“Depois de estreia suspensa (atraso do pagamento dos funcionários públicos) o Municipal do Rio divulga novas datas!”, foi assim que Caetano Vilela anunciou, por meio de redes sociais, os novos horários da ópera “Orfeu e Eurídice”, com direção assinada por ele, no Theatro Municipal. Nós, de HT, claro, fomos atrás do ator, diretor e iluminador para saber melhor essa história. “Era para estrear hoje e, com o adiamento do pagamento pelo governo, passamos para quinta-feira da semana que vem, mas, agor,a está garantido, já está no site oficial do teatro. O governo prometeu depositar os salários de maio e os funcionários de coro, orquestra e balé voltam aos ensaios amanhã”, explicou ele, que ressaltou: “Não era greve, mas uma paralização temporária por conta da falta de pagamentos mesmo. A própria associação de artistas falou isso. Mas a produção, o cenário, o figurino, a luz… está tudo pronto. Nós fomos compreensivos em relação a isso, porque não atinge só o teatro, mas todo o estado. O administrativo do Municipal e os técnicos de palco mantiveram regime de trabalho escalonado, o que permitiu adiantar todo o resto. Foi legal da parte deles, justamente por que não tem a ver com boicote ou greve. Eles tiveram o cuidado de preservar a produção para que tudo já estivesse pronto quando os artistas voltassem”, disse.
Pois bem, ele, que já dirigiu óperas de renome como “The Fall of the House of Usher”, de Philip Glass, “Lady Macbeth do Distrito de Mtzensk”/Shostakovitch, “Ariadne auf Naxos”/Strauss, “Les Troyens”/Berlioz e a estréia mundial da ópera “Ça Ira”, do compositor e fundador do Pink Floyd, Roger Waters e, em 2010, foi o vencedor do prêmio Shell de Iluminação pela peça “Dueto para Um” e do troféu Carlos Gomes como iluminador de ópera, faz seu début como diretor de uma produção no Municipal. “É a minha primeira direção no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Fiz produções grandes no teatro, mas essa é a primeira vez que o público carioca vai me ver dirigindo uma ópera. Há 20 anos trabalho só com isso. No teatro, eu tinha a carreira vinculada ao Gerald Thomas. Tenho muito carinho pelo público carioca e a expectativa é de que tudo ocorra da melhor forma. Espero voltar depois em uma situação melhor para todos nós”, afirmou.
Com música de Christoph Gluck, o espetáculo “Orfeu e Eurídice” é dividido em três atos e apresenta a versão de Viena, de 1762. Gluck foi autor de dezenas de óperas e possui papel fundamental como reformador do gênero no século XVIII. “Orfeu e Eurídice” conta a famosa história da mitologia grega onde Orfeu, inconformado com a morte de sua esposa, vai até ao Reino da Morte para trazê-la de volta à vida. A versão do espetáculo do Theatro Municipal vai abordar a antiguidade clássica pelos olhos da contemporaneidade, a partir da proposta de encenação de Caetano. O papel de Orfeu será interpretado pela mezzo-soprano, Denise de Freitas e a soprano Lina Mendes, será Eurídice. No papel do Amor, a soprano Luisa Suarez. O espetáculo conta, ainda, com a participação de bailarinos do corpo de baile do Theatro Municipal do Rio, de alunos da escola estadual de dança Maria Olenewa e do coro e da orquestra sinfônica do Theatro Municipal do Rio.
“A ópera é linda, do período barroco. É a primeira ópera da produção do teatro, no meio do aniversário do Municipal, que completa 107 anos no dia 14 de julho. Abrimos as comemorações e juntamos, no palco, todos os corpos do Theatro, balé, solistas, música, dança, ópera. Eu estava apreensivo, achando que ia cancelar, ia ficar com dor no coração, porque a produção está pronta, seria desperdício de tudo, até de dinheiro”, afirmou ele, que fez questão de ressaltar que houve uma conversa com os artistas. “Depois das assembleias, eles sempre me avisavam o resultado. Eu monitorei tudo, fui informado por todos e conseguimos nos planejar”, explicou.
Agora, Caetano prepara-se para retomar os ensaios. “Amanhã começamos e serão três dias direto, com coro e orquestra. Vai ser a primeira vez deles no cenário e, por um lado, será bom porque antes iam para o palco com tudo inacabado e agora ensaiaremos com tudo pronto”, disse ele, comemorando: “Essa é a primeira produção de ópera do ano aqui no Rio. Tivemos ‘Dom Quixote’, mas veio de São Paulo”. Pois que seja sucesso puro!
Serviço:
Endereço: Praça Floriano, S/N – Centro, Rio de Janeiro – RJ
Datas: 07 de julho – 20hs / 09 de julho – 20hs / 10 de julho – 17hs / 12 de julho – 20 hs
Os ingressos vão de R$ 36 a R$ 600.
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