Portela investe em Renato Lage e Márcia Lávia para o Carnaval 2020


Após dispensar Rosa Magalhães, escola de Oswaldo Cruz aposta todas as fichas na inventividade do Mago, que se consagrou na Mocidade Independente de Padre Miguel.

Post publicado pela Portela em sua fan page, anunciando a chegada de Renato Lage e Márcia Lávia

Uma das poucas escolas do Grupo Especial que ainda não havia definido o carnavalesco para 2020, a Portela bateu o martelo nesta quinta-feira: contratou o casal Renato Lage e Marcia Lávia, que ingressa na azul e branco de Oswaldo Cruz em substituição à Rosa Magalhães. A investida surpreendeu portelenses, que veem com reservas a chegada da dupla, e agitou os bastidores do mundo do samba, tal qual a contratação de Paulo Barros, em 2015. 

Há motivos que justificam as desconfianças. Renato e Márcia, profissionais incríveis e com histórico inquestionável de competência, tiveram nos dois últimos anos uma passagem complexa pela Acadêmicos do Grande Rio. Em 2018, quando estrearam na escola de Caxias, a quebra de um carro alegórico levou à agremiação a um desfile desastroso, o que resultou no rebaixamento para o Grupo de Acesso. Após reunião na Liesa, a Grande Rio permaneceu no Especial juntamente com o Império Serrano. A “virada de mesa” gerou polêmica e protestos. Apenas Mangueira e Portela votaram contra a anulação do rebaixamento. Mas foram vencidas pela maioria. 

Neste ano, os carnavalescos apresentaram um trabalho incompreendido pelo júri, conquistando a nona colocação para o G.R.E.S da Baixada Fluminense. Com projetos consecutivos sem expressividade e retorno ao desfile das campeãs seria natural uma possível rejeição. A Portela crê, contudo, que o conjunto da obra de Renato e Márcia vale mais do que dois carnavais. E aposta todas as fichas na trajetória do casal que, antes da Grande Rio, ficou 15 anos no Salgueiro. Com a vermelho e branco, voltaram 11 vezes para o sábado glorioso das campeãs, quatro dessas como vice e uma (em 2009) em que exibiram a faixa de campeoníssimos absolutos, com um enredo sobre o tambor. Não é pouca coisa. 

Antes do Salgueiro, Renato, quando casado com Lilian Rabello, outra extraordinária artista do Carnaval, teve uma passagem consagradora pela Mocidade Independente de Padre Miguel. Lá, foi bicampeão logo na estreia (em 1990 e 1991) e, em 13 anos, deu três títulos ao povo da Vila Vintém, retornando 11 vezes, como faria na agremiação tijucana, para a festa das seis primeiras colocadas na folia carioca. As vitórias de Renato Lage são infinitamente maiores do que as suas derrotas. As estatísticas comprovam. A Portela baseia-se nelas para investir tão alto. O que Renato fará ainda não se sabe. Mas tem tudo para levar a águia a voar ainda mais alto. Pode revolucionar a Portela com a sua estética “high tech” cravejada de neons, fumaça de gelo seco e inventividades como o fez em “Criador e criatura” (Mocidade, 1996), mas também pode resgatar propostas tradicionais como a apresentada em “Padre Miguel olhai por nós” (Mocidade, 1995) e em “Mãe Baiana, mãe” (Império, 1983). Não à toa, Renato foi batizado de “Mago”, porque em sua feitiçaria sempre nos leva o ao encontro da estrela que faz sonhar.