Exclusivo! Thiago de Los Reyes, diretor executivo da Ulysses Cruz Arte & Entretenimento, lembra da época de ator na TV e fala sobre viver de arte


Ele, que também é ator e já participou de novelas como “Geração Brasil”, “Malhação”, “Estrela Guia” e outras, contou que hoje vive nos “bastidores da arte” e disse que aprende com cada projeto

Thiago de Los Reyes já foi muito visto nas telinhas e, atualmente, dedica seu tempo aos “bastidores da arte”. Explicamos: é que o ator, que interpretou Zac Vírus em “Geração Brasil”, já esteve no elenco de três temporadas de “Malhação” e participou de diversas outras tramas globais assume, agora, outro papel: é o diretor executivo da Ulysses Cruz Arte & Entretenimento. “Trata-se de um outro caminho que eu já vinha trilhando há alguns anos e que vai mais de encontro ao trabalho de direção e produção. Não larguei o ofício da interpretação, mas diria que hoje estou mais atuante nos bastidores”, explicou ele, que conheceu o diretor em “Estrela Guia”, em 2001. “Foi minha segunda novela. Em seguida, fomos fazer teatro juntos. Lá se vão 15 anos de muita amizade e parceria. Ele é meu mestre e um segundo pai. O desejo de trabalhar com direção/produção já tinha aparecido mais ou menos em 2007, quando entrei na faculdade de cinema. Ainda não tinha uma noção clara de como conseguiria atuar dessa forma, mas entendia que era o caminho a seguir”, contou.

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Thiago de Los Reyes (Foto: Reprodução/Facebook)

“Em 2013, estava totalmente sem grana e me virando, como tantos outros colegas de classe, e resolvi ligar para o Ulysses. ‘Estou sem grana e quero muito trabalhar com você. Se pintar algo me liga’. Deu 10 minutos e ele ligou. ‘Thiago, é o seguinte: eu vou dirigir a Jornada Mundial da Juventude. Quer ser meu assistente? O Rava (Ravel Cabral que eu já conhecia desde o ‘Criança Esperança’, em 2010) vai dirigir também e ele vai te ligar, ok?’. Ali, tudo começava a mudar e nossa parceria só fez crescer, assim como o desejo de nós quatro(Eu, Ulysses Cruz, Verônica Valle e Ravel) de termos a nossa agência para conseguirmos realizar mais ideias e também contribuir para o desenvolvimento do nosso mercado. Ali rolou o embrião do que hoje é a Ulysses Cruz Arte & Entretenimento”, disse ele. E hoje, como é o dia a dia? “Resume-se a uma quantidade razoável de e-mails, trocas de mensagens, celular, reuniões e a busca sempre constante por novos projetos, formas de realizar, parceiros, clientes. Não dá para chamar de rotina, pois é muito prazeroso trabalhar com quem se admira, tem carinho e amizade”, destacou.

Apesar do prazer no trabalho, viver de cultura no Brasil não tem sido tão fácil. “Talvez esse também tenha sido um dos motivos por que resolvi tentar atuar na direção e não somente como ator. Já sofri muito por conta disso e sei o que é o pior lado de ‘viver da arte’. Você só se toca que pode dar certo quando passa a encarar a situação de outra forma: É preciso viver do seu trabalho. Ser profissional, saber dizer não, entender exatamente o que e se você pode oferecer alguma coisa para aquele projeto… Esse é o tipo de consciência necessária pra sobreviver. A crise atrapalha? Sim. Mas ela não destrói nada do que você constrói se tudo for sólido e muito sincero. Se você faz da maneira certa sempre terá alguém querendo trabalhar com você, isso é fato. Talvez hoje o que mais nos atrapalhe é a nossa tendência interminável de se acomodar e se conformar com um único caminho para todos. Precisamos pensar outras formas de realizar os projetos, precisamos nos preocupar em formar mão de obra técnica e especializada. Precisamos transformar de vez todo o mercado em uma profissão séria, respeitada e capaz, diria quase autossuficiente. A cultura, o entretenimento e todas as áreas da indústria criativa precisam ser encaradas como uma solução para a crise econômica e social do nosso país”, disse ele, que foi além: “Há um profundo desconhecimento sobre o que realmente são os mecanismos de incentivo à cultura”, declarou.

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(Foto: Reprodução/Facebook)

Ele explicou: “Talvez essa tenha sido, nos últimos meses, a prova mais absurda do quão ignorante está a nossa sociedade. A Lei Rouanet não dá dinheiro à ninguém, ponto. A Lei Rouanet e demais mecanismos, ajudaram a viabilizar durante todos esses anos muitos projetos que geraram muitos empregos diretos e indiretos, além de formar plateia, novos espaços, novos atores, ingressos mais baratos. O que eu acredito é que, sim, existe o uso errado da Lei e isso precisa acabar. Há que se ter um melhor controle na prestação de contas e na execução dos projetos. Talvez isso seja a evolução natural e inevitável desse mecanismo. O que não pode é depender somente disso. Nós estamos crescendo muito com um mercado mas pouquíssima gente está se preocupando em alimentar esse mercado com mão de obra profissional competente e especializada. Hoje em dia qualquer um resolve ser produtor, diretor, ator, técnico de som, luz… Isso gera um enorme problema e só descredencia esse mercado. Em Londres. no West End, ou Nova York, na Broadway, todos são especialistas no que fazem e não tem brincadeira em serviço, não. Tudo é levado muito a sério e perfeitamente executado. Alguns vão dizer: ‘Ah mas é país de primeiro mundo’. Não! Isso é cultura. É a forma como você faz o seu trabalho, a sua educação, o seu compromisso em fazer sempre o seu melhor e não só o que dá ou o que você está a fim de fazer hoje. No dia que entendermos realmente o quão importante é a criação e o profissionalismo teremos um mercado de dar inveja em muito gringo. Somos brasileiros! A criação é o nosso negócio, ou, ao menos, deveria ser”, defendeu.

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Falando em criação, Thiago sente, sim, falta de atuar na televisão. “Tenho vontade de voltar. Principalmente com uma nova forma de atuação, contribuindo mais no desenvolvimento de projetos, na direção artística e na execução. Acho que, após esses 17 anos de trabalho na TV e vivendo muitas experiências, é quase inevitável que esse desejo tenha aparecido há alguns anos. Naturalmente você passa a enxergar o funcionamento e querer contribuir pra que ele se aprimore, evolua. Hoje temos uma audiência que se fragmenta em dispositivos e canais. Temos que nos comunicar com esse público e a TV precisa ir além pra conseguir atender a tantas demandas. É isso que me estimula e que me impulsiona a querer voltar, de uma maneira diferente, à televisão”, explicou ele, que ressaltou a diferença de plataformas: “A maior é o tempo com que as coisas acontecem. Na televisão, tudo é sempre para ontem. O teatro e o cinema pedem um trabalho forte de amadurecimento dos projetos e acontecem em tempos distintos com mais cuidado e buscando, na maior parte das vezes, um resultado a médio e longo prazo, enquanto na TV tudo é quase imediato. Digo ‘quase’ pois imediato mesmo só essa nova plataforma que são as mídias sociais… ali é timing puro e muito conhecimento. Não tenho uma preferência… Encaro cada uma delas como uma possibilidade de fazer algo diferente!”, contou.

Para Thiago, a melhor parte da carreira artística é a possibilidade de aprender a cada projeto: “Seja com pessoas, experiências ou novos textos. Tenho muita sorte em sempre conhecer gente muito interessante e esse intercâmbio é fantástico. Temos tido muita sorte, aliás, de encontrar pessoas e profissionais que somam muito e que, curiosamente, acabam ficando por perto durante muito tempo”, ressaltou ele, que tem grandes planos para a Ulysses Cruz Arte & Entretenimento daqui para frente. “O principal é, realmente, fortalecer a marca da agência e ampliar nossa capacidade de atendimento. Isso me motiva demais e estamos contando com alguns parceiros para que logo se torne realidade. O desenvolvimento dos projetos está a mil e logo teremos condições de tornar tudo público. Queremos que o mercado nos conheça como uma agência que pode contribuir muito e de forma profissional e apaixonada. Somos a agência da realização, afinal de contas”. Precisa dizer mais?