*Por Jeff Lessa
Há pouco mais de dez anos, mais precisamente em 2007, a atriz e poeta Betina Kopp criou um blog para escrever… para si própria. Chamava-se “Beco” e reunia poemas de sua autoria. A atriz Camila Amado leu e, quando terminou, deu o veredicto: “Você está pronta”. De lá para cá, os poemas foram reunidos em um livro e alguns deles compõem o roteiro da peça homônima ao blog. Pois “Beco” chega nesta terça-feira (dia 7) ao Teatro Candido Mendes, mas completamente diferente ao espetáculo que estreou em outubro do ano passado no Teatro da UFF, em Niterói, cidade natal de Betina.
– O Teatro da UFF é imenso. A arena da Candido Mendes é intimista, fico próxima ao público quando falo os poemas. Lá eu tinha que usar microfone, aqui me libertei disso e estou adorando! É ótimo não precisar do microfone, que capta tudo, inclusive a respiração do ator – conta. – Na arena eu consigo ver as pessoas, não uso o truque de imaginar que vejo. Sem falar que na UFF tinha mais show, enquanto aqui é mais íntimo. Mas o conteúdo é exatamente o mesmo.
Com direção de Andressa Koetz e supervisão do mestre Amir Haddad, “Beco” tem apenas uma hora de duração. No entanto, neste curto intervalo de tempo reúne projeções multimídia que fazem as vezes de cenários virtuais, dramaturgia e música eletrônica. Os recursos são usados para conectar palavra, movimentos e frequências. E também servem para evitar um dos maiores temores da atriz: deixar a interpretação dos poemas com jeito de sarau.
– A música eletrônica está muito presente. No palco tem dança, música, música eletrônica… Descobri que tinha toda a liberdade no teatro quando descobri a poesia. Eu dou o tom quando interpreto os poemas. Numa peça de teatro, você tem compromisso com os outros atores e com a dramaturgia. Aqui sou completamente livre para fazer um espetáculo vivo – ressalta.
Um de seus poemas mais recentes, “Mulher Cavala”, foi transformado em batidão para o teatro.
– Ninguém segura mais as mulheres. Não tenho medo do enfrentamento, de dar a cara a tapa. A “Mulher Cavala” é o pé na porta. Ela quer amar, ser livre, mas também quer ser pega, é uma troca: dominar e ser dominada – diz Betina, explicando o motivo de gostar tanto de interpretar poemas no teatro: – Prefiro dessa forma à poesia escrita. Acho que, ao ser interpretada ao vivo, “pega” mais aquelas pessoas que costumam dizer que não gostam do gênero.
Betina conta que vai gravar um áudio para o novo clipe dos Detonautas. (Uau!) Pergunto como ela está se sentindo com a proximidade da (re)estreia num teatro tão diferente, numa outra cidade.
– Estou muito segura da minha parte. Mas fico agoniada com a parte técnica, montar a luz, essas coisas. Porque depende de outras pessoas, não é? Vou ficar muito mal se algo der errado – desabafa. – Mas prefiro ter confiança. Então, eu entrego, confio, aceito e agradeço.
Aos 35 anos, Betina Kopp tem um currículo longo e invejável. Formada pela Casa de Artes de Laranjeiras (CAL) ela atuou em novelas e programas da Globo, do Canal Brasil e da TV Futura. Participou como apresentadora do humorístico “Sensacionalista”, no Multishow. No teatro, atuou em “Diálogos com Lorca”, dirigida por Lu Grimaldi, “Vão Paraíso” e “Escola de Molières”, ambas dirigidas por Amir Haddad. Criou as performances “Corpinturadas”, “Poesia Que Para (PQP)”, “Poesia para Degustar” (em que coloca talheres na cabeça e oferece poesias ao público) e “Poiesis”. Betina também é co-fundadora do coletivo performático Voluntários da Pátria, liderado pelo músico Tico Santa Cruz, vocalista da banda Detonautas, que leva música e poesia para jovens de todo o país.
SERVIÇO
Teatro Candido Mendes: Rua Joana Angélica 63, Ipanema –2525-1000
Terças, às 20h
R$ 50
Duração: 60 min
Classificação etária: 14 anos
Até 28 de maio.
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