*Por Brunna Condini
Estamos caminhando para 12 meses de pandemia. E ainda é importante ficar em casa se puder, se proteger sempre, para também proteger o outro. A pandemia da Covid-19 trouxe uma nova realidade para muitas famílias brasileiras e para do ator Eriberto Leão não foi diferente. Por conta da necessidade de isolamento social, ele vem dividindo-se entre o Rio de Janeiro e a Região Serrana, com os filhos João, 10 anos, e Gael, de 3, e a mulher, Andréa Leal. “A decisão desse retorno à natureza vou levar para a minha vida, talvez um caminho sem volta. Sou muito ligado à natureza e de agora em diante, essa ligação só tende a aumentar”, pontua.
Eriberto revela ainda, o desejo permanente de viver longe um grande centro. “Isso bate também com o fato de estar com os meus 48 anos e de tudo que tem ocorrido com o nosso planeta. Acho que o reencontro com a natureza, com as forças do planeta Terra, é essencial para nossa saúde física, mental e espiritual. Ficar na região Serrana fixamente é uma grande possibilidade. Sou do interior de São Paulo, de São José dos Campos, apesar de ter sido criado na capital. Então, passei muito tempo na minha infância no interior. Tenho essa ligação”.
“Foi assim
No dia em que todas as pessoas do planeta inteiro
Resolveram que ninguém ia sair de casa
Como que se fosse combinado, em todo o planeta
Naquele dia ninguém saiu saiu de casa
Ninguém”
Eriberto segue atento aos sinais, na vida e na arte. O trecho acima, de “O Dia em que a Terra Parou”, de Raul Seixas (1945-1989), parece prever o momento que vivemos. Por isso, o ator que é fã de Raul, um dos maiores roqueiros brasileiros, deu destaque à música no show em homenagem a ele, que acontece nos dias 24 e 31 de janeiro, às 20h, no Teatro PetraGold, com transmissão online. “Esse show tem a base, a espinha dorsal, nesta profética música do Raul, que foi muito citada no início da pandemia”, diz sobre o espetáculo, segunda parte de uma trilogia musical que já teve Jim Morrison, do The Doors, e abordará ainda o cantor Belchior.
Prestes a ver reprisada ‘Malhação: Sonhos’ no próximo dia 25, o ator, que batizou o filho mais novo em homenagem ao professor de artes marciais Gael, seu personagem no folhetim, compartilha suas apreensões com o mundo de hoje em relação a criação dos pequenos. “Tem um excesso de informação sem filtro, temo muito por isso. Por isso que prezo os livros, para que eles possam subir nos ombros desses grandes autores que vieram antes de nós e chegar além deste excesso de informação que a gente vive hoje. Para que possam ter um dos maiores dons do ser humano: o discernimento”.
Eriberto gosta de homenagens, tanto, que o nome do mais velho também é uma: “O nome do João é uma homenagem a um personagem bíblico que gosto muito, o João Batista, primo de Jesus, que o batiza no Rio Jordão. É uma belíssima história e um belíssimo nome”.
Este ano, o ator também está escalado para a próxima novela das seis, ‘Além da Ilusão’, que deve começar as gravações em breve. “O que posso dizer sobre o meu personagem é que ele é misterioso. Isso me exime de falar mais (risos). Só posso adiantar que é um personagem que tem poesia, é lindo”, desconversa.
O que nunca podem esperar de Eriberto Leão e o que esperar sempre? “O que nunca esperar de mim? Ficar no mesmo lugar, eu sou uma metamorfose ambulante. Preciso criar o tempo inteiro. Fiz o ‘O Astronauta’ durante a pandemia, que era uma websérie, depois virou um filme-teatro. Mas a arte é isso, pede essa movimentação constante. Isso não quer dizer que não tenha o momento de parar, de contemplar, meditar. Mas a ação é algo muito meu. Podem esperar que eu sempre vou buscar inspiração e ser instrumento de algo”.
Quem é esse Eriberto que está quase com 50 anos? “É um Eriberto mais calmo, que está sempre em movimento. Porque a vontade de criar pode ser calma. Sou muito fã do Leon Tolstói (1828-1910) e essa trajetória do homem que vai para o campo, deixa determinadas vaidades para trás, outros interesses, acho que estou em um lugar, em um ponto de mutação para pegar os próximos 50 anos e ir por esse caminho. Eu citaria também a música do Almir Sater, ‘Tocando em Frente’: “Ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais (…) Cada um de nós compõe a sua história. Cada ser em si. Carrega o dom de ser capaz. E ser feliz”. É por aí”.
HT quer saber:
A primeira atitude que toma ao chegar ao trabalho? Agradecer.
Um defeito: Perfeccionismo.
Um medo: Que os problemas ambientais aumentem.
A próxima viagem: Peru, Machu Picchu e Cusco.
Lugar preferido no mundo: em casa, com a família.
Com o que se preocupa? Com a desconexão da humanidade com a natureza.
A doença do século: a ansiedade.
Desafio na profissão: o tempo inteiro.
O que falta realizar na vida? Escrever um livro.
Um lugar no mundo? Chile.
O que falta você entender nesta vida? Muito. Sou um eterno aluno.
O que ainda é tabu hoje e não deveria ser? Falar sobre tabus.
O que não deveria ter acontecido na história da humanidade? Todas as guerras.
Em momentos tão difíceis, como encontrar a paz? Se conectando com a natureza.
Se pudesse mudar algo em você, o que seria? Tentar ser menos perfeccionista.
Melhor conselho que já ouviu e de quem? Do meu pai e da minha mãe: “Acredite em você, tenha fé na vida e em Deus”.
Qual foi a maior extravagância que já fez na vida? Talvez viver Jim Morrison no teatro. No Brasil.
Se pudesse viver à base de um alimento, qual seria? Arroz integral.
O maior pecado gastronômico? Comida italiana. Amo massas.
A cultura do entretenimento e das redes sociais bombardeiam as pessoas pela busca do prazer rápido e do sucesso. Muitos se sentem pressionados por isso, inclusive deixando o lado emocional se abalar. Como você lida? Eu tenho a bem-aventurança de ter caminhado bastante, na minha lenda pessoal, tentando ficar longe dessa realidade virtual. Ficar não tão presente, usar pouco. E o sucesso para mim sempre foi uma jornada e não um destino. É diferente. A jornada é constante e uma batalha diária.
O que é a realização para você? Saber que eu vivo a minha jornada, que eu sonhava quando era um menino, um jovem estudante de teatro. Realização é você estar no seu caminho, olhar para trás e ter valido apena, tudo. Tendo muito amor no coração.
Como desenvolve inteligência emocional e se preenche? Medito e respiro bastante. Em me preencho de fé.
Hoje, não estando felizes, muitas pessoas travam. Tem como sentir dor, mas continuar em frente? Sim. A dor é inerente à existência humana. Como dizia o Carl Jung: “Ninguém está livre de sofrimento enquanto nada na corrente caótica da vida”. Que a dor sirva de aprendizado e também para que a gente tenha cada vez mais empatia por todos que estão ao nosso redor, que muitas vezes podem estar passando por coisas mais difíceis do que nós eventualmente estamos passando. Isso cria um círculo de empatia que nos beneficia a todos.
O ano de 2021…é o ano da superação.
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