Beth Carvalho completou 50 anos de carreira em grande estilo. Nessa quarta-feira, 9, a cantora esteve na plateia do Teatro Maison de France para assistir ao espetáculo “Andança – Beth Carvalho, o musical”, que conta com texto de Rômulo Rodrigues, direção de Ernesto Piccolo e direção musical de Rildo Hora. Além disso, 23 atores e nove músicos sobem ao palco ao som de grandes sucessos como “Ainda é tempo de ser feliz”, “O show tem que continuar”, “Coisinha do pai”, “Vou festejar” e outros. “Dirigir um musical, e particularmente ‘Andança’, me emociona muito. Me arrepiei durante todos os ensaios. Não sei se a música me colocou nesse canal, mas foi um processo especial”, revelou Ernesto.
A dama do samba acompanhou de perto toda a produção do musical. O diretor contou que levou a montagem ao play de Beth. “Montei a peça em 14 dias. Fiz um rascunhão e com um mês de ensaio nós levamos a montagem para ela ver. Beth amou e se emocionou. Semana passada ela veio ver antes também e tivemos o aval da rainha”. Beth Carvalho não é chamada assim à toa. Ela, que revelou estrelas como Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Jorge Aragão, Fundo de Quintal e muitos outros, se declarou feliz com a montagem. “Foi muito emocionante assistir esse espetáculo tão bem feito. Eles conseguiram passar uma verdade incrível. O elenco é sensacional, as atrizes até se parecem comigo. O musical está nas mãos de gente talentosa”, disse, entre uma foto e outra de tantos fãs.
Entre os admiradores, um talento especial. Joyce Cândido, a voz atual do samba, fez questão de declarar que a cantora é uma de suas grandes inspirações. “Achei o musical emocionante demais. Sou apaixonada pelo repertório que a Beth gravou. Aprendi a cantar samba ouvindo essa mulher. Uma vez ela foi me ver em um show aqui no Rio de Janeiro e eu contei para ela que, na época que eu fazia faculdade de música, um amigo meu me levou uma fita cassete e me convidou para cantar em um show especial só com Beth Carvalho. Me apaixonei por aquele repertório com Nelson Cavaquinho, Cartola e tantos outros. Fiz esse tributo a ela com 18 anos e desde então nunca mais parei de cantar samba. Ela sabe disso. Toda reverência do mundo. Ela é a rainha do samba mesmo, descobriu todos os nossos compositores”, disse.
Joyce estava acompanhada de Roberto Pontes, produtor cultural de quem já falamos aqui, que, apesar de não ter uma ligação especial com o ritmo, se emocionou com o espetáculo. “Nunca fui entusiasta do samba como sou da bossa-nova, conheço os grandes clássicos, que sempre me cativaram pela questão ritmica e a cultura popular forte. Mas minha relação com o samba ficou mais aprofundada quando conheci a Joyce, ela me contaminou com essa paixão tão forte. Foi especial assistir do lado dela, porque eu sei que a Beth tem uma importância fundamental na trajetória da Joyce”.
A plateia contava com outros nomes estrelados como Totia Meireles, Serjão Loroza, Mariana Xavier, JP Rufino e outros, que saíram emocionados do teatro. A sobrinha de Beth, Luciana Carvalho, que também é cantora e, há cinco anos largou a publicidade pela música e está lançando seu segundo CD, “Clara da Gema”, contou que a tia foi fundamental para a escolha. “Participei dessa história toda e me emociono demais. Minha tia me inspirou a ser cantora mais até do que a minha mãe, porque eu morei com ela e ia para o Cacique de Ramos, tocávamos violão, tudo inesquecível”. Serjão Loroza também tem Beth Carvalho como madrinha e disse que lembrou de sua infância durante a peça. “Desde criança escuto ela cantando e encantando. Eu sou do gueto e a Beth fez uma escolha pelo povo. Só a agradecer a ela por dedicar a vida à cultura, à arte, que ela faz tão bem”, declarou, emendando que a dama do samba se intitulou madrinha do Monobloco na época em que era o vocalista. “A partir daí ela virou minha madrinha também”. Totia Meireles, que assistiu ao espetáculo de uma das primeiras filas, confessou que chorou e se impressionou bastante. “Chorei ao ver a vida incrível dessa mulher tão forte. Conheci a Beth através do meu cunhado, lembro muito dela cantando ‘Folhas secas’, marcante. O elenco é de carinhas novas que cantam e atuam tão bem”, elogiou a atriz.
Rildo Hora passou uma longa fase se dedicando aos discos, mas, após o espetáculo, declarou que quer voltar a trabalhar com teatro. “Vou abrir uma vaga especial na minha agenda para esse povo tão talentoso. Que bom que começou com a Beth porque vai dar sorte”, disse ele, que é amigo pessoal da cantora há 40 anos. “Foi uma maravilha fazer essa peça com ela na plateia. É sempre ótimo estar com a Beth e hoje foi um dia completamente diferente, eu lá em cima sendo julgado pela minha rainha. Nós somos irmãos de lutas politicas e musicais”.
Stephanie Sérrat, que interpreta Beth Carvalho na juventude, declarou que ter um ídolo na audiência não é fácil. “Tentei não olhar para ela, porque não queria perder o foco. A nossa vontade é assistir a Beth nos assistindo”, definiu. Já Eduarda Fadini, que dá vida à Beth Carvalho madura, acredita que a energia da cantora alimenta os atores no palco. “Eu procurei buscar o olhar dela como um conforto, um apoio. Ela correspondeu. Beth é uma pessoa maravilhosa, tenho uma admiração enorme por ela, que é um marco não só do samba, mas da música brasileira. Uma figura marcante na memória emotiva de todos nós”, disse.
Rebeca Jamir tem a difícil missão de interpretar Maria Bethânia em uma das músicas da peça. Ela declarou que, por estar afetivamente tão próxima de Beth Carvalho, vê-la na plateia não é pressão. “Fazer esse espetáculo contando a vida dela com essa equipe linda já é uma honra inenarrável. Com a presença dela é muito mais especial”, lembrou. Com seu intenso número de “Carcará”, a atriz emocionou todo o público. “Fazer a Maria Bethânia é uma emoção e uma responsabilidade muito grande. Sou nordestina e uma fã incondicional do trabalho dela. Cantar essa música que fala de nordestinos como eu é muito feliz para mim. Ter a oportunidade de homenagear esses dois nomes tão importantes é um presente, portanto. Ainda não conheci a Bethânia, espero conhecê-la. Vai ser um dia pra lembrar pro resto da minha vida, tamanha admiração humana e artística que eu tenho por ela”, declarou.
O diretor Ernesto Piccolo atribuiu o sucesso do espetáculo, que logo em sua pré-estreia foi aplaudido de pé antes mesmo da cena final, ao grande elenco. “Tenho cantores e atores com versatilidade incrível. Conseguimos brincar com esse jogo e emocionar as pessoas que é o que eu mais gosto do ofício. Para mim, o teatro consiste em uma boa equipe, um bom elenco e uma boa história”, declarou. Após o musical, podemos afirmar com certeza que ele tem tudo isso nas mãos.
Serviço:
ANDANÇA – Beth Carvalho, o musical
Teatro Maison de France – Avenida Presidente Antonio Carlos, 58 – Centro – RJ Tel: (21) 2544-2533
Horários: 5ª a sábado às 20h e domingo às 18h
Ingressos: 5ª e 6ª R$90,00 e R$45,00 (meia entrada); sáb. e dom R$100,00 e R$50,00 (meia entrada)
Temporada: 10 de setembro a 31 de janeiro de 2016
Artigos relacionados