Um solteirão recebe a notícia que ganhou uma grande herança da tia, no entanto para conseguir botar a mão no dinheiro ele precisaria estar em uma união estável que durasse ao menos um ano. Para conseguir o benefício, ele se casa com o melhor amigo que também é heterossexual. O resultado originou o título do espetáculo que acumulou sucesso em Madri, Londres e França, Um Casamento Feliz, de Gerald Bitton. Devido à repercussão, João Lima Jr foi assistir a peça enquanto estava na Espanha e na mesma hora comprou os direitos autorais do texto, trazendo para o Brasil. “Ele disse que tinha comprado e achou que aquele personagem a minha cara. Me mostrou o texto, li e gostei muito. No entanto, achei que faltava mais uma pessoa que era o Flavio Marinho, escritor e adaptador. Ele disse que se eu atuasse nesta montagem, iria traduzir imediatamente. E, inclusive, se perguntou como ele nunca havia tido a ideia de escrever aquela história de tão genial que era o texto”, afirmou o diretor e protagonista Eri Johnson. O espetáculo foi muito bem recebido em São Paulo, mas a temporada teve que ser interrompida em dezembro por causa das festas de final de ano e, por isso, vai estrear no Rio no dia 4 de janeiro.
Eri Johnson interpreta no espetáculo o protagonista que ganha uma herança e, ao mesmo tempo em que precisou lidar com a atuação, ele se dedicou também a dirigir a montagem. As suas funções extremamente importantes sendo feitas simultaneamente resultou em um grande desafio para o ator, apesar dele estar completando trinta e oito anos de carreira. “Nunca quis dirigir esta peça, mas o elenco me obrigou. Era para ter sido outro diretor, mas ele não pode. Enquanto procurávamos, ficamos ensaiando e lendo muito. Até um momento que as pessoas me falaram para dirigir porque seria muito difícil alguém conhecer este espetáculo da mesma forma que eu o dominava. Chamei o Paulo Vilhena para fazer isso comigo, mas ele estava fazendo novela e não pode. Faltando poucos ensaios para a estreia, vi que não tinha mais como, precisava ser eu”, confessou.
O profissional encarou a função como um capitão ou um técnico de futebol, ou seja, se dedicou muito para deixar todo o elenco afinado para subir aos palcos. De acordo com ele, o principal objetivo era controlar o exagero humorístico desnecessário. “Tem que ter alguém para dizer ‘vai mais devagar aqui’”, garantiu. Por causa deste foco, ele deixou a sua própria atuação por último o que fez com que o seu personagem não estivesse tão bem nos palcos como o dos companheiros de palco, segundo Eri. Ele ficou mais preocupado com os colegas do que o próprio personagem, já que acredita ser muito importante a generosidade cênica. “Fui o último a encontrar o meu personagem, queria que todos estivessem muito bem para que depois eu pudesse correr atrás do meu trabalho de ator. Entretanto, consegui chegar a um nível muito bom de interpretação no último final de semana em São Paulo. Graças a Deus, chego na estreia carioca com o meu personagem no mesmo nível dos outros”, explicou. Dessa forma, o ator acredita que o protagonista só está perfeitamente pronto, agora, depois de quase três meses da estreia em São Paulo.
Mesmo garantindo total excelência no dia 4 de janeiro, Eri Johnson ainda acredita que o espetáculo pode ser melhorado. “Teatro só fica pronto quando acaba. Sempre vamos tentar melhorar e correr atrás de coisas novas, mas não adianta ficar sempre criando o tempo todo. É preciso trabalhar com o que já temos”, contou. Felizmente, ainda não existe uma data para o término das apresentações do espetáculo. Depois da temporada no Rio de Janeiro, a peça deve voltar para São Paulo pelos produtores terem conseguido patrocínios na cidade. “Estamos nos virando para tentar achar algo na Cidade Maravilhosa também, mas patrocínio é uma das coisas mais impossíveis de conseguir no nosso país atualmente. Mas ainda assim conseguimos uma ajuda. Enquanto isso, estamos contando com a divulgação de alguns colegas”, lamentou o ator.
Uma das maiores genialidades da peça é ao invés de propor um casamento heterossexual, o autor Gerald Bitton trouxe a perspectiva de uma união entre dois homens. O tema esbarra em diversas discussões que estão sendo levantadas atualmente sobre o universo LGBT, o que exige da montagem um cuidado extra. “O Flavio Marinho traduziu de forma brilhante e, modéstia à parte, eu dirigi da forma mais respeitosa possível. Vários homossexuais que assistiram o espetáculo, em São Paulo, garantiram que a classe estava sendo representada da forma mais digna e natural. Tratamos eles de igual para igual, porque na verdade não existe diferença nenhuma. Não existe nenhuma possibilidade de preconceito. A peça trata de relacionamento, não importa se for do mesmo sexo”, garantiu Eri. Dentro desta atmosfera, o protagonista precisa encarar o olhar reprovador do pai, que é homofóbico, e outras diversas situações que qualquer homossexual pode enfrentar ao revelar para as pessoas sua orientação. “Tem um papel social ao trazer a aceitação do pai no final da peça, o que é o sonho de qualquer pessoa que é homossexual. Sem contar que essa compreensão se dá por um trunfo que a peça tem, mas que não posso divulgar”, explicou.
Serviço:
Um Casamento Feliz
Estreia dia 04 de janeiro
Temporada até dia 25 de fevereiro
Teatro Vannucci – Shopping da Gávea
Endereço: Marques de São Vicente, 52 – lj 371
DIAS E HORÁRIOS – Quintas, sextas e sábados – às 21h – Domingos – às 20h30
Classificação indicativa: 12 anos
Duração: 90 minutos
Gênero: Comédia
PREÇOS DOS INGRESSOS (INTEIRA) – Quintas R$ 70,00 /Sextas R$ 80,00 / Sábados R$ 90,00 / Domingos R$ 80,00
Vendas na bilheteria do teatro e no www.tudus.com.br – (21) 2239-8545
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