Em cartaz com o musical “Nine”, Karen Junqueira fala de privacidade, monogamia e saída da Record: “Não é sinônimo de insatisfação”


A atriz, que já viu seus relacionamentos estampados em colunas de fofoca, é daquelas que não liga para os holofotes do showbiz: ““Acho que passado fica no passado e, muitas vezes, você tem motivos para não querer falar sobre certos assuntos simplesmente por que é sua privacidade”

(Fotos: Ricardo Penna)

(Fotos: Ricardo Penna)

A produção da peça “Nine – Um musical Felliniano” usava uma stand in para a personagem Claudia às vias da estreia. O motivo? A direção não havia encontrado a atriz ideal para interpretar o papel que foi de Nicole Kidman na versão estrangeira. Eis que surge Karen Junqueira. Escolhida, só teve uma semana para ensaiar enquanto o restante do elenco se preparou por 30 dias. E nada de acasos da vida. “Eu conferia o vídeo, sem parar, da gravação da peça para decorar as entradas e coreografias. Confesso que fiquei assustada no primeiro dia que cheguei, mas foi só o friozinho na barriga da estreia”, conta. Da atriz havaiana, ela conta ao HT, se espelha “na delicadeza inigualável”.

Suavidade de inspiração essa que não se repete no pré-ribalta. “Um musical necessita de muitos cuidados com a voz, noites bem dormidas, aulas de canto, dança, e não apenas texto. Geralmente são peças com maior tempo de duração e têm coreografias nas quais é necessário o ator fazer aulas de dança para acompanhar o ritmo. Exige disciplina”, explica Karen. A montagem de Charles Möeller e Cláudio Botelho, em cartaz no Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea, conta a história do cineasta italiano Guido Contini, que, aos 40 anos, vive uma crise de criatividade e se depara, em memória, com nove mulheres importantes de sua vida (Claudia é uma delas). Monogamia, portanto, não existe no dicionário do protagonista.

Karen, que não se diz conservadora, é daquelas que, ao observar a trama de fora, é a favor, acima de qualquer questão, da felicidade. Mas… desde que não exista sofrimento. “Se uma mulher aceita que seu homem tenha outras mulheres numa boa, quem sou eu para julgar?”, questiona, acrescentando: “Mas, na maioria das vezes, não é assim que acontece. Eu prefiro ser monogâmica até onde minha felicidade chega. Nunca tentei ter um relacionamento dentro de outro. Isso me deixa bastante confusa”. Acreditar a fundo no amor e enxergar nele a solução para todos os problemas é outro ponto que “Nine” coloca em questão.

E no jogo com HT, de se colocar no lugar dos personagens, a atriz já não vê esse tipo de postura com os mesmos olhos mais tranquilos que enxergava o harém do protagonista. “Acho o Guido Contini um tanto egocêntrico e perdido, pois tem as mulheres da vida dele e, ao mesmo tempo, não consegue enxergá-las como deveria. Tem a sua amante, apaixonada e sofrida, a esposa ex-atriz também sofrida e angustiada, e uma musa de cinema triste. Todas sofrem para ter a atenção de Guido, que não parece estar em um plano real”, critica. Ok, mas é hora de virar a mesa: “Nine” à parte, agora é a vez de Karen falar dela mesma.

KAREN JUNQUEIRA by Ricardo Penna 02

A atriz, que já viu seus relacionamentos estampados em colunas de fofoca e tem de lidar com manchetes do tipo “Karen Junqueira embarca sem maquiagem em aeroporto carioca”, é daquelas que não liga para os holofotes do showbiz. “Já me pegaram com o carro quebrado no meio na rua toda descabelada do dia a dia! Eu faço compra no mercado, tenho contas a pagar, embarco no aeroporto com cara de sono e sem maquiagem. Não acho graça em ser prisioneira de estar sempre linda e pronta”, explica. Mas e quando o assunto são seus namoros, qual o limite entre a liberdade de imprensa e a privacidade? “Acho que passado fica no passado e, muitas vezes, você tem motivos para não querer falar sobre certos assuntos simplesmente por que é sua privacidade. Não que seja metido”.

A atriz, que deixou a Record em 2013 e foi para a Globo num momento onde até os atores mais experientes estavam saindo devido ao novo esquema de contrato por obra, garante que não há arrependimento, agora que a emissora do Bispo Edir Macedo investe em dramaturgia e conquista altos índices de audiência. “Eu saí em um momento que precisava viajar, tentar outras possibilidades em minha vida. Deixei a Record após cinco anos felizes e numa boa, com as portas abertas. E minha saída não é sinônimo de insatisfação pela empresa. Eu precisava realizar meu desejo de estudar fora, trabalhar em outros lugares”, lembra. Se ela voltaria? “Com um convite, sim. Não existe problema algum entre eu e Record”. Leve, calma e coerente como boa mineira.