*Por Iron Ferreira
A peça “IROKO – MEU UNIVERSO” narra a trajetória de um menino que ao tentar desbravar o mundo termina por descobrir a sua identidade. O monólogo, que está em cartaz no Espaço Cultural Sérgio Porto, é apresentado por Jeff Fagundes, que em conversa exclusiva com o site HT, contou um pouco mais sobre a origem da trama: “O nosso espetáculo está em produção há quatro anos. Eu sempre tive vontade de criar algo em cima da minha própria identidade e da história que ela carrega. Com o tempo, percebi como o negro não consegue entender a sua própria identidade, justamente por causa do embranquecimento que aconteceu no Brasil devido à escravidão e os demais fatos históricos. Ao pesquisar o processo do corpo preto no tempo, a gente chegou no IROKO, que foi o primeiro imigrante. O negro vive em busca do seu lugar de pertencimento, e é isso que queríamos retratar na peça”.
O espetáculo foi apresentado pela primeira vez na Sergóvia e na Espanha, durante o Congresso Internacional de Teatro. Através da oportunidade, o ator utilizou seu talento para promover a expansão da arte por outros territórios: “Em 2017 nós ganhamos o edital da UNESCO. Durante a minha permanência na Espanha, acabei fazendo alguns contatos políticos e fui convidado para exercer o cargo de Secretário de Colaboração no Instituto de Jovens Promissores. Sou responsável por promover a cultura em 24 países diferentes. Já fomos convidados para levar a peça para o Nepal, Colômbia e no Zimbábue”.
Além de protagonizar, Jeff também é responsável por roteirizar a montagem. Segundo o artista, o principal objetivo da obra é falar sobre a sensação de pertencimento de cada indivíduo. “É uma loucura! Fico completamente tomado pelo projeto. Dentro da sala de ensaio que o espetáculo foi acontecendo. Não é só sobre a minha história pessoal, mas sobre todas as pessoas que se identificam. A gente não para para pensar aonde existimos nesse mundo, e é isso que eu busco resgatar”, afirmou.
Outro ponto abordado pelo ator é a importância que os ancestrais possuem em nossa cultura e a maneira com que eles determinam os nossos hábitos. Além disso, a eterna sensação de insatisfação e busca por algo que pode estar ao nosso lado também ganham espaço nessa produção: “Iroko é a árvore que liga e anota todas as histórias com suas conquistas, lágrimas e viagens. Ela representa o espírito ancestral que molda a nossa vida. Muitas vezes nós queremos voar e sermos livres, valorizando o que está distante. Porém, a nossa felicidade pode estar aos nossos pés, como a raiz dessa árvore. É disso que o espetáculo trata, do descobrimento dessa identidade”.
Provando que a arte pode ser transformadora dentro e fora dos palcos, Jeff fundou o Coletivo Egrégora, um grupo carioca de estudos cênicos que valoriza a origem e as características de cada membro. Criada em 2017, o grupo é o único da América Latina a ocupar o Comitê Jovens Artistas Promissores do Instituto de Teatro Internacional da UNESCO. “É um coletivo miscigenado e busca respeitar a identidade de todos os que participam. Acreditamos que o afrodescendente brasileiro é atravessado por várias culturas, ao dar espaço para essas pessoas e suas vozes, conseguimos nos escutar. Com isso, abrimos muitas portas e fazemos com que as pessoas conquistem seus espaços”, comentou.
SERVIÇO:
Temporada:
Até a 30 de Junho de 2019
Horários:
Quinta-feira a segunda-feira – 20h
Local:
Sala Dois – Espaço Cultural Sérgio Porto – Rua Humaitá, 163 – Humaitá – Rio de Janeiro
Tel.: (21) 2535-3846
Ingressos:
R$ 40 (inteira) / R$ 20 (meia-entrada)
Duração: 60 minutos
Classificação: 18 anos
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