Ela está de volta à Cidade Maravilhosa: pela quinta vez, Cissa Guimarães estreia no Rio de Janeiro a peça “Doidas e Santas”. Depois de passar por teatros nos bairros da Gávea e Leblon, na Zona Sul, da Barra da Tijuca, na Zona Oeste, e pelo Méier, na Zona Norte, agora é a vez do centro do Rio. A peça, que também tem Giusepe Oristanio e Josie Antello no elenco e direção de Ernesto Piccolo, reestreia nesta quinta, no Teatro Sesi, às 19h30.
“A gente nunca tinha feito no centro da cidade, que é um outro público. Eu estou em uma felicidade muito grande em poder levar essa peça às pessoas que estão saindo do trabalho. Há muito tempo que eu não faço teatro nessa região, mas eu sei que tem um público maravilhoso. É uma chance única”, disse a atriz ao HT. E, como nos contou, nada melhor do que voltar para a própria cidade. “É uma maravilha voltar para casa. Apesar de eu adorar levar meu espetáculo para o Brasil inteiro e para pessoas que talvez não tenham a chance de assistir, não tem nada melhor do que voltar e fazer na nossa própria casa. É uma benção”, concluiu.
O espetáculo, que está em cartaz há seis anos, conta a história de uma psicanalista em crise no casamento e cheia de histórias comuns ao cotidiano de todos nós. Embora já esteja há tanto tempo nos teatros, a atriz nos contou que não houve nenhuma alteração no texto ou no cenário desde a primeira apresentação em 2010. “Nada, nada, nada. A peça é completamente atemporal e a gente faz questão de deixar assim. O texto a gente também não adequa a nenhuma questão atual ou que fique datado. É uma peça que acontece no tempo dela, e de propósito. Nós optamos por fazer assim e não precisar ficar adequando ao momento político atual ou aos avanços tecnológicos, por exemplo”, contou Cissa sobre a peça que ainda tem CDs e telefone fixo no cenário. “iPhone que nada!”, completou.
Falando em texto… A obra que serviu de base para a montagem de “Doidas e Santas” foi o livro homônimo de Martha Medeiros, lançado em 2009. Como nos contou, um ano antes, Cissa começou a refletir sobre a jovialidade da mulher de 50 anos nos dias de hoje. “Há 20 anos, uma mulher de 50 anos era considerada velha. E eu, aos 48 anos, estava posando nua. Atualmente, as mulheres estão na linha de frente com projetos e vida sexual ativa. Quando eu estava chegando a essa marca, percebi a quantidade de coisas que tinha feito, os fracassos que havia passado e o quanto ainda queria fazer. Que loucura, antigamente não era assim”, relembrou. A partir dessa reflexão, combinada a uma das crônicas publicadas por Martha Medeiros na revista dominical do Jornal O Globo, a atriz disse que procurou a escritora para que pudesse montar a peça. E, com a adaptação de Regiana Antonini, nasceu o espetáculo.
E a explicação para a trajetória de sucesso de “Doidas e Santas”, Cissa Guimarães acredita ser, justamente, o texto apresentado. “Todos que vão assistir à peça já passaram por alguma situação semelhante. As pessoas se identificam com o texto da Martha Medeiros. Então, isso toca o coração de todo mundo, não importa se é homem, mulher, jovem ou mais velho. Eu afirmo: todo mundo sai tocado, mexido, identificado e se divertindo muito. Eu acho que arte é isso. Mais do que entretenimento, é tocar o coração do público. E o teatro é o suprassumo disso, da arte maior de comover as pessoas. “Doidas e Santas” consegue juntar entretenimento, porque é uma diversão danada, e emoção, porque todos saem transformados. Eu acho que esse que é o segredo do sucesso desse espetáculo”, disse.
Na peça, Cissa é a protagonista Beatriz – que, inclusive, é o seu nome real. Ao ser questionada sobre quando é mais doida e quando a santa prevalece, Cissa defendeu que uma característica é dependente da outra. “Para você ser doida, você precisa ser santa. Para se jogar de cabeça nos precipícios da vida, é necessário ter uma estrutura muito grande para segurar a queda. E essa base é dada por uma santisse. Santa, no sentindo de eu ter uma vida estruturada, com uma vida regrada, cuidando da minha saúde e tendo meus princípios e valores. Fora isso, eu me jogo na vida, posso fazer o que eu quiser. Mas me permito isso, porque tenho uma estrutura emocional muito bem organizada que me deixa ser doida. E nós precisamos dessa loucura, porque se pararmos para pensar em todos os riscos da vida, a gente não sai de casa”, explicou a atriz ,que já passou três meses aproveitando a Indonésia e já parou a vida para viajar o Brasil com o teatro.
Além do espetáculo, Cissa Guimarães está de vento em popa na carreira de apresentadora. Ela, que exerce a função desde os anos 80 quando esteve à frente do Vídeo Show, atualmente está nas manhãs da Globo no programa “Mais Você” ao lado de André Marques, substituindo a loura Ana Maria Braga, e aos sábados no time do “É de Casa!”. Sobre as atuais oportunidades, Cissa é só alegria: “Eu estou adorando, me sentindo completamente realizada”. E, para lidar com o nervosismo e a adrenalina do ao vivo, ela contou que acaba recorrendo à experiência nos palcos para comandar as situações e imprevistos. “Quando eu chego ao programa, eu tenho a tranquilidade de saber o que tenho que fazer. A única diferença do ao vivo para o teatro, é que eu não tenho a plateia na minha frente. Mas, eu olho bem para a lente da câmera e imagino as milhões de pessoas que estão me assistindo”, disse.
Em ambos os programas, Cissa tem a companhia do ator, apresentador e DJ André Marques. A dupla, que conquistou os telespectadores à frente do “Mais Você”, e sempre é convocada para substituir Ana Maria, de fato, transmitem ao público a sintonia que têm. “O Andrézinho é uma relação de outras vidas, eu nem sei explicar. É algo que vem de muitos anos, é de graça, natural. Eu tenho um profundo amor, admiração e alegria por ele ser meu parceiro. Minha palavra é gratidão por trabalhar com o André Marques”, contou emocionada.
Sobre a experiência no “É de Casa!”, que também tem Ana Furtado, Patrícia Poeta, Zeca Camargo e Tiago Leifert no comando, Cissa destacou a importância na troca entre os apresentadores. “É maravilhoso. Cada um tem um jeito diferente, não é nunca a mesma coisa. Eu acho que a troca é sempre o grande lance, e o espectador adora ver isso”, completou.
Outra experiência de destaque de Cissa no comando de um programa de tevê foi em “Viver Com Fé”, exibido no GNT. Nessa oportunidade, a atriz e apresentadora conhecia histórias de pessoas com a fé. Ao relembrar essa experiência, Cissa Guimarães disse que essa crença é o que a move e a segura na vida. “Esse programa foi um dos trabalhos mais lindos que já fiz, e eu pretendo voltar com ele ainda. Porém, quando eu digo fé, eu não me refiro à religião. Eu acredito muito que exista algo maior que ordene e orquestre tudo isso, que eu posso chamar de Deus ou de energia. Para mim, Deus é energia. A fé nos ajuda a manter essa vibração no lugar do amor, porque ela, a partir de qualquer religião, nos ensina que é sempre o amor em primeiro lugar. Eu me considero uma pessoa eclética, mas eu tenho muita fé na vida, nessa benção que é estar aqui. Afinal, nós somos o espermatozóidezinho que ganhou, né?”, disse Cissa que procura “melhorar e aprimorar a cada dia para cumprir sua evolução”. Como ela costuma dizer, muita luz a todos vocês, queridos leitores.
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