João Côrtes investe em espetáculo inclusivo “A Mochileira do Espaço”, abordando questões como ecologia e bullying


“Precisamos ensinar às novas gerações a estabelecer uma vida mais saudável e uma relação muito mais equilibrada com o nosso ambiente. Acredito que essa é a mensagem mais urgente que poderíamos espalhar e compartilhar com o mundo”, diz o ator que terá o público de comunidades carentes como foco

*Por Karina Kuperman

Coapresentador do reality musical global “Popstar”, João Côrtes está envolvido em duas séries, um longa-metragem, um curta em inglês e ainda abriu espaço em sua agenda para um integrar um novo projeto. O motivo, no entanto, é especial: “A Mochileira do Espaço” é um espetáculo teatral e de dança, gratuito, que será apresentado para comunidades carentes e escolas públicas no interior de São Paulo, que normalmente não têm acesso à espetáculos teatrais, e a história traz mensagens importantes sobre ecologia, consumo consciente reciclagem, reutilização do lixo e bullying nas escolas. “É um projeto muito, muito especial, criado pela Liliane de Grammont, minha madrasta, e Ed Côrtes, meu pai. Os dois queriam fazer um espetáculo infantojuvenil, que unisse dança e teatro, e que também tivesse frentes sócio-educativas, através de uma história singela e emocionante. E é exatamente isso que viemos construindo nos últimos meses”, explica.

“A Mochileira do Espaço” (Foto: Arthur Wolkovier)

“O espetáculo conta a história de Didi, um menino extremante criativo, muito único e especial, que gosta de brincar com o lixo, ressignificá-lo e transformá-lo em outros objetos, criar novas formas, novos brinquedos, tudo com a liberdade da imaginação. Ele não se dá muito bem na escola e sofre bullying por justamente por suas escolhas. Até que um dia uma nave espacial pousa perto de sua escola, e Didi vai viver uma aventura ao lado desse novo ser: a Mochileira do Espaço”, adianta, sobre a alienígena “descolada”, que viaja pela galáxia procurando harmonia com a natureza e seres especiais.

Didi é um menino criativo que gosta de reutilizar materiais (Foto: Arthur Wolkovier)

O servente da escola Ari, o professor Salomão, a Dona Odete e o professor Clovis também são vividos por João e contracenam com Didi e o elenco ao longo do espetáculo para mostrar que é possível um mundo mais criativo, com menos lixo e principalmente, com mais harmonia entre as pessoas. “Eu narro a história, além de, interpretar dois professores, o zelador da escola e a mãe do Didi, nosso protagonista. Eu sou o único ator do espetáculo que fala. O resto das pessoas vai se comunicar através da dança e das expressões faciais. Sem fala. Vou usar alguns figurinos diferentes e me trocar no palco mesmo, nas transições entre uma cena e outra. Realmente é um trabalho que exige muito de mim, da minha voz. Mas estou extremamente realizado”, declara ele, que sabe da importância de falar de temas ambientais – principalmente para uma plateia de crianças. “Acredito que essa é a mensagem mais urgente que poderíamos espalhar e compartilhar com o mundo. Se o ser humano não se conscientizar, e amadurecer a sua relação com o meio ambiente, nosso tempo no planeta será cada vez menor. A natureza está pedindo nossa ajuda, o planeta Terra está aquecendo, e já tem muitos de seus recursos naturais esgotados. Precisamos ensinar às novas gerações a estabelecer uma vida mais saudável e uma relação muito mais equilibrada com o nosso ambiente. Só temos um planeta”, destaca.

(Foto: Arthur Wolkovier)

Muito se tem discutido a questão ambiental, com famosos levantando a bandeira do meio ambiente em escala mundial. Como João enxerga esse momento? “Eu acredito que isso tudo é reflexo de um descaso de séculos do ser humano com o meio ambiente. Estamos pagando o preço, e correndo atrás do prejuízo por conta dos erros que cometemos no passado. Não existe como se posicionar contra o meio ambiente, contra a natureza. Não faz o menor sentido. Nós somos parte da natureza, somos parte de um grande ecossistema. Mas estamos destruindo nosso próprio lar, e em uma velocidade recorde. Então, eu sempre vou me posicionar a favor da natureza, a favor do meio ambiente, e a favor de uma relação menos destrutiva e mais colaborativa”, diz.

(Foto: Arthur Wolkovier)

A peça também toca em outro tema importante: o bullying dentro das escolas, situação que João já viveu na pele. “Sofri bullying na fase dos 12 aos 15 anos. Mais um motivo do porquê abordar esse tema no espetáculo, para mim, é imprescindível. Tenho conversado bastante com a Lili – diretora do espetáculo – e lido livros e depoimentos de jovens com experiências parecidas. A dica que eu dou para crianças que vivem isso, é de respirar. Respirar fundo, acreditar em si mesmo, acreditar que nossas diferenças, nossas particularidades, são o que nos fazem únicos e especiais. Confie no seu potencial e em sua natureza. Essa é sua fortaleza. E saiba que essa fase vai passar. Tudo passa”, garante.

(Foto: Arthur Wolkovier)

Como parte do projeto, o elenco realizará oficinas, visitações nas escolas públicas propondo para professores da educação infantil e fundamental, aplicar a “Apostila de reuso: Construindo com Didi” para que, dessa forma, as crianças aprendam a reutilizar o lixo dentro da escola, transformando esse material em arte e dando a oportunidade de os alunos serem “coautores” dos objetos de cena do espetáculo. “Já estamos fazendo oficinas em várias escolas, de reciclagem e ressignificação do lixo. Como as crianças podem pegar os lixos que consumimos, lavar, e usar a criatividade e imaginação para transformar em outros objetos. Fizemos um vídeo educativo, interpretando nossos personagens, para passar nas escolas e ensinar as crianças. Tem sido um sucesso! Nosso cronograma de apresentações inclui CEU’s pelo estado de São Paulo, além de escolas públicas que normalmente não tem acesso à espetáculos como esse”, conta. “Muito do texto da peça é educativo escrito para realmente gerar uma reflexão. A expectativa é que as crianças possam se divertir com o espetáculo, mas que possamos fazê-las pensar na maneira como tratam o meio ambiente, como enxergam o lixo, e como se tratam entre si. Também contribuir de alguma forma para que a ideia de praticar bullying com o próximo se torne algo não cabível em quaisquer áreas e instituições”, destaca.