*Por Brunna Condini
Quando foi protagonista da primeira “Malhação”, em 1995, Juliana Martins tinha 21 anos e já estava casada há dois. Ironicamente, ela levava uma vida bem diferente da de sua personagem, a adolescente virgem Belinha, no folhetim. “Não vivi aquelas aventuras que todo mundo experimenta na juventude. Fiquei casada por 19 anos. Quando me separei, aos 39, é que comecei a experimentar novos relacionamentos”, conta a atriz, que hoje aos 46 decidiu relembrar muitas dessas aventuras no seu primeiro monólogo adulto, “O Prazer É Todo Nosso”. A primeira performance será no Festival Tiradentes em Cena, nesta quinta-feira (19), às 20h, pelo YouTube e, segundo Juliana, vai ser uma experimentação cênica intensa, devido ao tema.
“Estou nervosa, sempre fico com qualquer espetáculo, mesmo se for estreia de uma peça que já faça há anos. Para mim, o tema é natural, mas vejo nas redes sociais que algumas pessoas e, principalmente, mulheres criticam as que falam disso, como eu, com liberdade. Vi mulheres dizendo: ‘Pra que esbanjar essa liberdade toda?’. Acredito na liberdade da mulher fazer o que quiser com o corpo, não tem nada de desrespeito nisso. A gente está numa nova era, tem que ter liberdade para todo mundo, sexo e prazer são livres”, conta Juliana, que, na peça, escrita em depoimento a Beto Brown, relata transas boas e ruins que já viveu.
A atriz decidiu costurar todos esses casos em um espetáculo ao perceber a reação e a curiosidade dos amigos sobre suas aventuras na cama. “Falava de desejos com humor e naturalidade. Percebi que todos riam e muitos se surpreendiam por ser uma mulher falando de sexo abertamente e por ser eu, que sou delicada, feminina, com cara de boa moça. E aí comecei a achar que dava uma peça. Por que uma mulher não pode gostar de sexo ou falar a respeito? Comecei a anotar e a gravar áudios para mim mesma. Com a pandemia e a proliferação dos monólogos, achei que era a hora certa de transformar isso tudo em um espetáculo”, relata.
Mas, afinal de contas, sexo até quando é ruim pode ser bom? “Eu acho que não existe quem transa bem ou mal. Acho que existe química ou não. E há pessoas mais libidinosas e menos. Já transei com pessoas e foi muito bom, mas o desenrolar não foi tão legal, e acabei esquecendo que o sexo foi legal. Ou tem um cara de que você gosta, mas que ele não consegue ter uma ereção. Tem gente que tem problemas sexuais. Mas não quero dizer que a experiência da brochada é ruim, porque muitas vezes, você vive um momento maneiro, de cumplicidade. A pior coisa mesmo é transar com um cara babaca”, enumera.
Já para uma transa ser plena, Juliana confessa que precisa de alguns ingredientes fundamentais: “A boa experiência está ligada em duas pessoas terem a mesma vibe sexual. E também quando um pensa no prazer do outro. E aí tem que ter beijo na boca, carinho, sacanagem e dormir de conchinha. Gosto da sacanagem e do romance juntos. Uma conjunção de libido com abraço. E quando você transa com alguém que você gosta é mais intenso tudo.”
Ao reunir todas as histórias para peça, Juliana não teve pudores nem deixou nada de fora. Ela acredita que, por meio da arte, pode ajudar ainda mais a desmistificar o tabu em torno do sexo. “Vivemos em um país machista. Nós, mulheres, precisamos mostrar que somos donas do nosso sexo, assim como os homens sempre foram donos dos seus. Tenho zero vergonha de falar para qualquer um essas histórias todas. Precisamos naturalizar o tema. O advento da culpa e do pecado só atrapalha essa evolução sexual. O corpo pode ser uma festa sem culpa. Sou romântica, casamenteira. Qual o problema de ser mulher romântica que gosta de sacanagem? Sexo faz bem. Se não fizesse, ia acabar a raça humana. Pessoas sexualmente satisfeitas são mais felizes. Já foi comprovado”.
Artigos relacionados