Cada pessoa possui sua própria neurose e foi pensando nisso que a trama da peça ‘Neurótica!’ surgiu. A atriz Flávia Reis reuniu vários casos femininos diferentes para criar a peça que vai voltar aos palcos cariocas no dia 5 de maio no teatro Miguel Falabella do Norte Shopping. Roteiro foi escrito em parceria com o Henrique Tavares, um escritor que já escreveu para programas como o ‘Amor e sexo’ e, hoje, escreve para o ‘Zorra’, ambos da Rede Globo. Os espectadores vão se deparar com alguns personagens conhecidos da atriz como Vanda da Van, que abriu o espetáculo de celebridades como Paulo Gustavo e Heloisa Périssé. O monólogo que reúne 11 personagens diferentes é o primeiro da artista. A narrativa é conduzida por uma terapeuta que busca exemplificar os diferentes tipos de mulheres neuróticas como, por exemplo, uma idosa pessimista, uma pessoa que perde o carro no estacionamento e outra que usa compulsivamente o telefone. Com direção de Marcio Trigo, a peça teve incentivo fiscal da prefeitura. “Sempre trabalhei com comédia, mas queria algo focado no humor feminino. O lugar da mulher no palco, geralmente, está ligado a algo masculino. O que eu fiz foi pegar pessoas do meu dia-a-dia que tinham características que davam para exagerar. Sem usar o aspecto vulgar ou crítico. A ideia era valorizar o gênero colocando-o em destaque”, contou a atriz.
É a primeira vez que Flávia interpreta vários personagens ao mesmo tempo. A grande maioria deles foi ela mesma quem criou com inspirações de pessoas que já conhecia. “Eu gosto de ir ao banco, por exemplo. Tem uma senhora na minha agência que está sempre lá. Ela reclama da vida com o segurança, clientes e gerentes. Trouxe ela para a minha peça como uma mulher solitária que se preocupa com tudo”, exemplificou. Ao mesmo tempo, reuniu várias sobrinhas e primas adolescentes da família para criar uma personagem que é vidrada nas redes sociais cujo bordão é ‘A gente só é feliz no Facebook’. “A felicidade dela são as curtidas que recebe online”, contou.
Além destes, Flávia lembra que também trouxe papéis que já tinha interpretado. “São várias versões de mim que ficam um pouco adormecidas, porque ficavam vários espalhados em espetáculos diferentes”, afirmou. A ideia de reuni-los foi incentivada pelo ator e amigo Paulo Gustavo. Dentre os personagens, o mais conhecido é a Vanda da Van que surgiu na abertura do espetáculo ‘Minha mãe é uma peça’, há cinco anos. “A Vanda foi inspirada nas pessoas que levam caravanas para os teatros e programas. A minha avó sempre viaja assim e a dona do negócio usa uma flor de veludo brega para o público identificar”, relembrou. A personagem afirma que vários atores são famosos por causa dela e o gancho para a participação nesta peça é abrir com ela apresentando para a plateia quem é a Flávia Reis.
Ao reunir essa galera, a atriz queria reforçar os diferentes papéis que uma mulher pode desemprenhar. Queria ilustrar as funções que ela mesma desempenha como artista da tv e do teatro, mãe e dona de casa. “O bom é que o público reconhece as mulheres nas irmãs, mulheres, sogras ou nelas mesmas. Não são personagens isolados que inventei, são histórias que se repetem nas casas de família”, explicou. Segundo Flávia, a personagem principal que faz a terapeuta ilustra o tipo de neurose que ela tem. “Ela sempre tenta organizar tudo, mas está sempre um caos. Mostra estar tudo sob controle, mas no fim todos percebem que as coisas não estão nada bem”, contou.
Apesar de ser a primeira vez da atriz em um monólogo, ela conta que não se sentiu sozinha no palco. “As pessoas sempre falam que, no monólogo, estamos sozinhos no palco. Mas não é verdade, existe uma grande equipe atrás da coxia e na cabine de iluminação”, afirmou. Apesar do espetáculo ser focado na mulher, a equipe dos bastidores é toda formada por homens. Mas Flávia acredita que este fato não foi ruim para a peça pois há um grande empenho para que tudo dê certo.
A peça é uma das poucas, atualmente, que receberam incentivo fiscal da prefeitura. De acordo com Flávia, isso só foi possível porque o valor já havia sido arrecadado na gestão do ex-prefeito Eduardo Paes. “Adaptamos o texto para falar sobre o papel da cultura na nossa sociedade, em decorrência dos últimos acontecidos”, afirmou. A temporada faz parte da programação do “Projeto Palco Portátil – 4ª edição” patrocinado pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura, KS Esporte Cultura e Lazer e Projectlab, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS.
Paulo Gustavo é citado na peça numa forma de homenageá-lo. Ambos se conheceram quando ela fazia um espetáculo sobre os doutores da alegria. “Ele amou e levou muita gente importante para assistir e a partir de então viramos amigos”, lembrou. Segundo ela, o ator é responsável pelo grande destaque no lado humorístico dela. Antes de entrar em cartaz com ‘Neurótica!”, ela atuou na peça “On line” com Paulo mas precisou voltar para o Rio de Janeiro para começar a temporada. “Fiquei triste de não poder continuar na peça, mas faz parte. As pessoas falam que nós temos uma química muito boa nos palcos”, contou.
Flávia também está parecendo nas telinhas no novo programa da Globo ‘Zorra’, que recebeu uma repaginação e tem redação final de Marcius Melhem. A atriz viveu essa transição já que entrou para o antigo quatro meses antes de ser encerrado. A personagem Fernanda, que ela fazia, está na peça. “Estou em um momento muito feliz dentro da Globo. Os textos são muito bons, temos uma equipe técnica maravilhosa e a oportunidade de sair do estúdio. Estou em um produto que amo fazer”, afirmou. A gravação, segundo ela, tem ritmo de novela, é feita de segunda a sábado, toda a semana. Haja fôlego!
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