Na vida artística desde os 9 anos, o diretor teatral, músico e ator Tauã Delmiro tem conteúdo de sobra quando o assunto é dramaturgia. Procurando sempre encontrar formas de subverter estruturas que já foram usadas, Tauã estreia hoje às 20h no Teatro dos 4, o musical “O Jogo da Vida“. Ele faz a direção e composição das músicas e relata que a ideia surgiu pelo interesse de criar algo mutável e com a interação da plateia, como se fosse um jogo de tabuleiro real.
O espetáculo busca que o público reflita sobre a sociedade e as questões da felicidade e o sucesso. “São quatro personagens centrais, mas só mostramos a história de dois deles por dia. As histórias são muito divertidas e ao mesmo tempo tratam de questões contemporâneas que certamente vão criar identificação com quem está assistindo”, afirma o dramaturgo. Ele explica que foi convidado pelos atores-autores Hamilton Dias, Kau Swaelen, Saulo Segreto, Tecca Ferreira, Thainá Gallo, Luiz Filipe Carvalho para uma criação em conjunto das narrativas. O processo de criação durou 4 meses.
Tauã tem uma larga experiência no teatro musical, como em “Os Saltimbancos”, “O primeiro musical a gente nunca esquece”, “O Edredom”, “Nome do Espetáculo”, “60!”, nas composições de “Vamp” e em “O Anti-Musical”, trabalho que acredita ter sido um divisor de águas. “Por conta desse texto e dessas canções acabei conhecendo pessoas maravilhosas, como o Rodrigo Nogueira e o Tony Lucchesi, que fizeram com que eu conseguisse começar a solidificar meu trabalho no meio”, conta o artista, que tem como referência os próprios amigos da profissão.
Quando questionado sobre a ousadia das temáticas e dos novos espetáculos musicais nacionais, ele comenta feliz: “Eu acho maravilhoso os caminhos que o teatro musical está tomando no Brasil. Sinto que cada vez mais estamos encontrando nossa identidade. Isso é incrível, torço para que continuemos a produzir espetáculos de qualidade, sobretudo musicais autorais que reflitam nossas inquietações.”
Nascido em Niterói e formado em Teatro pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), o dramaturgo ganhou o primeiro prêmio quando tinha apenas 18 anos com o texto de “O Menino que Visitava a Lua“. Desde então, não parou de criar histórias para os palcos, mas reconhece o quanto está difícil viver de arte no Brasil, por isso montar peças e conseguir colocá-las no palco significa uma luta constante. “Nos últimos anos, vários movimentos estão tentando deslegitimar as manifestações culturais como elemento fundamental para a construção de um indivíduo e para o nosso desenvolvimento. Esse tipo de pensamento é extremamente superficial e equivocado”, expõe o artista, que vê o teatro como resistência. Para ele, a cultura de um país é o reflexo das políticas públicas. “A situação do momento é de sucateamento total. No Rio de Janeiro, por exemplo, não temos nenhum instrumento efetivo que ofereça infraestrutura para a cultura. Isso é um absurdo, uma vergonha!”, Tauã enfatiza inconformado.
Com muitas sonoridades, ritmos brasileiros, interação com o público e cores, “O Jogo da Vida” estreia hoje às 20h, com sessões também às quartas no mesmo horário. Com direção musical de Rafael Sant’anna e orientação artística de João Fonseca, a peça fica em cartaz até outubro no Teatro dos 4, Shopping da Gávea.
O Jogo da Vida
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