Se você acompanhou os últimos capítulos – retratados aqui no HT – das manifestações dos artistas pela democracia no Rio de Janeiro, se prepare para mais um. Ontem, a galera do teatro, circo e dança carioca se reuniu para outro evento no centro da cidade, Cena Nacional pela Democracia: uma caminhada artística, política e apartidária, segundo os organizadores.
O cortejo foi um desafio feito por Belo Horizonte, provocando um ato nacional também em Salvador, Belém, Brasília e Fortaleza. Em clima pacífico e leve, os manifestantes começaram a chegar por volta das 18h20, trazendo seus instrumentos, figurinos e malabares. Uma folha com paródias para serem cantadas e convocações para o ato nacional do próximo dia 31 foram distribuídos enquanto as pessoas iam chegando.
Por volta das 19h, o grupo se organizou para ler o manifesto da Cena, marcado por pedidos de democracia, continuidade do governo eleito, justiça social, aprovação da PEC que garante 2% do orçamento federal para cultura, entre outros. Entre gritos de “não vai ter golpe”, e cantorias, os artistas saíram da concentração, na Rua do Teatro, foram crescendo em número, e caminharam até os Arcos da Lapa.
O diretor e ator Amir Haddad, do grupo Tá na Rua, fez um paralelo sobre a história da ditadura com o início de seu grupo de teatro, que começou durante o governo Médici. Amir ressaltou a necessidade de todos se organizarem para que um regime como aquele não aconteça novamente.
Para Rebeca Leão, 24 anos, formada pela Escola Martins Pena, a presença dos movimentos artísticos em manifestações é absolutamente necessária, pelo poder que tem em transformar. “Só podemos fazer arte em um cenário que há democracia, onde isso é respeitado. Se a liberdade é cerceada o nosso lugar fica limitado”, analisa, “Por isso precisamos vir aqui soltar a voz”.
A diretora da Companhia de Mistérios e Novidades, Lígia Veiga, concorda com Rebeca: “A arte só vai servir se for parte de transformação. Também é política, é a forma que temos de demonstrar indignação”. A artista diz querer sim melhorias, que se olhe para o desmatamento, desigualdade, e promessas de campanha não cumpridas, mas considera o impeachment um retrocesso para a democracia brasileira.
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