo casal”.

E dela dirigir você, tem vontade? “Claro! Se ela me chamar eu vou”.

“Tenho prazer em contracenar, dirigir Taís, dá certo. Mas não somos perfeitos, como todo casal” (Divulgação Globo/ Cesar Alves)

Além da peça que estreia amanhã, o ator dirige o primeiro monólogo de Mariana Xavier, “Antes do Ano que Vem”. Mas por conta de uma queda no início deste ano, a atriz está se reabilitando para poder retomar os ensaios. “Vamos estrear quando ela se recuperar. Também é uma peça que tem humor, embora fale de solidão”, conta.

O humor nos trabalhos, como na vida, é um imprescindível? “Comigo, sim. Sou da piada. É até um problema na minha vida (risos). Antes das reuniões sérias, vem a piada. Minha família é da graça, de contar histórias, não teria como ser diferente. O humor realmente salva, na vida, e em muitas situações, é um jeito bom de contar histórias”.

“O humor realmente salva, na vida, e em muitas situações, e é um jeito bom de contar histórias”” (Foto Julia Rodrigues)