Bruno Gissoni, no teatro com Luiz Fernando Guimarães: ‘Refletimos sobre jovens hoje e distanciamento entre gerações’


O ator, que acabou de gravar a quarta temporada de ‘Impuros’, da Amazon Prime Vídeo, e também a série ‘Rio Connection’, está no teatro, ao lado de Luiz Fernando Guimarães e Renata Ricci, no espetáculo ‘Ponto a Ponto – 4000 milhas,’ e reflete: “O espetáculo fala sobre comunicação. Tudo está muito rápido, quem é mais novo, muitas vezes, não tem paciência de incluir quem é mais velho. Faço questão de deixar minhas filhas com as avós. É overdose de amor”

*Por Brunna Condini

Pouco antes de entrar em cena ao lado de Luiz Fernando Guimarães, e Renata Ricci, no espetáculo ‘Ponto a Ponto – 4000 milhas‘, em cartaz no Teatro do Copacabana Palace, Bruno Gissoni conversou com o site. O ator estará em cena até julho com ‘Ponto a Ponto‘, premiada peça de Amy Herzog que ganha sua primeira versão brasileira, com direção de Gustavo Barchilon. No palco, Luiz Fernando Guimarães interpreta Vera, uma senhora de 90 anos que recebe a visita inesperada do neto Léo, personagem de Gissoni. “O espetáculo fala sobre comunicação. Tudo está muito rápido, quem é mais novo, muitas vezes, não tem paciência de incluir quem é mais velho. E só faz sentido se todo mundo estiver dentro. Essa peça foi escrita antes da pandemia, mas salgou o tema, temperou. Colocou o holofote no distanciamento entre as gerações. Como incluir todos nestas transformações?”, questiona.

Hospedado no hotel que abriga o teatro, com a mulher, Yanna Lavigne, e as duas filhas do casal, Madalena, de 4 anos, e a pequena Amélia, de 4 meses, ele também fala da paternidade. “Em casa são três mulheres, aqui eu sou o intruso. O mundo é delas”, diz, por telefone. “Quando você é pai entende que a responsabilidade dessas pequenas vidas, frágeis, depende de você. Tudo passa a emocionar mais. A dor do outro, as lutas que a humanidade enfrenta. Minhas filhas me ajudam a querer lutar pelo feminismo, porque o machismo é inaceitável. Ser pai me faz evoluir como ser humano”. E afirma: “Nossa família está completa. Para nós, duas filhas está ótimo”.

Bruno Gissoni, Yanna Lavigne, e as filhas Madalena e Amélia (Reprodução/ Instagram)

Bruno Gissoni, Yanna Lavigne, e as filhas Madalena e Amélia (Reprodução/ Instagram)

Casados desde 2018, Yanna e Bruno se dividem entre o Rio de Janeiro e uma casa de campo no interior de Minas Gerais. “Ficamos lá e cá. Este ano tenho trabalhado bastante, então ficamos mais no Rio até agora. Em Minas é esse escape, o paraíso. Acabei de gravar a quarta temporada de ‘Impuros‘, da Amazon Prime Vídeo, que deve estrear ano que vem, e também a série ‘Rio Connection’, que deve ser lançada esse ano ainda”, conta ele, que começou a carreira em 2008, no teatro, e logo depois estreou na TV, em ‘Malhação‘.

Desde 2020 sem contrato fixo com a Globo, o ator comenta sobre a nova fase. “Agora é viver o presente, tudo que acontece fora da emissora. Ao mesmo tempo que quase tudo que conquistei foi através da Globo, quando se está sob um contrato, você serve à casa, em um bom sentido. Fora de lá, o horizonte é mais amplo”, diz. “Se tiver a próxima temporada de ‘Impuros‘, quero estar dentro. Daqui para frente, desejo explorar outras barreiras linguísticas. Estão vendo que o Brasil é um grande produtor de conteúdo como um todo. Quero trabalhar muito neste mercado que se abre”.

REFLEXÕES DE TEMAS IMPORTANTES

Temas como relações familiares, política, idade, morte, luto, distanciamento e solidão estão presentes na relação mais próxima que Léo passa a ter com sua avó Vera. Na verdade, o jovem está vivendo um trauma e estar ali o ajuda a suportar esse momento difícil. “O Luiz faz uma homenagem às avós. E tem um público que vai pra ver o Luiz, e encontra um parente nesta avó que ele faz. É um espetáculo leve, profundo, emociona. Espero que as pessoas reconheçam os familiares ali. É o encontro do Luiz com o público, que estava com saudade dele”, diz Bruno.

“Os encontros que tenho através da minha carreira são muito importantes para a minha formação como cidadão. O Luiz é um coração gigante. Está sempre de bom humor, é doce. Geralmente achamos que os grandes nomes artísticos são inalcançáveis, mas ele não. Tem muita energia, contagia todo mundo. É incansável. É um aprendizado estar ao lado dele”.

A atriz Renata Ricci, Bruno Gissoni e Luiz Fernando Guimarães em cena (Foto: Caio Gallucci)

A atriz Renata Ricci, Bruno Gissoni e Luiz Fernando Guimarães em cena (Foto: Caio Gallucci)

Gissoni revela que as vivências no espetáculo têm trazido memórias afetivas preciosas à tona. “Tenho uma bisavó que foi muito importante para mim. Que reencontro no Luiz e no cenário, porque nele tem fotos dos nossos familiares. E tenho uma outra avó, Vera, nome do personagem do Luiz. Essas lembranças, representações, vem comigo para o palco. Uma avó tem o dom de expressar o amor em todos os sentidos. Minha avó expressava nas receitas, no cafuné, no eu te amo no pé do ouvido. Olho para trás, e penso que poderia ter aproveitado melhor com elas. Essa peça manda essa mensagem também: quem tem esses familiares por perto, aproveite”.

E divide: “Faço questão de deixar minhas filhas com as avós. É overdose de amor. Podem voltar um pouco mais mimadas e gordinhas, só (risos). Falo para as meninas: abracem, apertem ,beijem, aproveitem as avós. Mas elas ainda não entendem. A peça fala disso também, o jovem acha que tem a vida toda pela frente. E pode não ter, falamos de finitude em cena. Temos o agora, e hoje, por exemplo, meus sonhos são simples. Quero ser feliz trabalhando, dando uma vida digna para as minhas filhas. Na verdade, estar vivo neste país hoje já é um grande sonho realizado”.

Temos o agora, e hoje, por exemplo, meus sonhos são simples. "Quero ser feliz trabalhando, dando uma vida digna para as minhas filhas. Na verdade, estar vivo neste país hoje já é um grande sonho realizado" (Reprodução/ Instagram)

Temos o agora, e hoje, por exemplo, meus sonhos são simples. “Quero ser feliz trabalhando, dando uma vida digna para as minhas filhas” (Reprodução/ Instagram)