*Por Alexei Waichenberg
Só existem dois papéis no amor: o de amante e o de amado. De preferência que um assuma o papel do outro em doses exatamente iguais.
Sem essa de ativo e passivo, dominante ou dominado. Faça de um jeito que não se estabeleça regras e rótulos. Seja frágil quando precisar de proteção. Cuidado e atenção são os traços da persona na atuação.
Já ultrapassamos em sociedades mais evoluídas as questões de gênero e as generalidades em questão. Somos maricas, femininos, valorizamos o contorno do outro e só invadimos conjuntos com permissão e convite, pessoal e intransferível.
Amar é sobressalto, empatia, desejo de invasão permitida.
Descubra em você o que há de ser desvendado e deixe escapar os possíveis esconderijos. Ninguém vai te entregar o segredo do cofre, portanto se puxe para ler seu parceiro, sua parceira da aventura e da fantasia, que aqui não há de ser desfilada.
Ame em sigilo, levante a bola, deixe que o prazer marque os pontos, ligue os filamentos da plenitude.
Ninguém é tampa da panela de ninguém, mas amar tem receita sim. Amar é um jogo, uma cena ensaiada. Decore as falas do coadjuvante, faça-o protagonista na hora de calar. Nessa hora a boca gela, o gozo explode e você vai perceber que o seu roteiro era bem menos excitante que o milagre de amar.
*Alexei Waichenberg, jornalista de fala improvisada
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