*Com Domênica Soares
Vitor Rocha é um jovem de 21 anos, natural de Pouso Alegre, Minas Gerais que está conquistando seu lugar no mundo da arte. No próximo mês, ele, que é ator, diretor, escritor e compositor vai estrear sua primeira peça em Nova York, no Tada! Youth Theater. Sim, ‘Cargas D’água – Um musical de Bolso’ (‘Out Of Water – A Brazilian Pocket Musical’), cuja texto é assinado por Vitor, vai desembarcar em Nova York, com direção de Renata Soares, e no elenco Eduardo Medaets, Heloisa Danna, Pedro Coppeti e Maitê Zakia. “É uma história que viaja pelo interior do Brasil, um prisma do nosso país que não costuma ser mostrado no exterior. Estou muito empolgado! O que vai ser essa ‘exportação’ vamos descobrir a partir do dia 10 de agosto”, pontua o artista.
Diante disso, ele fala um pouco sobre sua percepção da relação da música autoral no Brasil, em meio à tantas produções na Broadway sendo adaptadas, e explica que produzir teatro é um jeito de mostrar aos brasileiros as características das múltiplas identidades, de todo esse tempero que está presente em cada região do país e que dificilmente será encontrado em outro lugar com a mesma beleza e capacidade. Comenta ainda que, por mais que a Broadway seja um sonho, os brasileiros têm aqui uma capacidade incrível de produção artística e que é necessário que reconheçam esse papel para que o mercado mundial volte mais ainda olhares para o nosso país.
Mas as conquistas não param por aí. Em paralelo a essa produção que vai ganhar os palcos da Broadway, Vitor está em processo de estreia e produção com mais dois espetáculos: “Se Essa Lua Fosse Minha” e “O Mágico de Ó”, o primeiro mostra que um homem sem história é como uma planta sem raiz, o que destaca a importância dos momentos vividos pelas pessoas. E, o segundo, aborda partidas, despedidas, origem e sobretudo o poder da esperança e da arte. Ele diz que a maioria das suas produções são sobre a importância das histórias e da esperança, além disso conta que suas inspirações aparecem de acordo com os períodos vividos no seu cotidiano “Pessoas com quem convivo, cenas que vejo… tudo inspira! Costumo dizer que a vida de um escritor é dicionário para o qual ele recorre quando quer botar sentido em alguma história. Meu processo criativo acaba se dando assim, algo me inspira na vida e eu começo a desenvolver essa ideia pensando sempre em como contar, mas também no que precisa ser contado”, afirma.
Sobre o início de toda essa vontade de fazer diferente, o ator lembra que, desde criança, a vontade de fazer arte já estava sendo despertada. Tudo começou na Cia. Amistad & Alegria, na qual integrou montagens de espetáculos altamente conhecidos pelo público, como “Dom Casmurro”, “Romão e Julinha”, “Os Saltimbancos” entre outros. E, com esse mesmo grupo, iniciou sua jornada de indicações e premiações. Das cinco indicações à prêmios, ele já conseguiu ganhar quatro. Desde então, Vitor não parou mais. Além disso, citou que, na escola onde estudava, Colégio Santo Antônio Objetivo, havia um grande incentivo à cultura e que recebeu muito apoio em família também. “Meus professores e familiares sempre apoiaram muito meu caminho artístico, mas também sinalizaram as dificuldades para que essa escolha fosse consciente e responsável”, analisa.
Sobre a sensação de reconhecimento ao seu talento, ele disse que sente uma honra imensurável e que percebe a abertura para o novo, e principalmente, para mudanças. Ainda sobre a questão de gerações, o ator comenta alguns lados bons e ruins de uma trajetória aos 21 anos. Começa pelo positivo, dizendo que, por ser jovem, está inserido em tempos nos quais tudo é mais prático e acessível. No entanto, ele comenta que o lado negativo é de que com o caminho facilitado, existe sempre um contexto favorável para que as pessoas se percam, e que, além disso, ainda há a barreira de mostrar que apesar de novo ele não é “imaturo”. Contudo, ressalta a importância de estar inserido em um ambiente repleto de artistas com muita experiência de vida e profissão.
Falando sobre carreira e mercado artístico no Brasil, o escritor comenta que percebe a necessidade de se reinventar a cada dia e não descarta se aventurar em novas áreas. “Sou apaixonado por criar e contar histórias. Não importam as condições, formatos ou circunstâncias. Estou sempre querendo aprender e me redescobrir.” Contudo, ressalta as dificuldades de fazer arte no Brasil e afirma que a maior barreira é ter que provar que é capaz a cada minuto para muitas pessoas e esperar que reconheçam o valor e importância das produções.
Então, Vitor, como você se define em três palavras? “Para um escritor três palavras é muito pouco, mas, vá lá: sonho, amor e persistência”. Ele, como um bom filho cita que suas maiores referências pessoais são seus pais, e como um bom aprendiz diz que na vida, suas maiores inspirações são seus professores e alunos. E sonhos? “Ter uma carreira construída de sonhos realizados”.
Artigos relacionados