O espetáculo “Primavera das Mulheres: um show-manifesto” surgiu de um sonho da atriz Laura Castro, com o intuito de despertar a sociedade para as várias situações de sofrimento enfrentadas pelas mulheres nos dias atuais e invocar a mobilização. O roteiro é conduzido por questões fundamentais para a evolução da sociedade, como o combate ao preconceito e à violência de gênero. O embrião do projeto nasceu após as manifestações de novembro de 2015, contra as propostas de emendas apresentadas na Câmara dos Deputados por Eduardo Cunha, que dificultavam o atendimento e acolhimento às vítimas de violência sexual (PL 5069/2013). Grupos como o “Saaanta Mãe“, se uniram nas redes sociais para lutar e debater temas como parto, amamentação, criação e educação, além do racismo e do machismo histórico.
“Precisa haver uma política voltada para a violência contra a mulher. Se, por um lado, a lei Maria da Penha seria um bom exemplo nesse sentido, tendo sido usada no âmbito jurídico inclusive como jurisprudência para preservar inclusive outras populações marginalizadas, a PL5069/2013 é uma grande exemplo de retrocesso e desserviço. Um projeto de lei que dificulta o atendimento às vítimas de estupro é, em si, uma violência contra a mulher. Um projeto de lei que impede o aborto em casos legalizados, que pode chegar a impedir a pílula do dia seguinte, é uma retrocesso no tempo, nas conquistas das mulheres nas últimas décadas. A mobilização nesse momento é fundamental. Está na hora de se mobilizar de forma veemente sobre este e outros assuntos, sobre a sombra de retrógrada que nos assola”, comentam.
“A luta é longa e, neste momento, as conquistas já realizadas incomodam. Querem calar a grande maioria que forma esse encontro de minorias. Mas é um momento muito potente. É o momento de gritar e cantar para que, no lugar de qualquer retrocesso, essas conquistas criem raízes e se multipliquem”, diz Laura. Para ela, “Primavera” é um espetáculo essencialmente feminista e, por isso, traz apenas mulheres – em cena e nos bastidores. São 25 mães cantoras, roteiristas e atrizes que interpretam composições inéditas de Laura Castro, Diana Nascimento, Elisa Addor e Manuela Trindade, além de outras compositoras que marcaram história como Chiquinha Gonzaga, Dolores Duran, Adriana Calcanhotto, Isolda, Dona Ivone Lara, Zélia Duncan, Anastácia e Joyce.
Elas levantam a bandeira do feminismo e comentam o retorno positivo de “Primavera”: “Quando se fala em ‘feminismo’, como quando se fala em políticas afirmativas de modo geral, há a impressão de que existe uma busca por privilégios para uma parte, uma ‘minoria’ da população… De uma luta que seria, ‘contra os homens’ ou, em outro exemplo, ‘contra os brancos’, ou ainda contra ‘heterossexuais’. Só que a luta é contra o machismo (que não é o oposto de feminismo), a luta é contra o racismo, a luta é contra a homofobia. E é preciso luta, é preciso afirmação, é preciso falar em agressão contra mulher, em aborto, em estupro, em oportunidade de trabalho, em maternidade, em gênero, em sexualidade… É preciso falar em feminismo! Temos tido esse retorno em cada show. Homens, mulheres, cis e trans, binários e não binários, o espetáculo mobiliza ‘tod@s’ em uma luta cuja principal bandeira são os direitos humanos”.
Com primeira e única apresentação marcada para o dia 28 de janeiro, o show-manifesto se entendeu por mais quatro, até o mês de março, sempre com casa cheia. Para continuar acontecendo, as mães do “Primavera das Mulheres” criaram a campanha de arrecadação na Benfeitoria (https://benfeitoria.com/Primaveradasmulheres), com a meta de arrecadar R$36.240 até o dia 30 de abril. “O show ganha forma em momento sócio-político delicado, mas que, para nós, mulheres, é a oportunidade de uma nova revolução em que as mulheres já ocuparam espaço com suas palavras nas redes sociais e com suas crias nas ruas, e agora vamos ocupar o palco”, finaliza Laura.
Em cena, as mulheres:
Voz: Cristina Bhering, Elisa Addor, Glauce Pimenta Rosa, Ilessi, Laura Castro e Luciana Jablonski
Piano e violão: Cristina Bhering
Cavaquinho e Percussão: Diana Nascimento
Violão e Cavaquinho: Manuela Marinho
Baixo: Luciana Requião
Percussão: Marina Chuva
Sopro: Maria Souto
Atrizes: Marta Nobrega, Frida Renfro e Sofia Benjamim
Contação de História: Mariana Müller Samor
Coro: Gabriela Bhering, Mariana Claudino, Maria Ana Dias, Maria Rita Taunay, Marta Nobrega, Sofia Benjamim e Tatiana Mafra
Dança: Glauce Pimenta Rosa
Participações especiais: Aline Valentim, Barbara Ayres, Camile Salles, Karine Teles e Oliver Costa
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