Nathália Timberg só tem motivos para comemorar! Depois de uma segunda-feira repleta de emoções, com direito à homenagem no Prêmio Cesgranrio de Teatro, ela se prepara para estrear em um palco especial: o do teatro que leva seu nome e onde encenará “33 Variações”, de Moises Kaufmann, a partir dessa sexta-feira, 22. A expectativa? “Não tenho ideia! Só depois de passar por esse dia da estreia que vou saber o que vai acontecer comigo, não estou planejando, mas esperando. Isso não é uma estreia como outra qualquer. Está nascendo um teatro nessa cidade, é uma coisa completamente extraordinária, principalmente nos dias de hoje. Só isso já é um fato que nos mantém em vibração permanente. Não sei como vou estar no dia, se eu sobreviver, conto”, brincou ela, destacando a honra de emprestar seu nome a uma nova casa de espetáculos: “É maior do que eu jamais poderia imaginar. Nós podemos ser efêmeros, mas essa obra é algo que espero que fique plantada por muitos e muitos anos”, declarou, emocionada.
E ela fez questão de participar de tudo! Foi a própria atriz quem sugeriu, traduziu e trouxe o texto da peça que fala sobre a música de Beethoven em um espetáculo-concerto. A história, que foi sucesso na Broadway em 2009 e recebeu cinco indicações ao Tony, está sendo encenada pela primeira vez no Brasil. “Não assisti a versão em Nova York, não me interessa ver para querer fazer. O tema me interessou, os personagens. Mesmo tendo tanto material, não é hermético e não se propõe a dialogar apenas com um público privilegiado. Tem uma comunicação fácil, haja visto o tema e a proposta da obra, que tem uma série de variações consideradas importantíssimas. Transformar isso num espetáculo lindo, onde o público pode acompanhar uma história instigante e ouvir uma música transcendental e incrível. E ouvir Beethoven é coisa de quem tem sensibilidade, bom gosto e alma aberta”, afirmou ela, que leva muito a sério o papel que tem como comunicadora dentro de uma sociedade que ainda é conservadora. “Temos sempre que pensar: comunicar o que? Por quê? Qual a razão que te leva querer informar um público? É uma questão de escolha e percepção àquilo que nos propomos. Uma boa parte das pessoas que se propõe a escrever não conhecem sequer os fundamentos da língua. Toda pessoa responsável que se propõe a fazer frente a uma tarefa gigantesca deve se questionar isso”, disse.
Falando em conservadorismo, qual o papel da televisão como agente esclarecedor nisso tudo? “A televisão é um lugar onde se desperdiça tempo precioso com bobagem. O público, que, muitas vezes, tem uma formação bastante sucateada, merece receber as melhores histórias que nós conhecemos. Todos nós que lidamos com comunicação temos essa responsabilidade enorme! Se nós estamos entregando informação, temos que ter essa consciência do momento do mundo que estamos vivendo”, ressaltou.
Não só sexta-feira, quem for ver Nathália no palco pode saber: ela vai dar tudo de si. “Cada vez que sou questionada por uma personagem eu respondo que me sinto fazendo o melhor do meu trabalho dentro da minha área. Sempre. O teatro nada mais é do que um pacto em que a gente se propõe a mentir e a plateia, a acreditar”, afirmou. Em seu teatro, ela garante: quer compartilhar a melhor qualidade possível. “A Barra da Tijuca está em expansão e precisa receber tudo o que puder para ascender plena. Não só compartimentado para determinadas coisas como está nossa cabeça, como o publico que tem uma escola que ensina que pensar é supérfluo e que o português não é tão importante. Se é um lugar novo, merece todo nosso esforço. Temos isso nas mãos e não é gratuito”, analisou. Sem palavras para definir a emoção, Nathália concluiu: “Custa a cair a ficha. Foi um choque avassalador. Ficaria até pobre verbalizar o que estou sentindo”. A gente entende.
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