Bianca Rinaldi está com marido de Xuxa em peça, fala do doc. das Paquitas e revela assédio na época em que foi ginasta


Recém-saída de “A Infância de Romeu e Julieta”, a atriz faz par romântico com Junno Andrade no teatro e estará no doc sobre as Paquitas, no Globoplay. “Voltar a este momento da vida faz reviver uma situação difícil e tocar em assuntos que estavam ali adormecidos, e se assim está, é porque não foi legal”. Ela estreia também em dois filmes “A Minha Mãe Sandra” e “Dona Rosinha”, histórias sensíveis sobre depressão e abandono de idosos. A atriz revisita seu passado de ginasta e expressa uma visão contemporânea sobre as pressões enfrentadas na pré-adolescência por assédio moral que a fizeram abandonar os treinos

*por Vítor Antunes

Não faz muito tempo, Bianca Rinaldi concluiu mais um de seus projetos na TV, a novela “A Infância de Romeu e Julieta“, no SBT. Já colado ao término do folhetim infanto-juvenil, a atriz se lança em mais um desafio: estrear em dois filmes. “A Minha Mãe Sandra“, que fala sobre depressão familiar, e “Dona Rosinha“, que aborda o abandono de idosos. Trata-se do primeiro mergulho da atriz no cinema. Além disso, ela pode ser vista nas peças “Casa, Comida e Alma Lavada” – no qual faz par com Junno Andrade – e que estreia dia 14/09, no Teatro Fashion Mall, no Rio; além de “Minha Futura Ex“, com André Mattos. Nas montagens teatrais, o assunto é o casamento e sua durabilidade. Para Bianca, os desafios em se manter um casamento passam, sobretudo, “pelo ouvir, pelo dialogar. Se não há respeito consigo mesmo nem com o outro, nada vai para a frente, principalmente numa relação, já que estão todos na mesma casa, no mesmo espaço, no desejo do outro. É um grande exercício de generosidade”.

Além das montagens e do cinema, é aguardada também a participação de Bianca no documentário das Paquitas “Para Sempre Tão Bom“, do Globoplay. “Voltar a este momento da vida faz reviver uma situação difícil e tocar em assuntos que estavam ali adormecidos, e se assim está, é porque não foi legal. Mas eu acho que ele surge num momento muito propício, esse documentário, onde todo mundo está maduro, casado e com filhos, num momento de maturidade da vida, que possibilitou esse encontro ser muito agradável e acolhedor. Acho que esse é um momento onde se acolhem as lembranças de coisas boas. Foram ótimas as conversas, e pude perceber que, por mais que houvesse seguido a vida, há aquelas pessoas que se mantiveram as mesmas na essência, na intimidade. Acho que vai ser de grande importância para o público sim. Esse documentário é um carinho para o público e, para nós, é algo como concluir o que ficou para trás. Isso é muito legal”. O documentário será lançado no dia 16 de setembro.

Por ocasião das Olimpíadas, Bianca revisitou a sua trajetória como ginasta. Ela chegou a fazer ginástica olímpica até o início dos anos 1990 e depois migrou para a ginástica rítmica, quando então virou paquita. A atriz fala especialmente que um dos motivos que a fez deixar a ginástica foi o assédio moral provocado pelo seu então treinador, um argentino, que motivou também a saída de várias outras meninas do Clube Pinheiros à época. “Eu deixei por causa do meu professor da época. Ele tinha conosco uma relação abusiva emocionalmente e aquilo mexeu comigo e com todas as outras que também praticavam esportes. Ele era um professor argentino que chegou com pompa no clube. Numa ocasião, eu levei um tombo num dia de competição, e ele me colocou de castigo, tendo eu que ficar na base de um aparelho em vez de fazer os mais elevados. Me senti muito humilhada, sozinha ali, pressionada. Fui competir e ganhei, mas não quis permanecer no esporte. Fiquei um ano na ginástica rítmica e saí. Fui chamada para competir na Bulgária e a minha família foi mais cautelosa”.

Bianca deixou a ginástica por volta dos 14 anos e aos 15 entrou para o “Xou da Xuxa“. Sobre a ginástica, ela diz: “Mudou muita coisa. Antes era nota 10, o que hoje não é praticado. Hoje eu vejo o esporte através do lado emocional, admirando a Jade Barbosa, a Rebeca Andrade, a Flavia Saraiva… Todas são merecedoras e a ginástica é algo que mexe comigo, eu me sinto parte daquilo ali”.

Bianca Rinaldi praticava ginástica até cerca dos 14 anos (Foto: Reprodução)

 

CINEMA REAL

Um dos filmes que Bianca Rinaldi está fazendo aborda o abandono de idosos, algo que, ela ressalta, vem sendo cada vez mais frequente. Inclusive, o filme “Dona Rosinha” é baseado em fatos reais. “A personagem que Laura Cardoso vive no filme é baseada numa história real. A idosa foi deixada num ponto de ônibus e não foi resgatada até ser adotada por uma família”. O filme deve fazer o circuito dos festivais primeiro. A atriz ressalta que boa parte do elenco e da equipe técnica é feminina, o que também é algo que deve ser destacado.

Nas montagens teatrais, Bianca faz par com Junno Andrade, marido de Xuxa. Aponta que o encontro com Junno surgiu de uma vontade deles em trabalhar juntos e coincidiu com tantos eventos celebrativos nos quais a mulher dele está presente. “Nossa peça fala sobre um relacionamento que já dura 20 anos. A minha personagem é muito mais madura que a dele e os dois revivem a relação para dizer tudo o que não disseram. Relação é isso. É se falar tudo aquilo que não foi dito, é ter um diálogo aberto e se compreender que, se eles estão juntos há 20 anos, há de haver um motivo. Apesar das picuinhas do casal e do dia a dia, existe amor. As pessoas gostam, se identificam e riem muito. Foi o que percebemos já na primeira apresentação”.

Bianca Rinaldi vive um segundo semestre movimentado, estreando peças e filmes (Foto: Divulgação)

Bianca salienta que não há mais sobre a mulher a cobrança que havia no passado para que elas fossem as únicas responsáveis pela manutenção de um casamento ou pelo trato com os filhos. “Eu acho que isso é algo que vem se mudando, vem se falando bastante. Antigamente, a mulher era vista assim, como destinada a cuidar da casa, do filho, e isso foi perpetuando de geração para geração. Acho que as mulheres de hoje em dia são modernas e não compartilham dessa visão. Elas têm um amadurecimento, um entendimento sobre si e sobre limites que é ótimo”.

Às vésperas dos 50 anos, ela também requer um novo ponto de vista no que diz respeito à maturidade feminina. “Eu vou fazer 50 anos, me sinto ótima, acho até que esta é a melhor idade. Há um trabalho nosso em se reconhecer com a idade que tem, com a própria aparência, e correr atrás das personagens maravilhosas que são as mães, as avós, as tias, as empresárias. Eu não acho que é simples ou fácil envelhecer, não, mas a gente cresce lidando com a imagem, com essa estrutura que valoriza a beleza e a juventude”. Recentemente, a diferença de idade dela para o marido, que é de 20 anos, também gerou controvérsias nas redes sociais. “Eu dou risada hoje em dia de gente assim, pois ela não consegue enxergar a si ou além do amor, do companheirismo, da identificação, da cumplicidade, da parceria. Mas a Internet é assim, e eu já superei isso”.

Bianca Rinaldi é casada com Eduardo Menga (Foto: Reprodução/Instagram)

Neste ano, Bianca revelou uma nova faceta que é a de comunicadora do podcast “Pod, Não Pod e Depende“. “É um bate-papo. Os temas da entrevista em si, a gente tem, e os debates vão surgindo em cima deles e os convidados vão falando de suas experiências através desses temas e fica um papo gostoso, sem a formalidade da entrevista, e onde o convidado tem a liberdade de falar o que quer na forma que quer”.

Para encerrar, Bianca Rinaldi destaca que um sentimento que a toca é o amor. E que as pessoas precisam se reencontrar com isso. “Acho que as pessoas precisam resgatar o amor – tanto o próprio como o das relações. É algo que me move, que sempre me chama atenção. A minha chegada aos 50 revela o que eu quero, o que escolho, o que acho importante e acho que tudo o que é bom passa pelo amor”.