Ulysses Cruz é um dos grandes nomes por trás de produções de sucesso na televisão e no teatro. O diretor iniciou sua carreira teatral nos anos 70 e, de lá para cá, vem emendando sucessos, o que fez despertar a vontade de abrir sua Ulysses Cruz Arte & Entretenimento. “A produtora foi um processo natural, de pessoas que querem trabalhar juntos porque acreditam no que fazem e podem oferecer algo diferenciado e de grande qualidade. A mesma equipe já fez desde os shows históricos do ‘Criança Esperança‘, até 2012, até a encenação da Via Sacra na avenida Atlântica dentro da Jornada Mundial da Juventude. Além disso, passamos por peças de teatro, comissões de frente e uma ópera para a Aeronáutica. Nesse novo formato de trabalho conseguimos nos organizar melhor e temos capacidade de trabalhar em mais de um projeto simultaneamente e realizar produções próprias que tenham cada vez mais a nossa marca e que tragam ao público a nossa visão sobre a arte e o entretenimento, ampliando nossa atuação para projetos institucionais e de marketing, inclusive. Nosso maior foco é na formação de plateias e na entrega de produtos de alta qualidade artística e de execução, em suas mais variadas configurações, que, sobretudo, agradem o grande público, os clientes e fortaleçam o nosso mercado”, explicou.
A nova empreitada trata-se de “Rio, o musical”, que, como o próprio nome já diz, homenageia a urbe maravilha por meio de canções – nada mais adequado. “A ideia veio do produtor Gustavo Nunes, que nos procurou para dar corpo à empreitada, que, ao meu ver, é muito interessante porque irá preencher um espaço durante os Jogos Olímpicos para falar de nossa cidade com muita música, humor e encantamento”, disse Ulysses, que planejou além: convidou artistas e músicos a enviarem letras inéditas de canções sobre a cidade. “Queremos dar a oportunidade da população participar da construção desse espetáculo que tem como principal objetivo homenagear a cidade e o jeito carioca de ser”, contou. E como é homenagear uma cidade em que policiais matam menores e cidadãos são esfaqueados? “Vivemos em um mundo de realidades plurais. O Rio é tudo isso que você mencionou, mas não somente isso. É uma cidade habitada por um grupo maravilhoso de brasileiros que fizeram a identidade deste país. A carioquice é um ícone brasileiro no mundo. Nosso musical não pode falar de tudo, mas irá, sobretudo, homenagear a cidade e seu povo”, declarou.
Recentemente, o nome do diretor tomou a mídia quando resolveu sair da produção de “Cinderella – O musical”, que levou Cássia Kis – que interpretaria a madrasta má, a deixar a peça também. Ulysses Cruz esclareceu a polêmica e fez questão de explicar que tomou a decisão quando viu que não teria espaço para criar dentro da obra: “Quando fui contratado, a produção afirmou que não se tratava de uma franquia, mas era. Eu não sei fazer e não me interesso por franquias. Quando eu ofereci a apresentação do conceito, nada foi dito sobre franquia, mas, afinal, tudo tinha de ser aprovado pelos detentores dos direitos da obra em Nova York e isso configura uma franquia. Foi o suficiente. Sou um diretor independente e assim quero continuar. Além disso as datas da estreia tiveram que ser mudadas e ficou muito em cima de ‘Rio, o musical’, que definitivamente não é uma franquia”, explicou.
O diretor – que também já foi carnavalesco e dirigiu comissões de frente de escolas de samba – não poderia deixar de dar sua opinião sobre o Carnaval 2016: “Não participei de nada diretamente esse ano, mas claro que torci! Sou mangueirense”, declarou ele, que considera enredos como uma “ópera ambulante”. “Desde sempre estive perto de escolas de samba. Amo a disponibilidade dos brasileiros para a diversão! A construção de um desfile de uma escola é uma experiência ímpar, sempre esteve presente em tudo o que faço. Sou ‘Operístico’. Como nos últimos anos o tempo não me permitiu mais encarar uma escola inteira, ultimamente tenho me dedicado às comissões de frente, embora, agora com a produtora, tenhamos mais condições de voltar a encarar um desafio como esse e se acontecer será uma enorme alegria”, disse ele, que é contra a tendência de as escolas terem menos tempo na Avenida. “Porque menos tempo? Porque as televisões pedem? O desfile não é só para ganhar o campeonato, ele é uma diversão também. Para que transformar tudo em um espetáculo televisivo? Quem tem de se adequar ao evento é a TV e não o contrário”, defendeu.
Com toda sua opinião forte, Ulysses se declarou contra “enredos patrocinados”. “Se eu tivesse o poder de mudar algo certamente seria no que se refere a eles, porque são quase todos chatos. Disse quase. Alguns insuportáveis e outros beiram o oportunismo deslavado”, analisou. Aliás, entre o tradicionalismo da Mangueira e o futurismo de Paulo Barros, Ulysses fica com os dois, obrigado. “Gosto dos dois quando são bons. Depois de João Trinta, quem realmente trouxe um olhar novo pra Sapucaí foi Paulo Barros. Mas, como é pioneiro, sofre as consequências. Às vezes ele é desigual demais. A Mangueira neste ano foi uma catarse. Tinha que ter ganho”, disse.
Com sua vasta experiência em teatro, televisão, carnaval e tantos outros shows e produções, ele reconhece: é um homem dos palcos – e sempre será. “Ali está a gênesis de tudo. Claro que também gosto demais do trabalho na televisão pelo dinamismo e pela quantidade de bons profissionais que ela oferece, você está sempre sendo solicitado a ir em frente, mas a TV aberta está mudando rapidamente”, analisou. Para 2016, além de “Rio, o musical”, a produtora Ulysses Cruz Arte & Entretenimento está com a agenda cheia! “Vou iniciar um ciclo de peças do teatro judaico no Teatro Arthur Rubinstein, em São Paulo, e temos apresentações de ‘O Camareiro’ e ‘As benevolentes’ por várias cidades brasileiras. Além disso, temos outros projetos na produtora que são ideias muito interessantes, mas que ainda não podem ser divulgadas pois estão em fase de concepção e projeto”, contou. Não sabemos o que é, mas vindo de Ulysses, já queremos estar na plateia!
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