*Por Alexei Waichenberg
Numa resenha com um bom amigo ator, comentávamos o quanto o mundo caminha mal. E o quanto é preciso de cada um de nós para efetivamente não deixar que tome assento a raiva, o ego, a mais valia.
É preciso mais do que simplesmente gritar gratidão em uníssono nas redes sociais, cumprir protocolo e discursar sobre sororidade. Mais do que falar de empatia sem sequer conhecer os contornos do outro e tentar sentar na janelinha e charlar de que se coloca nesse ou naquele lugar.
Falta um discurso de amor que atinja a todos. Não um discurso de frases feitas, mas outro capaz de perdoar, perdoar com verdade. Claro que é triste flagrar o defeito do outro. Desolador e pior é testemunhar suas próprias falhas. Mas logo já vamos esquecer do sabor de nos depararmos com as nossas próprias virtudes e desistir antes de flertar com a admiração que já não sentimos pelo outro. Sinto falta da vontade de velar o sono do meu amado.
Cada ser humano tem no coldre as armas infalíveis para empunhar a perseverança de amar. Amar não é um processo qualquer de organização mental, mas a persistência do querer bem.
Falta elogio, falta o tempo do afeto, falta debruçar na própria vida. De boia e da borda não se pode enxergar o outro lado. Há que ser destemido para que não falhemos à missão de felicidade e possamos compreender a perfeição de sermos humanos e podermos falhar todos os dias, se a missão for partir para um abraço.
Não dá para querer empurrar o balanço quando ele vem para cima de você. Seja delicado, atento, cuidadoso. Surpreenda-se consigo mesmo. Você não é o público que vai aplaudir sua própria atuação. Olha para o lado. Tem sempre alguém precisando do seu aplauso. Evoé!
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