*Por Brunna Condini
Após 25 anos de carreira Murilo Rosa segue se reinventando. Aos 51 anos, o ator encerrou contrato com a TV Globo ano passado após 22 anos de casa, mas, embora afastado da TV, tem trabalhado muito. “Tenho gratidão por tudo, mas agora é entender que tem uma fonte nova brotando. Acho que estamos vivendo um grande momento para as carreiras dos envolvidos com o audiovisual. Assinei recentemente um contrato com a HBO Max, da Warner Media Company”, revela.
“As plataformas de streaming estão gerando oportunidades. Precisam produzir muito conteúdo. Eu vejo um futuro interessante para os talentos brasileiros. Então, esses contratos longos da Globo, que estão diminuindo, são um bom sinal. As portas estão se abrindo de forma mais ampla. É a realidade do mercado e me sinto feliz de fazer parte desta nova história”.
Murilo anuncia que os trabalhos na nova casa já começaram: “Gravei um reality, o ‘The Bridge Brasil‘, no qual sou apresentador, e chega por aqui em junho. E, agora, vou gravar o que chamamos de tele série, uma novela curta, a ‘Segundas Intenções’, com direção da Joana Jabace, texto do Rafael Monte e supervisão do Silvio de Abreu. É maravilhosa essa revolução no mercado”.
Ele está com a corda toda! Aliás, até andando literalmente na corda bamba. É isso mesmo, essa é uma das aventuras mais arriscadas que Murilo faz no musical ‘Barnum – O Rei do Show’, uma super produção que estreou na Broadway há quatro décadas e que, agora, ganha versão por aqui agora.
No espetáculo, no Teatro Casa Grande, no Leblon, o ator dá vida ao personagem do título, o showman e empresário do ramo do entretenimento Phineas Taylor Barnum, cujo mais famoso empreendimento foi um museu itinerante que era uma mistura de circo, zoológico e personagens freaks, com destaque, por exemplo, para uma mulher de 160 anos. “Tudo foi muito desafiador e está sendo. É o meu primeiro musical neste formato Broadway. E é um personagem gigante nas camadas. Na comédia, depois no drama que se aprofunda, no canto, nos malabarismos, nas coreografias e na corda bamba. Cruzo a corda bamba com 3 metros de altura e 10 de comprimento. E teve gente achando que era truque”, conta.
A versão brasileira fala de diversidade e inclusão, mas também de amor. O coração da história é a relação de amor e cumplicidade do personagem com sua esposa, Charity (Sabrina Korgut). A intensidade da parceria dos personagens e também as diferenças entre eles, fizeram o ator lembrar do seu casamento de 14 anos com Fernanda Tavares. “De fato sou mais sonhador e a Fernanda mais pé no chão, por exemplo’, observa.
“O Barnum é um cara sonhador, elétrico. E essa característica de ser um cara que sonha, que faz a Charity se apaixonar por ele. Aqui em casa, acho que a Fernanda também gosta desta minha inquietude e do lado idealizador. É um personagem muito diferente de mim, mas empresto para ele minha energia e emoção. A paixão que ele tinha pelo trabalho, eu também tenho. Barnum é um homem sonhador, um vendedor de sonhos. E, de certa forma, eu trabalho com sonhos”.
Amor bom
Murilo relembra o encontro com a mulher de sua vida, a modelo Fernanda Tavares, que levou o nome do Brasil para as passarelas do mundo. “Nos conhecemos em Belo Horizonte. Ela era madrinha da Campanha Mundial pelo exame preventivo ao câncer de mama. Participei do evento, ficamos hospedados no mesmo hotel e nos conhecemos. Nos divertimos, dançamos, e ela viu que sou um bom forrozeiro (risos). Depois de sete meses de amizade, demos o primeiro beijo em 28 de dezembro de 2003”, recorda Murilo, que do casamento com Fernanda tem dois filhos: Lucas, 14 anos, e Arthur, de 9.
“Estamos construindo essa relação diariamente e nos amamos muito. Quando casamos, brincávamos dizendo que era uma união de outras vidas. A gente acha que já se conhecia. Então, quantas vidas mais estaremos juntos? Só que temos a leveza de caminhar, sem obrigações. Construímos uma família bonita, estamos construindo uma história bonita”, declara.
Fake news e solidariedade
Foi em plena pandemia, no final do ano passado, que viralizou na web o boato de que o Murilo Rosa havia morrido. Sobre a fake news, ele tomou medidas judiciais. “O mundo está doido demais. Muitas informações de baixa qualidade, falsas, sendo espalhadas”, lamenta, acrescentando: “Quando noticiaram isso, passei para o meu advogado que, imediatamente, resolveu as questões. Mas a pessoa que publicou a notícia falsa, alterou rapidamente o texto. Ridículo isso tudo. Tudo para conseguir um pouco mais de cliques, visibilidade. São pessoas pequenas”.
E completa: “Tenho uma relação muito boa com o público nas redes sociais, não tenho problema com haters. Sempre me relacionei bem com a exposição, mas já tiveram situações absurdas. A verdade é que têm pessoas capacitadas em todas as áreas, e também não. Ainda mais agora que todo mundo tem um blog, se sente com a voz ampliada por conta das redes sociais. Mas nunca deixei nada me afetar profundamente. Procuro construir uma trajetória positiva”.
Versão de 20 anos atrás
Atualmente, o ator pode ser visto na reprise de ‘O Cravo e a Rosa’, no Vale a Pena Ver de Novo, na Globo. Na trama de Walcyr Carrasco, Murilo viveu Celso de Lucca, estudante de música, melhor amigo de Petruchio (Eduardo Moscovis), machista como ele. “Tive a felicidade de ter sido dirigido nas últimas quatro novelas pelo Walter Avancini (1935 -2001), que eu considero o maior diretor da história da televisão brasileira. As três primeiras, foram na Manchete, e aí, ele volta para a Globo dirigindo ‘O Cravo e a Rosa’. O grande marco dessa novela foi a assinatura do Avancini, que fez genialmente uma comédia pela primeira vez. Logo, depois ele faria ‘A Padroeira’, que também fiz, mas morreu no início”, lembra.
Seu personagem era um tanto machista e reflexo do comportamento de muitos homens na época, e, infelizmente, até hoje. Como fez na sua vida para desconstruir o machismo estrutural? “Sou filho de uma mulher muito forte, muito poderosa, a dona Maria Luiza. E ela, filha da minha avó, Zita, outra mulher forte. As mulheres da minha família nunca foram submissas. E fui criado por uma mulher com voz própria, independente”. E destaca: “Quem não está contra o machismo é porque está em um bolha equivocada. Acredito muito que tendo mais mulheres no poder, com a caneta para tomar decisões finais, vamos ter um mundo melhor”.
Com os filhos
E comenta sobre os cuidados que tem na criação dos filhos para que não reproduzam o machismo ou qualquer tipo de preconceito: “Educar não é uma tarefa fácil, mas, lá em casa, nos esforçamos e acho que estamos indo bem. Os meninos têm um bom exemplo, que é a própria mãe, que sempre foi dona da sua história e construiu uma carreira linda. E eles respeitam as diferenças. É algo natural dentro do que vivemos”.
Que tipo de pai você é? “Sou mais leve, acho que a Fernanda pega mais firme. Tentamos equilibrar e não discordar de decisões na frente deles. Acho isso péssimo. Discordar é normal, mas buscamos a parceria. A verdade é que a gente aprende a ser pai, sendo. O mais importante é a criança perceber que é amada, respeitada e protegida. Que tudo o que nós fazemos é buscar acertar para o bem deles”.
E anuncia que está prestes a passar uma temporada fora do Brasil: “A gente ama Portugal e eu adoro investir em imóveis. Compramos e vamos receber o apartamento no meio do ano. Pretendemos passar uma temporada por lá. A ideia não é mudar definitivamente, mas passar períodos. Já tivemos essa experiência nos Estados Unidos por conta do trabalho da Fernanda. Temos casa na Flórida e vamos de vez em quando. Acho que se podemos ter o mundo mais próximo, tendo experiências em outros países, é bom pra nós e para os meninos”, revela.
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