Diego Montez já é figurinha fácil nos melhores musicais brasileiros. Com um extenso e diverso currículo que vai desde novelas adolescentes como Cúmplices de um Resgate a séries do Disney Channel, o ator está em cartaz com o espetáculo A Noviça Rebelde, no Rio. A montagem estreou na semana passada por aqui e tem tido casa cheia em todas as apresentações. Na trama, o jovem interpreta Rolf, um carteiro que precisa decidir entre trabalhar para o sistema nazista ou viver um relacionamento com menina por quem é apaixonado, que é interpretada por Larissa Manoela. “Esta é uma obra muito complexa, porque consegue atrair diferentes públicos, desde uma criança até o avô da família. E, ao mesmo tempo, tem um texto extremamente político que fala sobre esta luta contra a opressão e a censura. Esta discussão é muito importante atualmente, qualquer um pode se identificar”, afirmou. Além de comentar sobre a peça e a relação com Larissa, o artista fez uma reflexão sobre o mundo dos musicais, comentou sobre a série Z4 da Disney Channel e confirmou a sua volta ao youtube. Vem conferir o papo!
Site Heloisa Tolipan: Você ainda sente um nervoso antes de entrar no palco? Tem algum ritual para noites de estreia?
Diego Montez: Fico nervoso sempre, não precisa nem ser estreia. Toda vez, antes de me apresentar, agradeço sempre a Deus pela oportunidade e por ter aberto aquela porta para mim.
HT: Como está sendo interpretar o Rolf?
DM: Noviça está sendo uma grande experiência e um verdadeiro presente para mim. Eu era muito pequeno quando assisti pela primeira vez. Está sendo uma honra.
HT: Para quem não conhece a história do filme, conta um pouco do que podemos esperar do seu personagem.
DM: O Rolf é um carteiro que se apaixona pela filha mais velha do capitão, que é um cara muito patriota dentro do regime nazista. O meu personagem foi recrutado para fazer parte deste sistema autoritário, algo que acontecia muito com as pessoas mais jovens da época. A partir disso, fica na dúvida entre o amor pela menina e este movimento.
HT: Você e a Larissa já tinham trabalhado juntos. Qual a melhor parte de dividir cena com ela?
DM: Nós trabalhávamos juntos em Cúmplices de um Resgate, mas não contracenávamos muito por sermos de núcleos diferentes. Agora, tivemos a oportunidade de conversar mais e se ajudar. Já faço musicais há muito tempo, assim como ela, e percebo como é uma pessoa apta a este mercado. Chega sempre com a marca pronta e o texto decorado. É muito prazeroso trabalhar com alguém que está tão de prontidão sempre.
HT: O teatro musical está crescendo cada vez mais. Por que você acha que isto está acontecendo?
DM: Estou vendo um movimento muito bacana no Brasil no qual estamos começando a investir nas nossas músicas e na nossa cultura. Acho que as pessoas estão gostando desta nova forma de contar histórias. Sempre gostei muito do teatro convencional, mas os musicais têm o plus das canções.
HT: O Brasil agora tem deixado um pouco a influência americana de lado e produzido musicais que falem sobre a história do país, com artistas daqui. Qual a importância dessa mudança e de que forma ela impacta o cenário musical?
DM: Fico muito feliz quando vejo um musical completamente nosso. Realmente acho que o teatro convencional está muito mais adiantado do que o musical, neste sentido, porque já temos grandes peças bem brasileiras. Acredito que isto vai mudar e veremos em breve uma nova geração de diretores e compositores focados nesta regionalidade.
HT: São Paulo é visto como a Broadway Brasileira e o Rio como o lugar onde as pessoas estudam para poder ir para a capital paulistana. Você acha que esse cenário está mudando?
DM: Tenho certeza. Vemos muitos trabalhos interessantes no Recife, por exemplo. Muita gente não sabe, mas lá tem um pólo de grandes estudiosos deste formato. São Paulo pode ser o eixo que mais bomba por ter pessoas que conhecem mais do gênero, mas temos escolas muito boas em vários outros lugares.
HT: Considerando o contexto atual de falta de incentivo e patrocínio, quais são as maiores dificuldades na hora de produzir um musical?
DM: Precisamos que as pessoas apoiem mais. Recorremos muito ao financiamento coletivo e nem sempre dá um bom resultado. É preciso ter esta cultura de criar cultura. Não adianta gostar de ver, tem que ajudar também. Muita coisa também não é feita porque é uma obra mais voltada para um nicho. Isto é triste, porque a gente oprime algumas histórias de serem contadas justamente por existir preconceito até hoje.
HT: Você também está na série Z4 da Disney. Qual foi a sensação ao receber esta notícia?
DM: Estou muito feliz! Cresci vendo Disney Channel. Fazer esta série foi um presente enorme de Deus. Estou fazendo um vilão pela quarta vez, mas acho que dessa vez vão gostar de mim, afinal, todo mundo gosta dos antagonistas da Disney. Afinal, ao mesmo tempo em que são pessoas extremamente desagradáveis, são indivíduos que a gente se identifica. O texto desta série foi muito bem escrito.
HT: O que podemos esperar do seu personagem? Vai ter uma crise amorosa na vida do seu personagem.
DM: O Felipe é um DJ internacionalmente famoso e namora a Pâmela, que é feita pela Manu Gavassi. Ela é a coreógrafa de uma boy band e ele começa a ficar com ciúmes, porque o trabalho começa a consumir o tempo dela e eles não conseguem se encontrar mais com tanta frequência. Como é um cara muito mimado, ele resolveu acabar com banda para não ter mais problema.
HT: Você já fez alguns trabalhos voltados para o público infantil, no entanto esta série tem o alcance da Disney. Está preparado para ter ainda mais fãs na sua lista?
DM: Já apanhei na rua quando fazia Cúmplices de Um Resgate. Uma criança se soltou do pai e veio correndo para me bater. Então, já estou acostumado.
HT: Você tem uma extensa lista de trabalho no currículo, inclusive o papel de Ney Matogrosso. O que significou para você interpretar um ídolo brasileiro? E como foi se preparar para viver alguém tão importante?
DM: Ele chegou até a me mandar uma mensagem na época dizendo que tinha gostado do meu trabalho. Fiquei muito emocionado, porque é uma lenda da música reconhecendo uma carreira de quem está só começando. Já fiz o Sidney Magal e o Ney e precisei encarar uma longa preparação. Estudei muito os trejeitos dos dois e a voz deles. É sempre muito gostoso fazer grandes personagens biográficos.
HT: Você também tem um canal do Youtube. Por que você decidiu criá-lo?
DM: Fiz parte de um musical muito bem sucedido em São Paulo chamado Wicked. Nós fazíamos semanalmente lives e eu, por coincidência, as apresentava. E este espetáculo, curiosamente, teve uma base de fãs e eles me pediram para criar o canal. Isto foi super legal, porque consegui falar diretamente com quem admirava o meu trabalho. Precisei fazer uma pausa, porque, graças à Deus, apareceram muitas propostas, mas já vou voltar.
HT: Gosta deste papel de influenciador?
DM: Sou apenas um ator que por acaso tem um canal no youtube. Tento, de verdade, não influenciar ninguém e acho muito bacana a troca, porque discutimos e vamos mudando de opinião juntos.
HT: Você já passou pelo teatro e pela televisão. Qual o seu veículo preferido? Tem algum que você se sente mais confortável fazendo?
DM: Cada ano que passa está ficando mais difícil de responder esta pergunta, porque gosto de tudo. A série, por exemplo, é completamente de tudo o que já fiz nas novelas. Cada trabalho, na verdade, é uma caixinha de surpresa deliciosa e fico feliz de poder fazer parte de vários veículos.
HT: Quais são os seus planos para o futuro da carreira?
DM: No segundo semestre, farei um espetáculo que nunca imaginei interpretar no Brasil por ser um off-Broadway. É uma peça super pequena, mas que alguém resolveu investir nesta ideia e trazer para o nosso país.
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