Laura Proença e Adriana Birolli revelam em peça e na vida o que acontece nos banheiros femininos


As atrizes – ao lado de Gottsha, Helga Nemetik, Marcella Muniz, Marya Bravo e Thaís Pacholek – vão estar conectadas hoje, no Sympla, para refletir sobre o que rola no banheiro feminino. E compartilham aqui questionamentos acerca de temas femininos que ainda precisam de atenção, e também experiências inusitadas nos banheiros da vida. “Lembro de uma menina que já estava certa da sua separação e quando sua namorada entrou no banheiro, fizemos uma ‘terapia’, de casal e elas saíram reconciliadas e marcando a lua-de-mel em Cancun”, recorda Laura Proença

*Por Brunna Condini

Viva as potentes mentes femininas! Laura Proença transformou a inquietude e a criatividade artística durante a pandemia em um projeto que não para de render desdobramentos. Com ‘Alimentando a Alma com Arte‘, ela já produziu apresentações online de textos de autores como Nelson Rodrigues, Miguel Falabella e Arnaldo Jabor, que nos deixou recentemente, e retorna este mês celebrando a dramaturgia de uma mulher desta vez, Regiana Antonini. E vai refletir ao lado de Adriana Birolli, Gottsha, Helga Nemetik, Marcella Muniz, Marya Bravo e Thaís Pacholek sobre uma série de temas. Um deles será ‘Banheiro Feminino’, hoje, no Sympla. O espetáculo foi sucesso nos anos 1990, e de cara coloca uma questão que ainda hoje intriga alguns homens: afinal, o que as mulheres tanto falam no banheiro? “Nós mulheres sempre temos histórias envolvendo banheiro feminino. Tenho várias, como a de uma menina que já estava certa da sua separação e quando sua namorada entrou no banheiro, fizemos uma ‘terapia’, de casal e elas saíram reconciliadas e marcando a lua-de-mel em Cancun”, recorda Laura. “Escolhemos este texto neste mês de carnaval, por ser leve, divertido. O próximo texto será do Alessandro Marson e Thereza Falcão,  ‘A Invenção do Amor‘”, anuncia.

Longe da TV há 12 anos, atuando no teatro e no audiovisual, a atriz conta que também produz os projetos em que vai trabalhar e não ficar passiva aguardando convites. “Principalmente nos últimos dois anos, com toda essas mudanças, comecei a produzir muito, mas sempre em busca de novos projetos, inclusive estou aguardando o início das filmagens de dois longas para esse ano”.

Laura Proença ´produz e atua no projeto 'Alimentando a Alma com Arte', que hoje exibe o texto 'Banheiro Feminino' (Divulgação)

Laura Proença produz e atua no projeto ‘Alimentando a Alma com Arte’, que hoje exibe o texto ‘Banheiro Feminino’ (Divulgação)

O espetáculo é dividido em esquetes que tem como cenário o banheiro de uma casa de shows de uma grande capital. Adriana Birolli faz uma personagem que é a representação de várias mulheres e que bebe para sufocar a situação de estar sozinha. “Esse espaço do banheiro é bom, porque é democrático, podemos falar sobre absolutamente tudo. Do que é íntimo ao que é banal. Tudo pode ser debatido entre amigas, todos os assuntos são bem vindos, não há discussão, há debate. Sexo, política, filhos, família, religião, cultura, BBB, tudo junto, ao mesmo tempo. Um assunto leva a outro e quando a gente vê horas se passaram”. E também divide experiência do cômodo íntimo: “Já vivi inúmeras situações no banheiro. Ajudei mulheres que não conhecia passando mal, já dei conselho, já agarrei no papo e fiquei um tempo no banheiro pra terminar a conversa”.

A atriz aproveita para entregar quem levaria para um banheiro feminino para uns bons papos: “Acho que as mulheres que apoiam e estimulam o machismo estrutural, os velhos hábitos e falas. Uma conversinha se olhando bem no espelho faria bem”.

"Já vivi inúmeras situações no banheiro. Ajudei mulheres que não conhecia passando mal, já dei conselho, já agarrei no papo e fiquei um tempo no banheiro pra terminar a conversa" (Divulgação)

“Já vivi inúmeras situações no banheiro. Ajudei mulheres que não conhecia passando mal, já dei conselho, já agarrei no papo e fiquei um tempo no banheiro pra terminar a conversa” (Divulgação)

Tendo feito sua última novela na Record, em 2019, ela conta que também tem se dedicado ao teatro nos últimos tempos. “Não tenho contrato com nenhuma emissora e, por enquanto, nenhum dos projetos que estou envolvida tem data para realização. Nosso setor ainda está engatinhando na retomada”, avalia.

Apesar do espetáculo ser uma comédia, mulheres unidas para dialogar sempre dão boas inspirações e questionamentos. O que ainda te aflige como mulher neste mundo? “São muitas angústias e anseios. Mas o desejo por igualdade é o maior. Igualdade de fala, de posições na política, de salários. As mulheres estão longe de serem respeitadas ainda. A civilização ainda não entendeu ainda que ‘não é não’, e é tão primário”. E reflete, sobre a função da arte: “A peça tem humor, mas muitas questões do universo da mulher estão ali, mesmo que nem sempre escancaradas”.
"As mulheres estão longe de serem respeitadas ainda. A civilização ainda não entendeu ainda que 'não é não', e é tão primário" (Divulgação)

“As mulheres estão longe de serem respeitadas ainda. A civilização ainda não entendeu ainda que ‘não é não’, e é tão primário” (Divulgação)

Por sororidade
No ar, na no Globoplay, com sua última novela, ‘Duas Caras‘, Laura Proença também fez a minissérie ‘Cinquentinha’ (2009), e deu um tempo na carreira para se dedicar exclusivamente à maternidade. Ela é mãe de Leonardo, hoje com 10 anos, e Bernardo, 7, Laura dividiu com seu público também momentos difíceis, como a síndrome de pânico que teve após o nascimento do primeiro filho. “Sofri muito com o pânico e sei que muitas mulheres passam o mesmo e nem sempre recebem apoio e compreensão, como eu recebi. Precisamos falar sobre isso e nos ajudarmos, romantizam a maternidade, precisamos falar de todas os lados da maternidade, as dores e maravilhas. Além disso, tive ajuda profissional, que é fundamental”.
"Procuro estar sempre atenta. Embora não tenha mais sintomas da síndrome de pânico há nove anos" (Divulgação)

“Procuro estar sempre atenta. Embora não tenha mais sintomas da síndrome de pânico há nove anos” (Divulgação)

E completa: “Procuro estar sempre atenta. Embora não tenha mais sintomas da síndrome de pânico há nove anos. Faço atividades físicas, procuro conversar se algo me incomoda e levar a vida com leveza e humor”.