O palco é o seu lugar: Lilia Cabral conversa com o site HT e conta sobre os mil e um projetos de teatro, televisão e cinema

Lilia Cabral é, sem dúvidas, além de uma das atrizes mais consagradas de sua geração, um ótimo papo. Por isso, o site HT não resistiu e a puxou em um canto para uma entrevistinha enquanto o filme “Que Horas Ela Volta?”, estrelado por Regina Casé, durante a pré-estreia do longa de Anna Muylaert. Lilia, que em seu último papel interpretou a vilã Maria Marta na novela “Império”, contou que tem outros projetos na Rede Globo para o ano que vem, mas tudo em clima de mistério. “Não posso falar nada ainda, porque enquanto a emissora não se pronuncia a gente não deve abrir a conta”. Se os projetos na televisão ainda são segredo, no teatro Lilia está trabalhando na peça “Reunificação das duas Coreias”, texto escrito pelo francês Joël Pommerat. Na montagem, que aborda histórias de amor e desamor, Lilia interpreta diversos personagens. “São 20 histórias curtas e cada um dos atores vai se desdobrando em diversos papeis, que vão se multiplicando ao longo do espetáculo. Eu mesma, por exemplo, faço 10. É uma peça muito interessante, diferente de tudo que eu já fiz”, declarou.

Tereza ( Lilia Cabral)

Ela, que tem muita experiência com a atuação, disse que ainda não tem ideia de como será interpretar tantos personagens em uma só montagem, mas garante que o desafio não a amedronta. “No começo da carreira a gente se assusta muito pra compor um personagem. Depois, com a maturidade, se compreende que o nosso trabalho é esse, é entrar e sair dos personagens. O que antes parecia um drama vai se tornando um processo mais orgânico”, comentou a atriz, que comparou ainda o processo nos palcos com as gravações de uma novela. “Quando você está em uma novela e tem 20 cenas para defender naquele dia, na verdade você está entrando e saindo do personagem o tempo todo, porque acaba a gravação, entra outra cena e assim vai”.

Lilia foi conferir de perto a pré-estreia do filme “Que horas ela volta?” no Cinépolis Lagoon (Foto: AgNews)

Além disso, Lilia ainda tem outros projetos em mente. “Tenho uma outra para o teatro, mas é só para 2017, vou começar a pensar nele no próximo ano”. O teatro é um habitat natural para a atriz. Ela, que interpretou Maria do Caritó nos palcos em 2010 e reestreou a peça em 2015 com um grande sucesso de público e crítica e a conquista de vários prêmios, conta que esta história ainda vai além. “Estamos levando adiante a ideia do filme “Maria do Caritó”. A peça fez tanto sucesso e eu acredito que o filme também vá fazer”. A montagem, que passou pelo Brasil inteiro e levou milhares de pessoas para o teatro, tem texto de Newton Moreno e direção de João Fonseca e conta a história de uma personagem que quase aos 50 anos ainda é virgem e sonha com um marido.

Lilia estava ansiosa para ver Regina Casé nas telas e acredita que o filme é merecedor dos prêmios que já conquistou. “Fazer um personagem tão desafiador é surpreendente porque faz tempo que a Regina não está atuando, mas não é surpreendente o fato de ela fazer bem, porque ela é uma grande atriz”, disse Lilia, que aproveitou para opinar ainda sobre o tema central do filme “Que horas ela volta?”, que é a relação patrão-empregado, tão popular no Brasil. “Aqui, muitas vezes, a empregada agrega e faz parte da nossa família. Eu, por exemplo, tenho a babá da minha filha há quase 17 anos comigo. Tive uma que trabalhou na minha casa por 22 anos. Eles acabam participando da nossa vida”, falou a atriz, que garantiu que, no seu caso, ter uma funcionária que cuide de sua casa e da filha foi muito importante. “Eu sou muito grata às pessoas que me ajudaram, porque eu sempre precisei. Não tenho pais nem irmãos com quem eu podia deixar os filhos. As babás foram um alento para mim. Elas são minhas parceiras e mais minhas amigas do que funcionárias”.

Carolina Dieckmann e Lilia Cabral posam juntas antes da exibição do filme “Que horas ela volta?” (Foto: AgNews)