Malu Rodrigues é cria do teatro. Ela, que começou a carreira em 2007 com a peça “Contos e Cantigas Populares” se tornou conhecida do grande público logo no ano seguinte, quando participou de “A Noviça Rebelde”, montagem dos diretores Charles Möeller e Claudio Botelho. De lá para cá, se tornou queridinha da dupla e, desde então, integrou o elenco de “O despertar da primavera”, “Sete”, “Um violinista no telhado”, “Beatles num céu de diamantes”, “O mágico de Oz”, “Todos os musicais de Chico Buarque em 90 minutos” e, agora, vive Carla em “Nine”. Depois da temporada em São Paulo, a atriz definiu a amante de Guido Montini como seu personagem mais desafiador. “Comecei muito criança e esse é o papel mais diferente que eu já fiz. É o lado mais mulher, sempre vivi menininhas. Está sendo bem diferente, até vocalmente. Exige mais”, analisou.
Mesmo sendo conhecida por suas mocinhas, Malu interpreta a fogosa amante de Guido com maestria. Prova disso é a torcida por Carla que conquistou em São Paulo. “Ela é a parte divertida e construímos sem vulgaridade. É extravagante, mas ingênua, porque realmente ama o Guido e sonha em ser a esposa oficial”, definiu. Se a personagem conquistou torcida na capital paulista e a intérprete sente o desafio de fazer o mesmo no Rio de Janeiro, outro ponto que demandou atenção foi a mudança de palco. “Lá tinha muitos detalhes que desciam e subiam no cenário e aqui nesse teatro não tem. Temos que segurar na voz e no carão, porque essas coisas legais não existem mais. Vamos ter que dar o sangue mais ainda”, falou, emendando que considera o texto de difícil compreensão. “A história não é tão fácil de entender. Exige mais atenção, mas em São Paulo foi muito bem recebido, espero que aqui seja igual. A gente lotou praticamente toda semana a casa. Posso dizer que fizemos sucesso”.
Com o papel mais adulto, cenas ousadas são consequência, mas a atriz garantiu que não se incomoda. “Sou muito tranquila com isso. Nós, atores, procuramos manter o corpo em forma, a não ser que o personagem peça. Não é meu corpo, é da Carla. Eu sempre penso isso”, disse. A firmeza nas palavras contrastada com a doce voz são a prova do amadurecimento precoce. “Acho que o trabalho traz essa segurança, convivemos com pessoas mais velhas. Sempre fui a caçula dos espetáculos que fazia e, convivendo com pessoas mais experientes, vamos olhando, amadurecendo, os papos são diferentes”, afirmou, contando que não abre mão das amigas de infância. “Falamos muitas besteiras também”, brincou. Da voz, Malu cuida sem grandes neuras. “Durmo pelo menos oito horas por noite e não fumo nem bebo. Mas não faço nada especial, também”, disse.
Além dos palcos, Malu atuou em “Tapas e Beijos” por três anos e já tem dois filmes encaminhados nas telonas. O primeiro, “O caseiro”, estreia em fevereiro do ano que vem e ela já começa a rodar “Minha fama de mau”, sobre a vida do músico Erasmo Carlos. “As plataformas se complementam. Na minha opinião, precisamos do teatro para sermos atores, mas tem ótimos profissionais que nunca fizeram também. Eu sou apaixonada, principalmente pelo lado do musical porque não tem como enganar, parar ou voltar. Tem que estar afinado, cantar bem todo dia. É uma forma de mostrar tudo o que posso fazer, dançar, cantar e atuar. E a troca com o público é inexplicável”, declarou.
O talento é inquestionável, porém, perguntada se seguiria outra profissão, a atriz riu. “Engraçado, porque nunca ninguém me perguntou isso, então é a primeira vez que vou responder. Eu tinha muita vontade de fazer arquitetura, que passou, porque odeio matemática. Mas esse desejo veio do meu amor por desenhar. Sempre pegava folhetos nos sinais de planta de casa e passava dias desenhando o apartamento que eu iria morar, o dos meus pais, cidades. Quem sabe eu ainda faça, por hobby? Eu gosto, acho legal. Ou talvez design de interiores. Mesmo assim iria pela arte, né”. Sem dúvidas seria seu caminho.
Artigos relacionados